Park-Jung

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Nós nos conhecemos na areia quente do litoral durante um fim de tarde de verão. Eu estava concentrado no meu livro quando uma sombra tampou o sol alaranjado que me esquentava. Quando olhei para cima, vi sua postura relaxada, seu sorriso mínimo e seus fios que voavam com a brisa fresca.

Em suas mãos tinha um exemplar do mesmo livro que prendia minha atenção, e talvez fosse isso que me fez permitir que você se sentasse ao meu lado.

Nós conversamos sobre o livro, você perguntou minha opinião e eu falei sobre a profundidade das palavras que a autora reuniu ali. Você olhava dentro dos meus olhos com tanta intensidade, que eu me senti nu sob seu olhar.

Foi a primeira vez que seu olhar me causou arrepios.

Por algum motivo que eu não entendi naquele dia, dei o meu telefone para você quando nos despedimos, mas não peguei o seu. Talvez eu acreditasse que você nunca me ligaria ou mandaria mensagem, por isso não pensei duas vezes antes de ceder e te mostrar uma forma de conversar comigo.

Mas você mandou mensagem. Na mesma noite.

Eu já estava em casa e já me preparava para dormir, quando meu celular vibrou e uma notificação de um número estranho apareceu na tela. Sem esperanças de que fosse você, apenas excluí a notificação e me virei, adormecendo enquanto me lembrava da forma que você me ouvia falar.

Na outra manhã, vi sua mensagem e respondi.

Disse que já tinha pegado no sono na noite anterior, e não sei se você acreditou na minha desculpa. Funcionou e nós marcamos de nos encontrar na mesma praia, dessa vez para tomar um sorvete e conversar.

Muitos encontros aconteceram.

Você me levou para conhecer a cidade vizinha, mostrando os pontos turísticos históricos e tagarelando sobre como cada acontecimento do mundo estava interligado. Eu falei sobre minha curiosidade sem fim, e isso te deixou empolgado.

Nós nos beijamos pela primeira vez. E eu senti um mais arrepio percorrer meu corpo.

Nós fomos juntos em uma exposição de arte, fomos a vinícolas e tivemos jantares românticos, fomos acampar, fomos a parques de diversões que te deixavam eufórico e apavorado ao mesmo tempo.

Sem perceber, nós fomos nos apaixonando.

Nós fizemos amor sob as estrelas, deixando a brisa levar os sons que fazíamos e tendo a lua como testemunha quando você disse pela primeira vez que me amava.

Eu respondi sua declaração alguns dias depois enquanto tomava café da manhã acomodado em seu colo, admirando as linhas de seu corpo e a forma com que o sol iluminava o castanho do seu cabelo.

Nós nos formamos.

Você se tornou um auxiliar de enfermagem, realizando seu sonho, e eu me tornei um nutricionista.

Nós brincávamos falando que saúde jamais seria um problema dentro da nossa casa quando casássemos e você sempre fazia questão de frisar o quanto estava ansioso para me chamar de marido.

Nossas famílias se conheceram em um jantar desastroso, meus pais odiaram os seus e passaram um ano inteiro me alertando para não me envolver mais com você e não entrar para sua família.

Eu deveria ter escutado eles.

Nós nos casamos na praia, somente nós dois e poucos parentes selecionados a dedo. Não tinham mais do que vinte pessoas na nossa cerimônia. Seus pais pararam de falar com você depois que me conheceram, e meus pais optaram por não ir até nossa cerimônia por não querer compactuar com aquilo.

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