capítulo seis.

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  O príncipe exibia a coroa dourada em seus cabelos loiros com orgulho, o nariz empinado em forma de superioridade, embora estivesse totalmente entediado com aquela situação. Ocupava o trono direito, ao lado do seu pai, enquanto o mais novo mago do castelo fazia profecias sobre uma possível peste que iria atingir o reino em breve. Havia algo em Miguel o mago que atraia a atenção do príncipe Felipe segundo de Orléans Bragança  de Marisol de forma que ele não conseguia explicar. Fazia dois meses da presença daquele ser curioso no castelo, e Felipe não conseguia evitar sentir seu estomago revirar cada vez que adentrava em um cômodo onde o outro estava. Apesar de ser algo escondido do povo, o rei sempre manteve por perto magos e profetas, desejando conhecer o futuro antes que tivesse a chance de vive-lo. Normalmente, Felipe não acreditava em tal crença, mas evita falar aquilo em voz alta para se poupar dos sermões paternais que recebia com uma frequência indesejada. Quando enfim a reunião se encerrou, o rei foi o primeiro a se retirar, alegando outro compromisso, um que o herdeiro sabia do que se tratava, mulheres com quem o rei se deitava com a mesma frequência em que roubava do povo.

- Vossa alteza não parou de me olhar por um segundo.

  O mago comentou com um sorriso descarado nos lábios no segundo em que ficaram sozinhos na imensa sala do castelo, fazendo o jovem Bragança se remexer de forma desconfortável no trono.

- Nunca ouviu dizer que as mais belas coisas devem ser admiradas?

Retrucou o príncipe, tentando ignorar a tonalidade avermelhada que suas bochechas claras ganharam com tal comentário. Ele era um príncipe, era um homem, aquilo era tão errado quanto Portugal roubando todo outro, e ele possuía consciência disso, mas ainda sim era viciante. Talvez tenha sido assim que Eva se sentiu ao morder o fruto proibido a primeira vez, viciada e em capaz de parar. Ao menos era assim que Felipe se sentia desde que deu o primeiro beijo no mais velho, incapaz de resistir ao doce sabor do pecado.

- Falou sério? Sobre a praga.

Questiono o futuro rei, saindo de seu trono para se aproximar do mago, aproveitando do fato de estarem sozinhos para tocar o rosto de seu amado com delicadeza, o olhar carregado de preocupação ao imaginar seu povo sofrendo com uma doença tão grave quanto havia sido descrita.

- Infelizmente sim, meu amor. – respondeu Miguel, sua voz não carregava sequer um pingo de preocupação. – Mas eu garanto a você que estará seguro.

- Não estou preocupado comigo, e sim com o povo, com o que o meu pai fara de eles não conseguirem pagar os impostos.

- Por Deus, você será o melhor rei que o mundo já viu.

- Não seja tolo, Miguel. Eu me deito com homens da mesma forma que uma mulher, eu seria queimado na fogueira pelo meu próprio povo.

Respondeu com amargura, se afastando do toque de seu amante que só agora ele havia percebido, tinha envolvido sua cintura com um dos braços de forma protetora. O barulho de passos se aproximando foi o suficiente para que o príncipe voltasse a erguer seu olhar, pisando em passos firmes enquanto saía daquela sala estupidamente grande, em sequer perceber o olhar fixo do filho de lucífer em sua bunda.

   Lucas acordou em um pulo no momento em que seu eu do sonho alcanço o corredor do imenso castelo, o cheiro de maconha invadindo suas narinas quando o mesmo lançou um olhar curioso na direção que vinha o cheiro, encontrando Vitor apenas de calça de moletom, fumando o cigarro em tragadas profundas.

- Quer?

Ofereceu esticando o cigarro na direção do mais novo que apenas negou, se encostando na cabeceira da cama ao se sentar. Ao menos uma vez na semana dormiam um na casa do outro, dessa vez a residência Albuquerque havia sido escolhida.

- Tive um daqueles sonhos estranhos, mas dessa vez era como se eu fosse o príncipe, sabe? Ao invés de acompanhar a situação de fora.

Começou a explicação um pouco atordoado, a falta de iluminação deixava claro que o dia ainda estava longe de amanhecer.

- E conseguiu ver quem era o amante misterioso?

O garoto com cigarros questionou de forma curiosa. Desde a infância Lucas possuía esses sonhos, sempre em um passado distante, mas era raro quando ele se via como o príncipe e não telespectador distante.

- Era o Miguel, acredita? Eu devo estar ficando louco. Você fuma tanta maconha perto de mim que meu cérebro agora está funcionando pela metade, a culpa é sua.

- Meu amor, se o seu cérebro estivesse funcionando pela metade, seria culpa das vezes em que você fumou, não vem colocar a culpa na minha inocente fumaça não. E outra, não acha nenhum pouco estranho você ver o Miguel?

-Em um sonho? É natural.

Rebateu antes mesmo que o amigo iniciasse suas teorias loucas sobre vidas passadas, destinos e amores eternos. Se levantou da cama indo em direção ao banheiro que ficava no quarto, trancando a porta e indo ate a pia, lavando seu rosto com a água gelada, aqueles sonhos sempre pareciam reais demais, fazendo Lucas acordar com as emoções que o príncipe sentia no decorrer, no momento, ele se encontrava melancólico e com uma sensação estranha no peito, era como se estivesse com saudades de Miguel.

   Um arrepio percorreu seu corpo, a sensação de estar endo vigiado o paralisou por alguns segundos, seu coração se agitando em resposta ao medo que estava sentindo. Quando ergueu o olhar, um grito involuntário escapou de seus lábios, enquanto pelo reflexo do espelho ele observou um vulto desaparecer. Vitor bateu na porta de forma constante segundos depois do grupo, sendo o suficiente para fazer Rodrigues abrir a porta com as mãos tremendos pela sensação ruim em seu peito. Se lembrou das palavras da cigana sobre ser amaldiçoado e se obrigou a empurrar essa memoria novamente para o fundo de sua mente.

Os dois melhores amigos se encontravam abraçados, o cigarro com a erva apagado e esquecido em algum lugar do quarto enquanto o mais velho tentava entender o que havia causado aquela reação assustada do mais novo.

-Eu tive a sensação de ter visto algo, deve ter sido o sono.

Tentou convencer mais a sí mesmo do que ao outro ao dizer tais palavras, se afastando do abraço e ignorando o olhar desconfiado do Albuquerque.

- Acho que eu vou ter que voltar a contar histórias para você dormir.
Ao dizer isso, o proprietário da casa se referia a uma época distante onde a única forma de fazer Lucas dormir sem chorar de saudade pelo pai era contando histórias de princesa. O que deveria ser apenas um comentário nostálgico, acabou causando um sorriso esperançoso e cheio de expectativas no universitário, fazendo o amigo revirar os olhos e ceder ao que sequer precisava ser falado. Muitas coisas não necessitavam de comunicação verbal entre ambos.

- Qual história você quer?

- A bela e a fera.

Respondeu Lucas sem excitar, caminhando ambos juntos em direção a cama para encerrarem a noite da forma mais infantil e agradável de todas, com uma boa historia de dormir.

Oi, meus amores!perdão pela demora, eu juro que se não desistirem de mim, eu também não desisto! Aos leitores novos, espero de verdade que estejam gostando! E caso tenha alguém dos primeiros lendo depois de toda a minha demora, obrigada pela paciência!
O que acharam do Príncipe Felipe? Querem vê mais dele por  aqui? E aviso, a história não segue uma linha história compatível com a verdadeira, então momes, príncipes e doenças não existentes podem aparecer, e caso alguma seja verdadeira, não significa que se passe na época de tal coisa.
  Beijinhos.

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