─── ALEKSANDRINA MIKHAILOVA teve a sua vida destruída pela sala vermelha e tudo que ela protegia.
Quando era muito pequena, a garota foi vendida pela mãe para Dreykov, como uma forma de pagar uma antiga dívida da família e desde então sua vida viro...
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───── Kiev, Ucrânia setembro de 2000
Era uma noite fria de inverno na principal cidade da Ucrânia, talvez um dos dias mais frios nos últimos anos e para a vida da pequena Aleksandrina ficaria muito pior. No meio da noite ela e sua mãe ouviram batidas na porta, o que assustou a garotinha, principalmente pelo fato de seu bairro não ser o mais pacífico.
──── Senhorita Yelizaveta Bonklova? ──── Perguntou um homem de meia idade com o uniforme da policia militar russa.
──── Sim? Aconteceu alguma coisa? ──── Falou a mais velha já receosa com o tom de voz do policial parado em sua porta, principalmente por que sabia que seu marido estava de patrulha pela guarda militar em São Petersburgo.
Aleksandrina ao ouvir as vozes que ecoavam em seu pequeno apartamento decidiu sair de seu quarto para verificar o que estava acontecendo, chegado justamente na hora que sua mãe desabou no chão de tanto chorar. A garotinha preocupada saiu correndo em direção de Yelizaveta que ficava empurrando a mesma para longe sempre que Aleksia se aproximava.
──── Mamãe? ──── Chamava a garotinha de cabelos castanhos cada vez mais preocupada.
──── Vá para o quarto Aleksandrina.
Ao tentar se aproximar novamente de sua mãe, a mesma não percebeu a força com que Yelizaveta a empurrou, fazendo com que a mesma caísse no chão. Notando o que fez logo a mulher se aproximou da menina com os olhos preocupados e notando as lagrimas começarem a se formar nos olhos azuis de Aleksia.
──── Прости меня, дочь ──── Disse a mesma abraçando Aleksandrina e fazendo carinho no cabelo da mesma.
(me perdoe, filha)
A garotinha apenas acenou com a cabeça percebendo que a mãe estava muito estressada e ela não queria arranjar mais problemas para a família. Desde muito cedo a garota notou um comportamento estranho da mãe, pequenos surtos de raiva, constante mudança de humor e a única coisa que ajudava era seu pai que sempre a acalmava, não importasse a situação que estava acontecendo.
──── A mamãe recebeu uma noticia muito triste, o papai não vai poder voltar para casa nem tão cedo, ele acabou fazendo uma viagem para muito longe, um lugar onde nem eu e nem você conseguimos ir, você entende isso? ──── Disse Yelizaveta apertando a mão da filha em uma forma de consolo enquanto sentia lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
──── Para onde ele foi mamãe? Por que não vamos mais vê-lo?
──── Ele foi morar com os anjos, sabe aqueles que sempre contamos nas suas histórias? E apenas pessoas muito especiais podem ir para lá.
Nessa noite fatídica da vida da jovem Mikhailova, seu pai tinha falecido em uma missão contra uma máfia que ameaçava o bem estar do presidente do país e sem o apoio financeiro de seu falecido pai as coisas iriam ficar muito mais difíceis.
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────── Três meses depois.
Yelizaveta não sabia mais o que fazer, ela já vendeu a maioria de suas coisas de valor e de sua filha, a mesma estava quase perdendo o contrato de aluguel por dívidas não pagas nos últimos meses, ela não tinha mais tempo para nada, sempre procurando algum trabalho ou alguma forma de ganhar dinheiro para comprar alimentos para ela e Aleksandrina. Um certo dia ela levou a mais nova para o parque municipal como uma forma de distrair a garota enquanto se encontrava com um homem já nos seus quarenta anos muito bem arrumado para uma conversa desesperada.
──── O senhor disse que pode me ajudar, o que quis dizer com isso? ──── Perguntou a mais velha já desesperada o suficiente para fazer praticamente qualquer coisa.
──── Eu tenho a quantia que precisa para levar a vida que desejar durante os próximos dez anos se necessário, porém tem uma pequena condição. Preciso que faça algo por mim para ficarmos quites. ──── Falou o mais velho olhando em direção a pequena garotinha recebendo o vento no rosto enquanto se balançava para frente e para trás
──── O que quer, senhor Dreykov?
──── Em troca de toda a ajuda financeira que posso lhe oferecer, quero a guarda de sua filha, eu tenho um futuro muito melhor para ela do que a senhora poderia dar.
Yelizaveta se assustou com a proposta do homem e quando olhou para os lados, viu homens de mais ou menos dois metros de altura com armas em escondidas em seus bolsos, como se fossem os seguranças do homem a sua frente. O desespero começou a crescer e seus nervos começaram a se aflorar, a mulher estava a ponto de ter um surto quando escutou a voz de Aleksandrina se aproximar.
──── Quem é esse mamãe? ──── Falou a garotinha oferecendo um sorriso para o desconhecido, sem nem ideia do caos que ele traria para a sua vida.
──── É apenas um amigo, querida, vá voltar a brincar.
Enquanto via a menina voltando para o balanço velho do parque, a mesma começou a considerar suas opções, o que aconteceria com as duas se não aceitasse a proposta do General? Ela sabia que não poderia contar com a ajuda de outras pessoas. Valia a pena ficar com a garota mesmo sabendo que no fim as duas iriam acabar sem casa e sem dinheiro para emergências e comida?
A Bonklova virou o rosto para o homem a sua frente e apenas concordou com a cabeça, tirando um sorriso do rosto do mesmo enquanto sentia seu coração quebrar mais uma vez em menos de um ano, mas ela tinha certeza que o futuro que ele oferecesse seria melhor do que qualquer um que a mesma poderia oferecer. Enquanto assinava um cheque de 50,000 rublos russos e passava em direção a mesma, Yelizaveta deu uma última olhada para a sua filha e foi embora sem olhar para trás.
Dreykov olhava para Aleksandrina de longe quando percebeu que a garotinha olhava para os lados a procura de sua mãe e decidiu que iria se aproximar da mesma para poder finalmente acabar com todo o drama emocional que teria que lidar mais tarde.
──── Você viu a minha mãe? ──── Perguntou a menina de cabelos castanhos começando a se desesperar.
──── A sua mãe teve que ir embora mais cedo e pediu para cuidar de você, mas não se preocupe Aleksandrina, você está em ótimas mãos.
A Mikhailova olhou para o homem confusa mas decidiu acreditar no mesmo, afinal ela sabia que alguma hora sua mãe teria que voltar para lhe buscar, certo?
