Não costumo poluir o texto com avisos, mas antes de mais nada, tenham uma ótima leitura! Peço desculpas pela ausência. Um xêro!❤
Eu não dormira bem, a propósito, não dormi. Passei horas a fio maquinando um plano que empedisse o governador de mandar meu irmão para um outro hospital pisciquiátrico, afinal, será por meio de minhas mãos que ele saberá o que é o real sofrimento.
São 5 da manhã e Gwen desperta num verdadeiro susto, o que também me deixara assustada.-Mildred!-seu semblante assustado indica um pesadelo.
-Se acalme Gwen, você está segura. Está tudo bem meu amor. Você está comigo. Está muito cedo mas temos que sair daqui meia hora antes que o movimento do hotel comece.-
-Você vai para o hospital agora, tão cedo? Nem mesmo o sol se abriu. Tem medo do que podem dizer?.-ela me questionara, vestindo suas roupas.-
-Duas mulheres em um quarto, passam uma ideia errada, mas não é com isso que me importo. Me importo com o fato de você ser a mulher do Governador. Te conhecem, sabem quem é você.-
-Entendo. Como se você também não fosse mulher de uma figura pública.-
-Não sou mulher de homem nenhum Gwendoly, meu casamento não passa de uma enorme farsa, embora eu o ame, e ele também, começamos nosso relacionamento por motivos que não cabem nessa conversa, levaria tempo para explicar.-
- Você e teus segredos. Tão sobre si, dona de si. Você se engana facilmente.
-O que você quer dizer com isso?.-questiono, encurralando ela na penteadeira, com um leve tom de arrogância na voz.
-Mildred...-Ela respirara fundo.-Você se faz de durona, se cobre com uma couraça, e isso eu pude perceber desde o café de ontem mais cedo quando lhe fiz a pergunta.-
-Sobre eu gostar de mulheres? Tranzar com você não me torna fraca. Onde você quer chegar com isso?.-
-Mildred, você está contrariando o que eu estou dizendo.
-Você acha que o que fizemos aqui nesse quarto, nessa cama, é sinal de fraqueza, que eu estou me enganando? Gwendoly, quem está se enganando é você.-
-Não. Nada haver com isso, o que fizemos aqui foi...-
-Revelador! Revelador pra você? Se descobriu lésbica por que tranzou comigo?.- a interrompera, agora tomada de um certo desconforto.
-Mildred. Não é nada disso!-
-Eu vou te levar para casa. Ouvir você insinuando que sou fraca por fazer amor, amor com você é a gota d'água. Por favor, pegue suas coisas-
-Mas Mildred!.- interrompera a minha passagem pela porta.-Escute você, agora. Você só sabe falar! Não quis dizer isso.-
-Não temos tempo para suas explicações sobre o que ouviu ou não. Já está amanhecendo, vou te levar até em casa.-Pego as chaves do carro com brutalidade das mãos dela.
Já no carro, um silêncio estarrecedor se instalara entre nós duas. O sol ainda não havera nascido e a neblina tomara conta da estrada, e minha mente estava como o caminho naquele início de manhã, como eu pude ir tão longe com a mulher do homem que está diretamente envolvido com a sentença de meu irmão? De todos os problemas que eu pudesse adquir nesse espaço, o de me envolver com alguém tão publicamente exposto era o único que eu não deveria ter cometido. Não, nossa noite não fora um erro, nem mesmo nossos encontros pela manhã, a culpa é minha por sentir o que nunca havia sentido, amor. Eu estou amando uma mulher casada, em meio a uma crise em meu casamento, estou a apenas 2 dias longe de meu marido e nesse tempo, tranzei e me apaixonei pela mulher do Governador. Como lidar com isso? Sei lidar com corpos gelados os colocando em fornalhas para incinera-los e reduzir à cinzas, mas com o amor, com algo tão desconhecido, tão intenso, súbto como a própria morte ou como a própria vida, vem do nada e se desintegra no mesmo.
-Suponho que devo pedir desculpas pelas palavras erradas. Você não é meu surto de meia idade, onde eu me descobri alguma coisa. Eu sempre gostei da companhia de mulheres e você não foi minha primeira.
-Pedido de desculpas aceito. Mas por que eu estou me enganando Gwendoly? Você é o que eu posso chamar de diversão? Ou é isso que você pensa de mim?.
-Você se engana quando fala de seu casamento, por menor que seja as insinuações sobre sua relação matrimonial, você se engana, se coloca nesse pose de resistente, e me referi a quando lhe perguntei sobre beijar mulheres lá no café, você simplesmente desconversou e logo mandou um "Quer me beijar?" Tão juvenil. Me senti insegura ali, com um certo medo de estar sendo só um teste para você descobrir sua sexualidade.-
-Eu entendo que tenho investido em você desde o início, e não tiro os olhos de você desde a primeira vez naquela sala de reuniões e logo após meto um pé na jaca, brincando com o assunto. Mas não significa que eu esteja me enganando. O que fizemos é bem revelador e indica claramente o que quero.-
-E o que você quer?.-ela me perguntara quando desligara o carro, quadras antes de sua casa.
-Que você desça do carro antes que alguém nos veja Gwen. Até breve.-eu sorrira de canto, dando tchau com a mão.
-Fugindo das perguntas. Isso, isso é fraqueza Mildred.-ela batera a porta e dera de costas.
Oa flahsbacks da noite anterior ainda se faziam coloridos em minha mente, devaneios frescos como pêssegos colhidos logo cedo para o café, pegando a estrada à caminho do hospital, lembro de cada detalhe, de cada beijo e deixo com que aqueles pensamentos habitem em mim por alguns momentos.
Eu não pudera encontrar alguém tão indesejado naquela manhã como o Governador, em vista de que a horas atrás eu estava a fazer amor loucamente com a mulher dele em um quarto de hotel qualquer. Os olhos dele me acompanham e ele estava certo mesmo em dizer que a mulher tinha uma bela bunda, eu a apertara com muito gosto na noite anterior, só me senti desconfortável com o fato dele estar observando a minha. A Enfermeira chefe havia convocado todas enfermeiras do hospital para uma reunião extraordinária, onde o assunto maior se tratara da mudança de cargos, a Betsy era realmente uma grande oportunista, fazendo todo aquele discurso melancólico sobre amar os pacientes enquanto os cozinham em banheiras quentes. Patético. Eu realmente não fora feita para salas onde pessoas que se acham importantes falem merda o tempo todo. Discretamente, sinalizara para o Huck me acompanhar até a sala do Tolleson.
-Certeza disso Enfermeira Ratched? É muito arriscado! Não poderemos se quer justificar o que ele estara fazendo na hidroterapia. Ele não possuí lesbianismo.-
-Huck, é para o bem do Senhor Tolleson. Será apenas um banho quente, supervisionado por mim. Estou diretamente envolvida com o fato desse hospital se manter de pé, o médico é o menor de nossos problemas.-digo entrando no quarto de meu irmão.-
-Enfermeira Mildred. Bom vê-lá.-Aquele sorriso petulante me cumprimenta descaradamente.-
-Seda ela Huck.-ordeno.
-Seda-lo?!.-Huck questionara, é difícil ditar ordens nesse hospital.-
-Sim, sede o paciente Huck e o coloque na cadeira.-dada a ordem e executada, o levamos para o banheiro. Em reuniões extraordinárias a presença de pessoas cuidando de pacientes é quase 0, importam-se mais com as falácias idiotas de um Governador.-O ponha na banheira, e deixe que daqui eu assumo. Quando precisar, lhe chamo.
-Tudo bem Enfermeira Ratched. Estarei na porta.-ele saira, obdecendo minha indicação.
Com o corpo daquele monstro na banheira eu aumentara a pressão, até ouvir as bolhas da água levantando fervura, vejo seu corpo se incomodar com o ambiente quente no qual fora colocado, mas não havia nada mais prazeroso que aquilo, pouquíssimos minutos onde ele não pudera falar nem mesmo se mecher voluntariamente, sussurros como "Sua vagabunda, está me cozinhando! Me tire daqui Mildred" se misturavam ao vapor enquanto eu lia "O melhor da moda pós guerra" uma edição maravilhosa do jornal desde ano.
Passados alguns minutos, desligo a banheira, o deixo ainda ali, cozinhando devagar, não estara tão quente ao ponto de queimaduras, nem tão normal para que não fosse evitado o sofrimento, Tolleson merece ser enterrado vivo, torturado, desmembrado, e um banho de água quente era somente uma forma de ser humana com ele. Enquanto a água voltava á temperatura ambiente, ele voltara a consciência, seus olhos me condenavam, mas nada me assustava mais, pois ele já estara sentenciado à tortura eterna, em minhas mãos.
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Pêssegos Arruinados
FanficMildred Ratched, uma enfermeira que servira na segunda guerra mundial em 1939 se vê em um dos maiores conflitos de sua vida, uma crise em seu falso casamento. Após uma viagem ao Condado de Monterey no norte da Califórnia Ratched conhece Gwendoly Bri...