Capitulo Um

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Lembro daqueles dias que passava o tempo todo brincando na fazenda dos meus avós, sentava no balanço de pneu que meu vô fez para mim, segurando em minhas mãos um livro que minha vó me dava de presente todos os meses, adorava ler e ficava ali por horas devorando as páginas enquanto me balançava lentamente, olhando vez ou outra a floresta que cercava a fazenda. Escutava meus avós chamando para lanchar, aquele era meu momento preferido onde comíamos todos juntos na mesa da cozinha, eles eram bem idosos já com seus 60 anos, mas se adaptavam bem aos assuntos que era do meu agrado. Em certo dia, tomei a decisão de entrar na mata, no começo relutei contra mim mesma lembrando das proibições impostas pelos meus avós para não entrar no matagal, mas confesso que isso apenas me deixava mais curiosa, entrei mesmo assim e caminhei com dificuldade em meio as mordidas dos insetos, efetuando marcas sobre os troncos para não me perder. Estava encantada com toda a magia daquele lugar, mal poderia imaginar o que estava por vir. Após horas caminhando me deparo com uma trilha feita por outras pessoas, sem pensar duas vezes segui pelo caminho apreensiva, até que por fim encontrei uma cabana de madeira, com uma escada em sua lateral e musgos pelo telhado seguido de uma longa chaminé, caminhei até a porta de entrada e bati três vezes, sem respostas resolvi abrir o trinco, mas estava trancado, escutei uma voz rouca e calma perguntando quem era, ansiosa respondi com dificuldade "sou Alice estava explorando a floresta e-e me deparei com está casinha, fi-fiquei curiosa, me desculpe", um senhor abriu a porta e com um sorriso e de forma simpática respondeu estar tudo bem, que eu era uma linda menina e me convidou para entrar. Estava sem jeito de negar o convite e curiosa como de costume, entrei na residência notando ser uma casa bem pequena e aconchegante, uma cozinha americana, lareira com estantes de livros, banheiro e despensa que continha alimentos e medicações, não tive muito espaço para ver o restante da casa. Fomos para a cozinha onde ele me convidou para sentar e conversamos por um longo tempo, descobri que o velho se chamava José e que sua esposa e filhos morreram em um acidente de carro, desde então ele vivia sozinho isolado da civilização. Depois de muita prosa o senhor me ofereceu um pedaço do bolo que preparou enquanto conversamos, relutei no começo, lembrando dos meus avós dizendo para não aceitar nada de estranhos, mas no fim não suportei aquele cheiro delicioso que pairava o ar e acabei comendo. Comecei a ficar sonolenta, escutei de fundo José falando algo sobre banheiro, então vi ele caminhando até o toalete, olhei para pia e vi um frasco vazio de medicação, me sentindo tonta e enjoada acabei adormecendo na cadeira.

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