capítulo I - único

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Já fazia um ano desde a morte de Semi, mas ainda assim era difícil de aceitar isso.
Shirabu ainda esperava o acinzentado bater à porta enquanto gritava para que ele baixasse o som da televisão durante a madrugada, ou ver as cartas da luz ou água deslizarem por baixo da sua porta por terem confundido novamente as caixas do correio.
Era impossível aquele acidente ter acontecido com alguém que ele conhecia, aqueles acidentes só acontecem com pessoas desconhecidas não é? Bem, aparentemente não é bem assim, mas ainda custava a aceitar.
Aquele acidente fatal entre a colisão de dois carros havia sido terrível. Duas famílias e outras três pessoas haviam morrido e entre eles estava aquele vizinho irritante de Shirabu.
Desde então, o acastanhado se havia isolado. Passava a maior parte dos seus dias sentado no sofá, o chão estava repleto de potes de comida instantânea e a escuridão reinava por toda a casa.
Mas já faz um ano... E já fazia um ano que ele esperava por alguém que não estava mais vivo.
O garoto de pele pálida e olheiras escuras decidiu então abrir as janelas e uma explosão de luz entrou pela casa. O vento gélido lhe causava arrepios pelo corpo e os sons, dos quais já não se lembrava mais, lhe inundaram a mente.
Os seus olhos brilhavam e algumas lágrimas transparentes corriam pelo seu rosto. Ele se sentia em um mundo completamente diferente.
O vento abanava o seu cabelo de tamanho irregular e longo por conta de não ser cortado à vários meses.
Olhou para baixo e tinha a certeza que havia visto Semi lhe acenando. Sentia o seu corpo mais leve e sentia como se as suas roupas se transformassem em duas grandes asas brancas.
A sua queda teria sido breve, mas enquanto caia parecia que o tempo estava congelado e que Semi estava voando ao seu lado. Finalmente aquele seu vizinho irritante estava junto dele e desta vez era para toda a eternidade.

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