capítulo 2

291 15 23
                                    



Era por volta das três da tarde quando S/n decidiu voltar para casa. Após um passeio pelas movimentadas ruas de Tóquio, ela estava ansiosa para um momento de tranquilidade. Ao chegar em casa, encontrou algumas frutas na cozinha e decidiu fazer um lanche rápido antes de tomar um banho.

Após o banho, ao sair do banheiro, notou uma caixa em cima de sua cama. Curiosa, decidiu abri-la. Dentro, encontrou um porta-retratos contendo uma foto dela com seus amigos da oitava série.

"Oh, que saudade que estou de vocês, principalmente de você, senhor Oliver", murmurou S/n enquanto olhava para a foto.

Sua atenção foi então atraída para outra coisa na caixa: um ursinho de pelúcia que seu melhor amigo, Oliver, havia dado a ela anos atrás.

"Você era doido, Oliver. Mesmo sabendo que eu estava com catapora e não poderia receber visitas, você entrou pela janela e me deu o Senhor Lindinho, dizendo que toda vez que eu me sentisse sozinha era só olhar para ele e lembrar de você", recordou-se S/n, segurando o ursinho com carinho.

De repente, ela foi surpreendida pela voz da mãe, que a observava na porta do quarto.

"Está falando sozinha?", perguntou a mãe, com uma expressão de surpresa.

S/n, assustada, colocou a mão sobre o peito e respondeu: "Ah, meu Deus, mãe, desculpe, eu só estava me lembrando de algumas coisas enquanto arrumava essa caixa."

"Ah, tudo bem. O jantar está pronto, aliás", disse a mãe, fechando a porta do quarto.

Jantares em sua casa sempre foram uma experiência estranha para S/n. O silêncio pairava sobre a mesa, interrompido apenas pelos sons das mastigadas e ocasionalmente por uma conversa sobre trabalho. Celulares não eram permitidos à mesa, como se fosse uma regra sagrada.

Enquanto observava seus pais, S/n não conseguia deixar de sentir uma pontada de tristeza. Eles pareciam tão cansados, tão desanimados. Era como se tivessem desistido de encontrar a felicidade. Ela não estava julgando eles, só não achava justo eles a arrastarem para essa vida triste e sombria.

Às vezes, ela sentia como se seus pais só se importassem com ela quando cometia um erro; nos outros dias, era como se fosse invisível em casa, como se eles simplesmente optassem por ignorar sua existência.

Sempre se perguntava se eles estavam insatisfeitos com suas vidas. Eles raramente expressavam suas emoções, o que tornava difícil entender o que realmente estava acontecendo em suas mentes.

"Onde está indo?", perguntou o pai, quando S/n se levantou da mesa.

"Para o meu quarto", respondeu ela, sem olhar para ele.

"Mas você não acabou de comer", insistiu o pai, em um tom autoritário.

"Não estou com fome", retrucou S/n, evitando confronto.

"Você sabe quantas pessoas estariam implorando por esse prato de comida?", continuou o pai, elevando um pouco a voz.

"Eu sei, pai, mas eu não..."

"Não me importo com o que pensa. Sente-se nessa cadeira e termine de comer", ordenou o pai, antes de sair da mesa.

S/n suspirou, sentindo-se frustrada com a falta de compreensão de seus pais. Ela não queria brigar, mas também não queria ser forçada a fazer algo que não queria.

Eles eram tão ignorantes.

Deitada em sua cama, S/n deixou as lágrimas rolarem livremente. Por baixo de sua fachada de força, ela era apenas uma garota que buscava aprovação e amor dos pais. A mudança a deixou ainda mais insegura, e tudo o que ela queria era um pouco de conforto e apoio, coisa que seus pais nunca conseguiam lhe dar.

"Sinto sua falta, Oliver", murmurou ela, abraçando o ursinho com força.

As horas passaram enquanto ela chorava até finalmente adormecer, exausta emocionalmente. Quando acordou com o som irritante de seu alarme, S/n se sentiu ainda mais cansada do que antes.

"Sério eu odeio isso", diz a garota se referindo ao som de seus alarme.

Depois de se arrumar rapidamente, ela vestiu o uniforme escolar, composto por uma blusa branca e uma saia cinza. Apesar de clichê, ela admitiu que o uniforme era bonito.

"PUTA MERDA JÁ SÃO SETE HORAS!", exclamou ela, correndo pelas escadas e quase tropeçando.

Ela pegou uma maçã e saiu apressada em direção à escola. No caminho, esbarrou em alguém e caiu no chão.

"Você de novo?", brincou o estranho, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar.

"Já estou começando a pensar que você está me seguindo, gatinha", disse ele, sorrindo.

"Ou talvez seja você que está esbarrando em mim, de novo", respondeu S/n, um pouco arrogante.

Ele riu, e S/n correu para a escola, deixando-o para trás.

Enquanto caminhava pelos corredores da escola, S/n sentia um misto de emoções. Ela estava nervosa com o primeiro dia de aula em uma nova escola. Talvez, em meio a todas as mudanças, ela pudesse encontrar um pouco de felicidade e aceitação.

A aluna nova ( Ray X S/n )Onde histórias criam vida. Descubra agora