Capítulo II - Mudanças são necessárias

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Kagura desliga o celular e se levanta para pegar sua jaqueta, Hinata não entende muito bem então se levanta também.

- Kagura-chan, você quer que eu vá junto?? O que aconteceu com a sua mãe? - A garota, que estava imersa em seus pensamentos olha para Hinata e diz:
- Não, não é nada, você não pode vir por causa da Hanabi. Mas qualquer coisa eu te ligo. - Kagura se despede rapidamente.  O percurso de sua casa até a casa de Hinata dava cerca de 15 à 20 minutos a pé, mas com a velocidade da garota ela chegou em 10 na sua rua, mas assim que vê viaturas em frente à sua casa a garota para, tentando entender o que havia acontecido.
Chegando cada vez mais perto ela encontra a senhora Shiho, com quem ela havia falado mais cedo, quando a senhora percebe a garota ali parada em meio as viaturas ela vai até a menina.
- Kagura, querida. - A senhora à abraça e Kagura continua sem nenhuma reação.
- O-o que aconteceu? - Ela pergunta para a mulher que apenas à fita sem dizer nada. Quando a paciência faltou, Kagura se solta dos braços da mulher e se direciona para dentro de casa. Ao subir as escadas ela se depara com a cena, uma cena que ela nunca em seus 14 anos de vida queria ter visto, mas que ela estava presenciando naquele momento.
Naquele banheiro, naquele mesmo banheiro que ela tomava banho todos os dias, naquele mesmo banheiro que ela apenas pensava o que aquele dia traria para ela, era naquele banheiro onde ela esteve pela última vez naquela manhã de segunda-feira, era lá onde sua mãe, a mesma mulher que cuidou dela por toda sua vida estava lá, caída embaixo do chuveiro e com uma arma em suas mãos.
Suicídio? É, com certeza foi, mas Kagura não parecia assimilar a situação pois apenas olhava bem para a cena de sua mãe ali... “É ela mesmo?”, penava em seu subconsciente. Até que um policial chegou e tocou no ombro de Kagura, a tirando de seus devaneios.
- Sinto muito senhorita, mas vamos ter que te tirar daqui... - Ela o olha como se fosse uma criança e não estivesse entendendo aquilo. Mas obedece ao senhor e sai daquele lugar descendo as escadas e se sentando na mesa, onde tinha sido a última vez que tinha falado com sua mãe.
“Se ao menos eu soubesse...”

Após alguns minutos ali sentada, senhora Shiho se aproxima com uma carta na mão, se senta ao lado da menina e entrega-lhe a carta.
- Acharam isso no quarto dela, e é pra você... - Ela pega a carta e a observa por um instante, estava violada então chegou à conclusão de que já tinham lido esta carta antes, ao abri-la observa bem aquela letra.

“Sinto muito por isso, sei que pode parecer egoísta da minha parte ter ido e ter te  deixado aí sozinha. Mas entenda, você pode não perceber agora, mas isso foi realmente o melhor que eu poderia ter feito pra você. Sabe eu não soube lidar direito com a morte de seu pai e estava num poço sem fundo, e quando me dei conta estava te puxando também. Cheguei à conclusão de que seria melhor te deixar, antes que você ficasse igual a mim. Você não estará sozinha, tenho certeza que sua tia, que mora em Suna, te dará abrigo e cuidará muito melhor de você do que eu jamais cuidei. Eu te amo minha querida, e espero que em algum momento você possa me perdoar.
       
De: Uma péssima mãe
Para: Uma ótima filha.”

Naquele momento, após terminar de ler, ela larga a carta e põe-se a chorar.

- Bom... Já contatamos a sua tia e ela disse que não terá problemas em cuidar de você, mas terá que se mudar pra lá... - A senhora diz após algum tempo que Kagura chorava, onde a mesma já tinha se controlado um pouco e agora apenas ouvia o que a mais velha tinha a dizer – Compraremos sua passagem de ônibus, já que é meio longe, mas você pode ficar na minha casa se quiser. - Sra. Shiho termina e Kagura apenas acena com a cabeça.

[...]

Dias se passaram e Kagura estava se hospedando na casa de sua vizinha enquanto o dia de sua mudança não chegava. Naquela manhã havia sido o enterro de sua mãe, e a única que estava ao seu lado era Hinata, que mesmo não conversando muito com a garota naquele momento ela se sentiu mais confortável com a amiga a seu lado. Logo após chegar do enterro, Kagura agradeceu o almoço que a senhora havia feito para a mesma, mas ainda assim não quis almoçar. Passou o resto da tarde deitada no quarto de hóspede da senhora, que disse ela que era o quarto de sua filha antes de ir pra faculdade. Era engraçado pra Kagura que por mais tempo que ela passasse ali, deitada naquela cama, apenas uma coisa passava por sua cabeça: “E se eu não tivesse saído naquela noite? O que teria acontecido?”. Ela não chegava a uma resposta concreta, mas ainda sim adormeceu naquele fim de tarde pensando naquilo.
Quando acordou e pegou o celular percebeu que dormira demais e perdeu a hora do jantar, se levantou e percebeu que a senhora Shiho já havia dormido (sim, eram apenas 21 horas, mas ela realmente dorme um tanto cedo). Percebendo que seu sono havia ido embora e que o céu estava mais estrelado do que de costume, a garota decide ir passear.

Ela sai sem acordar a senhora, tinha planos de voltar sem que ela perceba. Com seu moletom e no bolso apenas as chaves, a garota começa a andar pela rua.

P O V.

A rua estava deserta, pela minha cabeça apenas se passavam situações que eu estaria nesse momento. Minha mãe não me deixava sair tarde com medo de sequestro ou assalto, mas o que mudaria agora? Se me sequestrassem, eu não teria para quem voltar, e se me assaltassem iriam levar o que sendo que não tenho nada, seria engraçado se quisessem tirar minha vida caso percebessem que eu estava vazia, afinal nem tem mais tanta importância assim.
Com estes mesmos pensamento percebi que já estava no meio da rodovia que em pouco tempo atravessei-a e cheguei perto de uma ponte. Já tive tantas boas lembranças daqui. Uma vez meu pai tentou me ensinar a andar de bicicleta atravessando essa ponte onde tinha um espaço para ciclistas. Me aproximei da beirada e fiquei olhando o imenso rio que havia ali embaixo, apenas lembrando de fases de minha vida que nunca mais irei reviver... Isso é meio desanimador, agora que não tenho mais ninguém.
Estava imersa nos meus pensamentos enquanto olhava pro rio lá embaixo, até que escuto uma voz...

POV END.

- Não faça isso! - Uma voz masculina gritava pra Kagura enquanto meio que estacionava a bicicleta. Após olhar para o dono daquela voz percebe que é Neji, a garota limpa suas lágrimas que nem percebera que haviam caído e olha para o garoto que se aproximava rapidamente e ofegante.
- Ham... Neji? O que está fazendo? - Ela pergunta meio confusa.
- O que eu estou fazendo? O que você está fazendo? - Sem deixar a garota responder, ele continua - Você ia se jogar? Porque ia fazer isso? - Ele pergunta preocupado.

- Ham... Eu não ia me jogar... Quer dizer, eu ainda não tinha certeza. - Ela sai da beirada da ponte e se aproxima um pouco mais do menino.
- E qual o motivo de você cogitar fazer algo desse tipo? - Neji pensa por uns instantes - Não vai me dizer que foi por aquele vídeo da Ino...
- É claro que não! - A garota responde com a voz levemente exaltada, para, fita o chão e responde com mais calma – Antes fosse...
O garoto sugere para que ambos saíam daquele lugar. Começam a andar em silêncio pela rodovia até que ela chega ao fim, e os dois se direcionam a um parque que havia ali perto. Sentando-se nuns banquinhos que haviam por ali.

- Eu pensei que o motivo pelo qual você estava faltando nos últimos dias era que estava envergonhada pelo vídeo, ou pela confusão que arrumou com a Karin... - Neji diz olhando o horizonte e sentindo a brisa fria que aquela noite exalava. Kagura então ri fraco, o que chama a atenção do garoto.
- Isso significa que a Hinata é boa em guardar informações. - Ela diz descontraída, mas Neji a olha confuso. - Na verdade, eu ando faltando por causa da minha mãe... Na verdade, ela cometeu suicídio há alguns dias e eu não estava com cabeça pra ir pra escola ou fazer qualquer outra coisa...
- Me desculpe a intromissão na sua vida, mas, é por isso que você estava ali pensando no mesmo que ela? - Kagura ri e pende a cabeça pra cima olhando para os bancos.
- Talvez... É que sei lá, a ideia de que meu pai e minha morreram de uma forma trágica, e que eu teria que recomeçar uma vida bem longe daqui... Vamos dizer que eu apenas cogitei que o meu destino fosse o mesmo dos meus pais... Porque até agora foi a única resposta que eu encontrei pro significado disso tudo pra minha vida. - Agora quem ri do discurso de Kagura é Neji.
- Destino, significado da sua vida? Você ainda tem 14 anos e eu 15, somos muito novos para entender nossos destinos e o significados das nossas vidas... Não estou dizendo que não doa, vai na minha eu entendo como é perder alguém em que você pensava que era pra vida inteira, mas, tentar fazer o mesmo que sua mãe vai significar que você está passando a dor que você está sentindo agora para alguém próximo de você, como por exemplo a Hinata. - Kagura olha para Neji assustada após o mesmo citar o nome de sua melhor amiga e prima dele – Como acha que a Hinata ficaria depois de saber que sua amiga desistiu? Ela teria o mesmo pensamento que o seu de “Seu eu tivesse feito isso” “Se eu tivesse feito aquilo”, além da dor de ter perdido sua melhor amiga. - Os dois ficam num silêncio breve.

- Talvez eu deva dar uma nova chance a vida não acha? - Neji assente com a cabeça - Eu estou pra me mudar pra bem longe daqui, e talvez, só talvez, eu possa tentar de novo... - Neji sorri fraco para a garota e se levanta do banco.
- Vamos, vou te deixar em casa.
Eles dois andam por alguns minutos até que a garota chega em frente à casa de sua vizinha, mas antes que se virasse para entrar a garota olha para Neji mais uma vez.

- Obrigada... Por salvar minha vida... Eu nem sei como te agradecer por isso. - Ela fita o chão levemente corada.
- Agradeça não tentando se matar de novo. - Ele sorri fraco e sobe em cima da bicicleta, se despedindo da garota e lhe desejando boa sorte para a nova chance a vida que a garota iria dar.










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