1. Freedom

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Me sinto nervosa, não sei ao certo o que pensar no momento. Minhas mãos soam frio e eu posso sentir o volante deslizar entre elas. "Acho que já estou longe de casa o suficiente" penso comigo mesma, já estava há pouco mais de meia hora dentro daquele carro. Olho para placa a alguns metros em minha frente e percebo que estou em Pompano Beach.

Ótimo. Uma cidade onde ninguém me conhece e eu não conheço ninguém.

Estaciono o carro na primeira vaga disponível que vejo na minha frente. Eu não conheço nada aqui, mas assim que desço avisto um bar na esquina bastante movimentado. "Freedom" está escrito na placa brilhante logo acima da porta. Pois será esse mesmo, não tenho paciência de ficar andando de um lado para o outro procurando um lugar melhor. Ajeito minha bolsa no ombro e ando com confiança até a porta de entrada. O lugar está cheio, mas consigo encontrar uma lugar vazio no balcão. Uma bartender loura, de olhos azuis se aproxima de mim com um sorriso no rosto.

— Deseja beber algo? — pergunta a mulher cujo o nome na plaquinha era Paige.

— Um gin com maracujá, por favor. — peço.

Ela concorda com a cabeça e se vira procurando a garrafa. Olho para o lado e me sinto mais nervosa ainda. As pessoas naquele bar pareciam descoladas demais. Eu pareço um peixe fora da água em um lugar totalmente estranho, mas eu preciso ficar o mais longe de Miami possível.

Onde eu estava com a cabeça quando fui aceitar esse maldito trato?

Noah e eu somos casados há sete anos. Faz mais ou menos um ano que as coisas começaram a ficar ruim. Não nos tocávamos mais com tanta frequência e eu podia dizer que sentia mais prazer assistindo uma telenovela do que estando com ele — que por sinal, hoje perdi um capitulo.

Merda!

Tudo começou a ficar na rotina e já não havia como esconder, quanto mais se negava mais as coisas entre a gente piorava. Conversamos até mesmo sobre divorcio algumas vezes, mas aceitar isso sem ao menor tentar salvar nosso casamento antes, não estava nos meus planos. Noah então propôs que uma vez no mês nós tivéssemos um tipo de "vale night". Poderíamos fazer o que quiséssemos, ficar com quem quiséssemos e focássemos apenas nas nossas vontades e nossos fetiches, que já achávamos ultrapassados demais para usar um com o outro. Nunca pensei em mim como uma mulher muito sexual, o básico já estava ótimo, o bom e velho sexo não me deixa ficar entediada, por que as pessoas estão sempre tentando inovar?

Apesar de não aceitar a ideia de primeira, depois de alguns dias realmente pensei que isso poderia salvar nosso casamento e eu estava disposta a tentar. Nosso único trato era não fazer sexo sem camisinha. Não quero nem imaginar o que Noah pretende fazer com seu vale Night, mas também não quero que me traga nenhuma doença.

Essa noite chegou e cá estou eu sentada em um bar desconhecido em uma cidade desconhecida, onde Izabel Prescott não existia mais — pelo menos não por essa noite. Me olho no reflexo do espelho do bar e me sinto ridícula. Talvez eu tivesse exagerado um pouco no batom vermelho, talvez essa blusa branca de cetim seja formal demais para um bar como esse. Repenso algumas vezes se devo me levantar e só ir embora.

Não, Não... Izabel, você não dirigiu por meia hora para ir embora assim. Você consegue, é só paquerar alguém... Meu Deus, deve fazer mais ou menos uns dez anos que eu não paquero ninguém. Isso é uma péssima ideia. Eu iria só conversar com alguém, isso, esse é o plano para essa noite. Um passo de cada vez.

— Aqui está. — diz Paige me entregando o copo de gin.

— Obrigada. — agradeço.

Olho para os lados mais algumas vezes enquanto sinto o gosto do álcool descer pela minha garganta. Me sinto enferrujada, como uma idosa no meio de tantas pessoas jovens e descoladas. Não consigo me lembrar qual foi a ultima vez que pisei em um bar sozinha, sempre foi eu e ele. Olho para minha mão e tiro a aliança do dedo. Minha cabeça automaticamente vai para Noah.

Apenas uma noite | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora