Eu sabia que estava pronto. Eu me preparei longo três anos para aquele momento. Eu estudei aquela empresa como um verdadeiro stalker profissional. Eu poderia dar uma aula de como aquela empresa nasceu, em como ela se transformou em um sólido empreendimento no ramo da construção civil, em como os dois amigos, um engenheiro, o outro empreiteiro, acreditaram no sonho de serem uma construtora de sucesso e atingiram o objetivo com êxito, eu sabia sobre o passado de cada CEO, de como eram talentosos, habilidosos e inteligentes.. Eu sabia que era uma chance de ouro para um estudante de administração iniciar a carreira aprendendo com qualquer um dos grandes nomes naquele andar.
Mas honestamente, eu não estava aqui por essa empresa.
Eu não estava aqui para aprender com qualquer CEO.
Eu estava aqui por ela.
Eloá Pereira Fontes carregava em seu sangue e sobrenome, dois grandes nomes em administração de empresas.
Miguel Fontes saiu do fiasco que foi a Fontes, a falida empresa do seu pai, para se tornar um dos maiores magnatas no ramo hoteleiro junto ao amigo e fundador Steve Reed. Os dois fizeram história ao serem os primeiros a condenarem o pagamento desigual entre homens e mulheres que exerciam o mesmo cargo, desde o começo a rede de hostels e fez questão de equalizar as oportunidades entre os mesmos sexos. Ele era sagaz, implacável e muito audacioso.
Thalia Pereira era uma lenda. Abriu portas para muitas mulheres negras ocuparem espaços de poder. Não seguiu os passos do seu marido, o que para ela seria muito mais cômodo, ela com certeza faria os hostels terem o mesmo ou até maior sucesso no ramo hoteleiro, ela tinha o toque de midas para os negócios.
Mas Thalia fez além, calou a boca dos que tentaram vê-la como aproveitadora ou falsa militante, aproveitando-se das facilidades de estar ao lado do marido. Thalia levou para o estrelato a marca de cosméticos totalmente voltados para o cabelo cacheado e crespo, fez questão de exaltar a beleza negra nos comerciais, 85% dos cargos de na empresa eram ocupados por pessoas negras, não só tenho os cargos de menor hierarquia, os de liderança eram essencialmente ocupados por negros . E não satisfeita, publicou inúmeros artigos acadêmicos sobre o assunto. Eu guardava cada um com zelo em meu pequeno acervo, tive a honra de vê-la ao vivo e a cores em uma palestra na Universidade falando sobre seu artigo que denunciava o racismo estrutural na oportunidade de emprego. Thalia era humana, corajosa e extremamente talentosa.
Eloá era tudo o que eu sonhava em ser. Esperta, perspicaz, poderosa. Ela era a dama de ferro, a única CEO mulher da DMZ e mostrou-se incrivelmente talentosa. Assim como a mãe, escolheu não seguir os passos da carreira corporativa no mesmo local, que os seus pais. Porém ela não começou de baixo, como os pais que permaneceram na mesma empresa até que florescesse, ela era incrível demais para iniciar assim. Ela começou por cima. Estava na DMZ há 5 anos após uma briga de cachorro grande e um contrato milionário que a tirou da Parks&Huntigton, uma multinacional. Eu idolatrava aquela mulher, admirava seu poder e sabia que seria escolhido por ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Miss Independent (SPIN OFF DA TRILOGIA PERDOAR)
RomanceEu juro que achava que tinha tudo. O trabalho perfeito, o noivo perfeito, a família perfeita, a vida perfeita. Até Eduardo Camões cruzar no meu caminho e revirar tudo.