Hug me for a while - Percabeth one-shot

Capítulo único

— Cala a boca, Cabeça de Alga — ela ordenou. — Só me abrace por um tempo.

Eles se sentaram juntos abraçados, aproveitando o calor um do outro, aproveitando o pequeno milagre que era estarem juntos depois de todo aquele tempo, no meio de tanta confusão. Sempre inquieto, Percy foi o primeiro a quebrar o silêncio, chamando o nome dela, mas quando aqueles olhos brilhantes e lindos o encararam... Ele teve medo de estragar o momento. Fizeram um acordo de não conversarem sobre nada ruim, mas a única coisa boa passando em sua mente era ela. Annabeth e seu sorriso e seus olhos e os planos que tinha ousado fazer, mesmo que ela não tivesse esperança.

Então Percy a beijou. E foi um beijo mais do que adequado. Como um daqueles de seus encontros apropriados do começo do namoro, em que ficava completamente abismado como um simples encontrar de lábios poderia fazer fogos de artifício do quatro de julho estourarem em seu sangue. Antes dela, não sabia como os toques suaves de suas mãos calejadas o poderiam fazer se sentir como se tivesse saído de uma briga com um filho de Zeus. Só que era bem mais gostoso.

E como era maravilhosamente estranho se sentir confortável com as mãos dela passeando na pele cheia de cicatrizes de seus braços, e passear com os lábios no pescoço dela, que sempre tinha cheiro de morango e limão. Ele não fazia ideia de como ela conseguia aquilo.

Tinham descoberto o conforto um no outro tão recentemente. Antes, um abraço dela o deixava nervoso e constrangido, com borboletas voando sem controle no estômago. Mas tiveram tempo juntos e levemente roubado antes do natal, antes de tudo desmoronar; o bastante para que o peito dela contra o dele naquele abraço fosse tudo o que precisassem para afastar um dia ou uma noite ruim. Para que Percy soubesse que ela ria com cócegas ao segurar em sua cintura antes de suspirar, a tempestade fechando em seus olhos.

— Eu senti sua falta, Cabeça de Algas. Todos os dias. Eu me recusava a me perguntar se algum dia eu sentiria seu abraço de novo. Me recusava a duvidar.. — ela sentiu a garganta fechando, e o polegar dele deslizando em seu pescoço. Um beijo para que aquele nó se desfizesse.

— Eu estou aqui, Sabidinha — dois beijos para lembrá-la de que não era um sonho. Para convencê-lo de que era real — E você não vai se livrar de mim tão fácil.

O terceiro beijo foi para apagar qualquer outro pensamento da mente de Annabeth. Pesadelos, profecias, moedas enigmáticas e mães mal humoradas. Era em parte por isso que ela tinha chamado o namorado ali: Percy sempre conseguia afastar as nuvens da mente dela, os pensamentos ruins que eram tão frequentes desde a infância, que tinham criado raízes. Ou era o que achava até conhecer aquele garoto emaranhado de olhos verdes cuja mente funcionava de uma forma tão alheia ao que ela conhecia... A filha de Atena gastava tanto tempo tentando entendê-lo, tentando encontrar sentido nas frases completamente inesperadas que surgiam na mente dele e pareciam não encontrar filtro no caminho até a boca, que mal se lembrava de se preocupar com professias e missões.

E a lembrança daquele estábulo... O momento que trazia em sua mente... A primeira vez em que ela deixou de se sentir sozinha. Que olhou para o garoto de olhos verdes e o enxergou completamente como um amigo. E aquilo parecia muito mais importante do que dois deuses destruindo o mundo por birra, porque tinha se sentido sozinha por muito tempo, mas não estava mais.

Antes de conhecer Percy, passava cada dia pensando em sobreviver ao dia seguinte, mal ousava imaginar sua vida além dos quinze ou dezesseis anos. Se treinava para sobreviver ou para morrer lutando, e não parecia algo ruim. Era muito melhor do que muitos deles tinham.

Mas Percy... Ele tinha aparecido de completo nada e a ensinou a viver. De repente, fazia planos, amigos, memórias que não construía há muito tempo. Crises de risadas em meio a uma missão que os levaria para a morte, uma dança desengonçada em um baile de escola, um beijo antes de tudo explodir, uma viagem a Paris bem no dia do encontro deles.