Corda Bamba

Capítulo 2 - Festa no balcão

Entrei no carro sentindo meu coração bater tão rápido que parecia que iria sair pela boca. Apertei o volante em minhas mãos com força e respirei fundo. Eu não estava entendendo todo aquele meu nervosismo. Mas a forma como ele me olhou, aqueles olhos escuros me olharam como se estivesse me despindo inteira... Bom, eu devo estar delirando. É, isso Olivia, você esta delirando... Será que eu iria vê-lo novamente?

- Querida você esta bem? - Minha avó me olhou preocupada enquanto me ajudava a pegar as caixas no meu porta malas - Está tão corada.

- Eu estou bem, vó - Disse sem jeito. - Deve ser o tempo.

Ela me olhou confusa mas deu de ombros e andou até a entrada de sua casa e eu a segui.

- Bom, vou te fazer um chá. - Ela disse passando pela porta.

- Não precisa se incomodar, vó - Falei - Já vai passar.

- De qualquer forma eu irei fazer. - Ela sorriu.

Deixamos as caixas em cima da mesa e ela logo foi encher a chaleira com água. Eu sentei na mesa e esfreguei minha bochechas.

- Seu avô vai adorar a surpresa. - Ela disse - Obrigada por trazer o aparelho de som e todas essas fitas.

- Imagina vó. Eu dei sorte em encontrar essas coisas, pensei que já nem existiam mais - Falei - A garota do bazar falou que essas coisas eram dos tios dela.

- Bom, eu só sei que seu avó vai amar. - Ela sorriu.

Eu sorri de volta e então fiquei em silencio. Voltei a pensar naquele homem, ele era tão bonito... Eu nunca havia falado com alguém tão bonito. Isso é estranho. Gostaria de saber seu nome, e se ele morava ali e se eu poderia vê-lo novamente. Senti minhas bochechas corarem de novo. Afundei meu rosto em minhas mãos dando um longo suspiro.

Meu celular começou a vibrar em cima da mesa, e na tela logo apareceu o contato de Serena.

~ E ai gata, onde você ta?

~ Oii, eu tive que passar aqui na minha avó para trazer umas coisas.

~ Legal. Você volta hoje?

~ Eu não vou demorar muito, por que?

~ Então, vai rolar uma festa lá no centro em um balcão. O Alex sempre frequenta lá e ele disse que sempre são as melhores festas. E eu quero muito que você vá comigo. - Ela disse num tom de voz animado.

~ Ah, eu não sei Serena... ~ Olhei rapidamente para a minha avó que estava prestando atenção. ~ Eu vou pensar.

~ Diz que vai, por favooor - Ela pediu - Sem você as coisas não são a mesma coisa.

~ Quando eu chegar aí a gente conversa ~ Minha avó me olhou e eu desviei o olhar.

~ Então tá, já sei que vai - ela riu - Beijoo.

E então ela desligou.

- Era a Serena querendo te levar pra essas festas erradas de novo,  não era?

- Vó! - Eu me levantei - Não tem nada de errado.

- Eu não gosto dessas coisas, Olívia. - Ela pegou duas xícaras e logo depois colou o chá - Você não é menina de andar nesses tipos de lugares.

Eu preferi não argumentar. Minha avó sempre dizia a mesma coisas toda vez que ela sabia que eu iria sair.

Depois de tomar o chá com minha avó eu voltei para o prédio e quando cheguei já me deparei com a sala bagunçada com as coisas de Serena.

- Amiga! - Ela veio até mim e me arrastou pelo braço para o meu quarto. - Hoje a noite precisa ser muito boa. Eu preciso me divertir.

- O Caio ainda não deu noticias? - Eu perguntei enquanto sentava no pufe.

- Não me fala o nome daquele cretino. - Ela colocou o travesseiro no rosto e chacoalhou a cabeça. - Essa noite eu quero esquecer dele pra sempre, e você vai me ajudar né?!

- Bom, então eu acho bom a gente começar a se arrumar, porque já está ficando tarde. - Disse me levantando e ela logo em seguida saltou animada.

Demoramos umas duas horas até ficarmos prontas. Serena colocou um vestido vermelho curtissímo e um scarpin preto. Ela prendeu seus longos cabelos loiros num coque meio bagunçado. E eu decidi ir de calça jeans preta, um cropped preto e uma t-shirt preta tule. Deixei meus cabelos castanhos soltos mesmo e coloquei uma maquiagem leve. E decidi usar um saltinho.

Quando chegamos lá, me deparei com centenas de pessoas e o som bem alto, o lugar estava cheio. Eu estranhei um pouco o local, era um balcão no meio do nada. Mas a Serena havia dito que o Alex vivia aqui né, então isso me deixava um pouco mais tranquila.

Assim que descemos do carro atraímos alguns olhares e Serena adorava. Já eu não me sentia muito bem, sempre ficava envergonhada.

Serena pegou no meu braço e me puxou para dentro do balcão. Passávamos espremidas por todas aquelas pessoas, eu me perguntava se ela sabia para onde estava indo. Quando enfim paramos notei que estávamos na parte das bebidas. Ela pediu duas doses de tequila para o garçom e depois se virou para mim super animada.

- Isso aqui está um máximo, amiga! - Ela riu.

- Está bem cheio né - Eu disse me encolhendo um pouco.

- Você precisa de uma coisinha para se divertir. - Ela pegou as bebida e entregou um copinho pra mim.

- Isso é mesmo uma boa ideia? - Eu olhei para ela.

- Menina, toma logo isso. - Ela disse rindo e empurrando meu braço.

Ela virou primeiro e eu já estava pressentindo que logo logo as coisas iriam sair do meu controle. Virei o copo de uma só vez e senti o liquido queimar na minha garganta.

- Vamos dançaaar - Ela me puxou pelo braço mais um vez.

Paramos no meio das pessoas e começamos a dançar. Não passou muito tempo para que Serena pegasse outra dose de tequila para nós duas, e depois mais uma vez, e mais uma até que eu já não estava mais contando.

O álcool já havia tomado conta de mim e eu só queria dançar e fazer minha amiga se divertir. Eu já não estava mais com vergonha das pessoas, já não sentia mais nada. Eu e Serena nos olhávamos e riamos como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. Aquilo era muito bom. Até que alguém se esbarrou em mim com força me fazendo cair do outro lado. Mas antes que eu caísse no chão meu rosto bateu no peito de alguém sem camisa e o mesmo me segurou pelos braços. Eu olhei meio zonza para cima e então vi quem eu menos esperava ver. O cara do elevador. Ele me encarava serio e eu inclinei a cabeça.

- Eu to sonhando? - Falei sem querer em voz alta.

" Ai droga".