Após noites dirigindo o mais longe possível de Budapeste, as três mulheres pararam em um lugar que parecia ser um posto de gasolina meio deserto para comprar gaze e álcool para desinfetar o machucado de Yelena.
Enquanto as duas iam para a lojinha, Aleksandrina encontrou um box de telefone funcionando e apertou uma sequência de números muito familiar e quando atenderam, a morena sentiu que seu coração ia despencar.
──── Anya? Filha? ──── Perguntou a mesma ansiosa para escutar a voz da criança.
──── Aleksa? É você mesmo? ──── Atendeu Hope Bianchi, a madrinha de Anya e que estava tomando conta da ruivinha enquanto Alex encontrava suas amigas de infância.
De longe a Mikhailova ouviu a voz de sua filha e o som dela correndo em direção ao telefone. Um sorriso escapou de seus lábios e seus olhos se fecharam instantaneamente.
──── Моє кохання! Que saudades filha! Como você está? ──── Perguntou a mais velha enquanto sentia a animação na voz da pequena Anya que não fazia ideia do que estava realmente acontecendo. (Meu amor)*
──── Quando você vai voltar dos Estados Unidos mamãe? Tia Hope disse que a senhora vai trazer um chaveiro do Mickey Mouse para mim!
O coração de Aleksandrina doía tanto por ter que esconder a verdade da menina, mas sabia que mesmo quando ela crescesse, esse nunca seria um assunto que as duas poderiam discutir, afinal tudo que a morena estava fazendo era por ela, para que seu futuro fosse muito diferente do que a da mais velha.
Ela olhou para trás e viu Natasha fazendo um curativo no braço de Yelena e sabia que não poderia ficar muito tempo no telefone.
──── Melhor ainda, vou levar um chaveiro da sua vingadora favorita! ──── Disse a Anya enquanto olhava com um sorriso no rosto para a Romanoff. ──── Passe para a Hope por favor e não se esqueça que meu amor por você vale mais do que todas as pedras preciosas no universo.
Assim que a italiana atendeu, Aleksa contou tudo que estava acontecendo e que descobriu. A Bianchi entendeu o que isso significava, ela não poderia voltar nem tão cedo e só de fazer aquela ligação ela já estava colocando as duas em perigo.
──── Hope, avise a MI6 que houve problemas em Budapeste e que se eles puderem eu gostaria de receber as minhas armas especiais. Eu preciso ir. ──── A morena apenas escutou o som de concordância da mulher no outro lado da linha.
Ao voltar para a mesa, ela notou que a tensão mais cedo estava se dissipando e decidiu aproveitar o momento de tranquilidade já que não sabia quando ou se teria outro momento assim novamente na vida. Ela puxou uma cadeira e colocou ao lado da Romanoff e deu um leve tapinha no curativo da Belova como uma forma de brincadeira.
Nat entregou uma cerveja para Aleksa dando uma piscadinha, afinal todas ali mereciam parar um pouquinho, mas voltar a conviver com a ruiva fez com que algo mudasse na morena novamente, como se aquele paixão de infância estivesse voltando.
──── Vocês queriam ter filhos algum dia? ──── Perguntou a loira, logo percebendo a forma nada sutil que a vingadora tentava esconder sua dor.
──── Eu tenho uma filha. Adotada claro. ──── Falou a morena sorrindo como uma mamãe urso orgulhosa.
──── Eu teria um cachorro! Já sei até o nome, mas nunca conseguiria me imaginar sendo mãe. ──── Disse Yelena sorrindo e tomando um gole da sua bebida.
Aleksa pegou a garrafa de Nat e bebeu um pouco da cerveja e sorriu de lado para a ruiva.
──── Sabe, a Anya é sua fã, eu tenho certeza que ela adoraria te conhecer.
──── Se sairmos dessa missão vivas, a primeira coisa que vou fazer é visitá-la.
──── Mesmo nos encontrando nessa situação, eu ainda sentia muita falta de vocês. ──── Disse Yelena, surpreendendo a todos na mesa. ──── Eu sabia que um dia você iria perdoar a Nat.──── Continuou sem saber que ela acabou de contar o pior segredo de sua irmã de coração.
Aleksandrina olhou com desconfiança para Natasha, as duas sempre foram muito próximas durante a Sala Vermelha, mais do que a ucraniana era com Yelena, porém alguns meses antes da morena e ruiva finalmente saírem do lugar, a mesma se afastou e após a saída de Nat, a morte de sua irmã Antônia destruiu o coração da mesma, sendo o principal incentivo para conseguir fugir já que ela tinha prometido a si mesma que aguentaria todo aquele peso desde Antônia não precisasse passar por aquilo.
──── Chto vy sdelali, Natalia? ──── Perguntou Aleksandrina começando a ligar os pontos. ──── Chto... Vy... Sdelali...?
(o que você fez Natalia? O... que... você... fez?)
As duas sempre foram muito próximas e Aleksa conseguia entender Natasha por pequenos detalhes, como olhares ou até um simples colocar uma mecha de cabelo para trás. O momento que antes era terno ficou tenso em questão de minutos.
──── Eu fiz o necessário para ir embora! ──── Respondeu Natasha evitando o olhar de Aleksandrina. ──── Você não pode dizer nada, você foi embora e nem se despediu.
──── Minha irmã estava morta Natasha! Eu fugi porque Dreykov iria fazer da minha vida um inferno. Já você... matou uma criança!
──── Não era para ter sido assim, eu sinto muito, todos os dias eu tento mudar o meu passado! Isso não é o suficiente? ──── Disse Nat em um tom um pouco mais alto chamando a atenção dos outros para o trio de espiãs.
──── Fomos criadas como assassinas, você já fez coisas que se arrependeu, todos nós fizemos! ──── Falou Yelena enquanto terminava a garrafa.
──── Eu entendo que você queira melhorar, assim como todos nós aqui, mas não pode fingir que eu não tenho o direito de me sentir traída! ──── Respondeu Aleksandrina enxugando uma lágrima.
──── Claro que você tem esse direito, mas eu achei que estava fazendo um bem maior, uma pessoa por todas nós. Pense em Anya, ela nunca teria te conhecido se as coisas fossem diferentes.
──── Eu superei meu luto, ela era importante para mim, mas todas vocês eram. Eu não quero falar sobre isso, todas erramos na vida.
──── Concluiu a morena se levantando enquanto as duas irmãs falavam sobre onde estava a chave do carro que elas iriam furtar.Aleksa não se sentia na posição de julgar Natasha por ir embora, nem pela sua mancha vermelha, afinal ser uma viúva negra é ter essa mancha marcada em si, ela só sentiu como se merecesse a verdade, mas a Romanoff tinha um ponto, sem o que aconteceu no passado ela não estaria livre, não teria encontrado Anya e não estaria trabalhando para a MI6. Ao invés de focar no lado ruim, ela tentou focar no agora, afinal, se não tivessem sucesso na missão, Dreykov teria ganhado e todo sacrifício teria sido em vão.
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A LITTLE DEATH ( black widow )
Fanfiction─── ALEKSANDRINA MIKHAILOVA teve a sua vida destruída pela sala vermelha e tudo que ela protegia. Quando era muito pequena, a garota foi vendida pela mãe para Dreykov, como uma forma de pagar uma antiga dívida da família e desde então sua vida viro...