Capítulo 6

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Capítulo 6

No pátio da escola, avistei Mirta em pé, plantada como uma árvore, me aguardando para entramos na sala de aula, eu fui afoita ao seu encontro na expectativa de contar-lhe a minha fascinante descoberta.

-Eu sei o nome dele. - Eu disse me aproximando.

-Ele te falou? - Ela deduziu.

-Eu vi na sua carteira estudantil.

-Como conseguiu ver?

-Ele a perdeu na biblioteca ontem.

-E você achou?

-Sim.

-Como ele se chama? -Mirta gesticulou ansiosa.

-Eros. - Eu pronunciei com maciez o seu nome.

-Nossa, é um nome forte! - Ela disse encantada.

O avistei no corredor, solitário como sempre. Algumas garotas o olhavam, descaradamente, contudo ele não dava à mínima para os olhares alheios. Apertei os meus passos para encontrá-lo a tempo, antes que a distância impedisse a minha aproximação.

-Eros!

Gritei receosa, essa foi era a primeira vez que eu chamei-o pelo seu próprio nome.

Ele interrompeu suas passadas ao ouvir a minha voz, em um tom medroso e lançou um olhar curioso em cima da minha mão segurando a sua carteira de estudante.

Pareceu-me que ele já sabia que ela estava comigo.

Contudo, ele não fitou meu rosto em momento algum.

-Você deixou cair na biblioteca. - Eu disse devolvendo-lhe a sua identificação.

-Como você sabe que isso pertence a mim? - Ele perguntou olhando para ela.

-Você foi o único que estava lá ontem.

-Agora nós estamos quites, eu achei o seu broche e você achou a minha carteira. - Ele disse exultante.

Concordei com um sorriso acanhado.

-Você sabe o meu nome e eu não sei o seu... - Ele comentou enquanto guardava a sua carteira no bolso esquerdo de sua calça escura. O jeans escuro caía tão perfeito em seu corpo.

- VALQUÍRIA.

Eu pronunciei meu nome tão rápido que mal pude ouvir o meu próprio nome.

- Valquíria... É um belo nome! - Ele confessou longínquo.

-Obrigada! -Fiquei vermelha com o seu elogio e ao mesmo tempo feliz, a minha alegria parecia fogos de artifício no céu.

- Você estuda aqui faz muito tempo?

- Na verdade, tem quatro dias. Eu não morava aqui.

- Eu também. Hoje é o meu terceiro dia aqui. Eu vim de outra cidade. - Os seus olhos encontraram os meus dedos desinquietos.

-Acho que somos um pouco parecidos... Quero dizer, no modo de vida. - Eu logo aprecei em corrigir o que eu havia dito com receio dele não gostar da comparação entre nós.

Afinal, eu me sentia uma idiota todas as vezes que eu estava perto dele.

-É. - Concordou. - Seremos bons amigos... Isso se você quiser a minha amizade, é claro. - O seu olhar penetrante inspecionou o meu frágil rosto por alguns instantes.

-Quero sim. - Não hesitei em responder.

-Então..., até amanhã. - Se despediu com um educado sorriso.

O meu olhar frisou o formato de seus dentes brancos.

-Thiau... - Não consegui tirar os meus olhos de cima dele, enquanto ele estava indo embora. Uma força incitava para que eu ficasse ali, o admirando por trás.

Com a ausência de Eros, eu fui correndo contar tudo para a minha única amiga Mirta. Eu estava estourando de felicidade com a nova amizade proposta pelo rapaz de roupas escuras.

Quando eu terminei de contar a ela a toda nossa conversa, Mirta teve uma precipitada e absurda conclusão.

-Está apaixonada por ele? - Perguntou sem rodeios.

-Apaixonada?... Eu nem o conheço direito? - Os meus olhos buscaram outra direção.

-Você não para de falar sobre ele e para se apaixonar não é preciso conhecer bem. Você pode ter se apaixonado desde a primeira vez que você o viu. - Ela deduziu novamente.

-Que mente criadora você tem! - Eu não quis acreditar nas besteiras que ela disse.

-Eu me apaixonei pelo Christian assim. Desde a primeira vez que o vi no pátio da escola.

-Christian? - Eu perguntei franzindo a minha testa, por não sabendo sobre quem ela se referia em nossa conversa.

-Christian é do terceiro ano, ele é considerado o rapaz mais bonito e cobiçado da escola.

Ela fez questão de ressaltar a sua fama, massageando o seu próprio ego.

-Ele sabe que você gosta dele?

-Acho que não... Eu nunca tive coragem de me aproximar dele, ele vive cercado de garotas e...

-E...?

Senti um bloqueio na minha amiga, ao falar desse rapaz.

-Eu não teria nenhuma chance...

-Como não? Você é linda... É inteligente...

-A concorrência é cerrada.

A sua voz soou com fracasso.

Acompanhei Mirta até a quadra de esporte. Os alunos do terceiro ano treinavam basquete para um campeonato regional. Vários estudantes estavam ao redor da quadra olhando o treino. Mirta não estava ali para ver o jogo e sim quem estava jogando. Ela fez questão de mostrar para mim quem era o Christian, o rapaz que ela gostava.

Ele realmente era muito bonito, alto, físico atlético, cabelos finos na cor mel, os seus olhos eram castanhos claros.

Todavia junto com a sua beleza ele carregava uma arrogância enojada.

Ele era um rapaz pretensioso e mimado, sentindo-se o dono do pedaço. Até mesmo do jogo. Ele era o melhor jogador em quadra, marcou várias cestas e era contagiado pela torcida que gritava o seu nome o tempo todo.

-Ele é demais! - Mirta disse empolgada com o show.

Continuei observando o jogo em silêncio e carrancuda, esbanjando a minha aversão pelo rapaz.

Pelo pouco que eu entendia de basquete, aquilo não era uma bela jogada e sim alguém em quadra quem desejava aparecer mais do que os outros jogadores.


Valquíria - A princesa vampira ( DEGUSTAÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora