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Medo do desconhecido

      

         Uma luz entrou pela janela e pôs-se a incomodar os olhos castanhos escuros de Kurt. Esse estava fora de si, sentia como se estivesse flutuando levemente sobre as nuvens
—hey!– alguém gritou com ele o fazendo se remexer no chão ainda sem entender nada.
Para dizer a verdade só queria mesmo sair daquele lugar. Já era a décima sexta escola que tentava se encaixar, o terceiro estado diferente que Kurt e sua mãe haviam se mudado esse ano. Não entendia o porque de nunca conseguir se sentir bem em qualquer lugar

"Devo ser um alien" riu consigo mesmo
—É sério garoto! pare de rir, aqui não é lugar para maconheiros iguais você!
—Para onde devo ir então?– perguntou
—Detenção, agora!
—E que lugar seria esse?– se levantou e bateu suas mãos de leve em sua calça para a limpar da poeira que tinha no chão. A calmaria e o jeito que Kurt parecia não se importar com nada irritou o homem, que agora conseguia ler em seu crachá que se tratava de um inspetor. O homem de face irreconhecível segurou forte em seu braço e o puxou até uma certa classe comum, entretanto percebeu que já haviam três garotos ali, ignorou tal fato e sentou-se em qualquer carteira.
Pensou que tal inferno havia acabado porém quando um copo de água virou em si, ensopando seu rosto, percebeu havia apenas começado a droga que seria estar naquele colégio.
—pra que isso tio!– falou um pouco irritado com o inspetor
—para acordar, e me dê isso agora– apontou para o cigarro que estava apoiado em sua orelha
—ok, posso ir embora agora?– riu de leve
—fique quieto ou irei falar com seus responsáveis
—entendi.

Pensou que ali seria seu fim, seria expulso, sua mãe brigaria de novo com si, o clima entre os dois seria digno de gelado e novamente odiaria estar vivo.
—ei ei...– uma outra voz chamou sua atenção
—devo ficar quieto ou vou ser expulso
—calma, ele já se foi pela porta
—hm?!– olhou em diretão da lousa e procurou pelo inspetor com os olhos, o tempo que passou pensando foi tão comprido que já havia passado metade do tempo
—sim, estranho não?
—pois é, e quem é você?– virou-se para onde a voz vinha
—só mais uma pessoa igual a você, na detenção por motivos idiotas– disse o moço totalmente diferente de si, calçando um all star com salto, uma meia arrastão meio rasgada, saia curta o bastante, uma camisa preta e um chocker rosa
—definitivamente não somos iguais e não estou aqui pelo mesmo motivo que você– riu abafado
—de aparência não somos iguais, nem de estilo ou até motivos para estarmos aqui, mas olhe bem, nós dois estamos na mesma sala da mesma escola, de detenção
—sim, nisso somos iguais, mas é apenas isso, você provavelmente está aqui por usar uma saia tão curta ou talvez por usar roupas da área feminina– riu abafado novamente
—uau mas você é um gênio mesmo– o garoto debochou de Kurt
—estou aqui porque usei maconha no terraço, acho que minha cara já diz isso
—definitivamente sim, maconheiro– se aproximou e sentou ao lado
—onde estão os outros dois garotos que estavam aqui quando cheguei?
—Cameron e Dimitri?
—deve ser, não faço ideia dos nomes– deitou a cabeça de novo na mesa mas dessa vez olhando para o outro garoto
—é novo aqui?
—sim, sou Kurt, me mudei pra essa cidade ontem
—enfim, meu nome é Ruel, e aqueles dois garotos que citei o nome são meus melhores amigos, você acertou o motivo do porque vim parar aqui e eles foram por motivos parecidos
—vocês são algum tipo de meninas malvadas dessa escola ou algo assim?
—que isso, nada haver
—e você é super bonita só que burra do grupo?– Kurt estava literalmente de saco cheio, cansado de ouvir Ruel, parecia alguém cheio de si
—achei fofo me chamar de super bonita, mas burro definitivamente não foi– suspirou e encarou Kurt
—legal, que horas acaba a detenção?
—faltam dez minutos praticamente
—ok, tá bom então, acho que essa é a minha hora de ir embora– tossiu um pouco e se levantou indo em direção da janela
—hey hey! A gente tá no segundo andar
—tudo bem, vou ficar bem– a abriu preparando-se para pular e o outro garoto se aproximou preocupado.
Ele pulou rápido e deu de encontro com o chão, para conter o impacto rolou em vez de apenas se tacar e provavelmente quebrar algum osso.

—ELE O QUE!?– Dimitre, um dos amigos de Ruel, estava um tanto surpreso com que o havia sido dito
—sim, isso mesmo
—que cara mais fora da casinha– riu o russo indignado com a situação
—enfim, ele parece uma boa pessoa, e além do mais me chamou de "a burra mas bonita do grupo"– Ruel sorriu meio constrangido
—esta vermelhinho ein?
—nem vem com essa agora...– suspirou e virou a página de seu caderno
—fez a atividade de ontem?
—biologia, não é?
—tambem... mas estava pensando em geografia parte dois– Dimitre sorriu quase rindo —é realmente estranho Ruel Choi fazer só uma atividade do dia, foi o efeito paixão! Está avoado e não para de pensar no boy?
—tenho que te ignorar ou vai parar de ser incoveniente?
—apenas me retruque então, diga "não" com todas as palavras, ou não consegue?