Dois

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—Não! —Juliette disse pegando a loira pelo pulso. Sarah parou quase que automaticamente, como se uma cor rente de energia tivesse passado de Juliette para Sarah. Era estranho, intenso, confuso.

—Tudo bem, eu ajudo. —Continuou Juliette quebrando o contato que havia criado com a loira.

Sarah quase que em automático soltou um sorriso vitorioso. Aquele não era o olhar que Juliette havia conhecido. Era frio, maldoso... Ou talvez fosse apenas coisa de sua cabeça.

—Certo, podemos jantar na minha casa hoje eu eu bem... Te conto toda situação, ao menos o que você não sabe. —Sarah disse colocando sua bolsa sobre a articulação de seu braço.

—Hoje eu não posso, tenho um compromisso.

—Claro, sempre sem tempo pra mim. Os anos passaram e nada mudou. —Disse Sarah ameaçando sair novamente.
—Espera! —Gritou Juliette, fazendo a outra parar. —Acho que consigo. Às 19? —Continuou.

—Às 19 srta Freire. Tenha um bom dia! —Disse Sarah com um sorriso de canto saindo logo em seguida.

Que Sarah era aquela? Era o que Juliette pensava. Sarah não parecia indefesa como as outras vítimas de uma situação como aquela. Ela era fria, astuta, observadora, perspicaz. Valia a pena entrar nesse caso só pra entender onde estava aquela Sarah doce que Juliette conheceu anos atrás.

Sarah saiu do imenso prédio e retornou para sua casa, onde tirou os coturnos brancos e os jogou de lado ao lado da porta, recebendo uma bola de pelo branca correndo em sua direção. Sarah se abaixou e pegou Ralph em seu colo. O pequeno não pensava em outra coisa a não ser comer o mega hair da loira.

—Ei seu monstrinho, já disse que isso foi caro! —Dizia Sarah tentando desgrudar Ralph de seus cabelos, mas não obteve sucesso.

Depois de algum tempo com Ralph brincando em seu colo no sofá, a loira pegou seu celular que estava ao lado e decidiu dar uma olhada no Twitter. Era incrível como o cenário se dividia entre fãs que diziam coisas lindas para Sarah, e fãs de seu ex que lhe acusaram de uma farsa. A cada palavra que lia, Sarah sentia ainda mais ódio e nojo do homem. Aqueles comentários não afetavam ela, mas faziam com que ela o praguejasse a todo instante. Que direito ele tinha de colocá-la naquela situação? Se ele não tivesse feito aquilo, nada daquilo estaria acontecendo. Sarah agora além de inconsequente, grossa, insensível, ainda era taxada de interesseira e biscoiteira. Fazia muito tempo desde que a loira havia interagindo com as pessoas que a acompanhavam, então decidiu fazer isso. Talvez a fizesse bem, talvez assim ela se lembrasse que ainda sim era amada, que ainda existiam pessoas por quem valia a pena continuar ali.



O dia já estava quase anoitecendo, portanto Sarah precisava se arrumar para o jantar com Juliette. Ela decidiu que pediria algo de um restaurante para elas comerem, afinal, o objetivo do jantar não era bem jantar.
Sarah tomou um banho e vestiu um vestido verde soltinho e logo em seguida pediu a comida que não demorou muito para chegar. Alguns minutos depois, a campainha tocou, denunciando quem provavelmente havia chegado ali. Sarah abriu a porta e por algum momento sentiu seu corpo todo tremer em um calafrio. Será que ela estava com febre? A loira ficou tão inerte em seus pensamentos que paralisou completamente em frente a porta.

—Será que eu posso entrar ou a gente vai jantar aqui na tua porta?—Juliette disse percebendo o olhar hipnotizado de Sarah sobre si.

—Ahn, claro, desculpa... Eu ando meio... Meio avoada sabe —Riu sem graça tentando disfarçar a situação.

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