Olhares

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Sentando no banco no meio do gelo caindo de leve. Lá estava Boris, fumando um cigarro e olhando para o lago congelado.

O teatro foi cancelado de última hora, disse a minha esposa que ia com Boris ver uma peça com ele e ter mais uma daquelas noitadas que sempre e tínhamos quando ele chegava de uma longa viagem.

Ele então me olhou, sorriu de lado e se levantou, olhando para mim e esperando um abraço. Com dois tapinhas na costas nos separamos.

Ele me encarou um pouco até dizer:

-Essa viagem foi louca.-Se espreguiçou sorridente-trouxe presentinhos para nossa noitada.

Os presentinhos eu bem sabia o que eram, um "homem de negócios ilícitos ", como o mesmo denominava-se, teria sempre ótimos presentinhos.

-Com essa tempestade,-Apontei para cima com uma tentativa de o fazer olhar-os bares logo fecharão e o teatro apenas avisou que nada vai funcionar. - Ele deu de ombros .

- Por quê não compramos tudo que queremos beber e vamos pro meu ap?

Anos atrás, sempre voltando para NY, Boris havia decidido que teria uma cobertura com piscina e com a melhor vista de NY, e como um homem de palavras, ele conseguiu.

Enquanto eu escolhia o vinho e ele quais cervejas levaríamos senti que ele me olhava, talvez a um tempo, mas eu deixo ,eu gosto que tenho a atenção dele perante todos aqueles outros seres presentes, era a mim que ele olhava. E assim que virava ele disfarçava, olhava para outro lado e fingia demência.

A algumas vezes eu fingia que misturar vinho e cerveja não me faziam bem e tinha aquela velha amnésia alcoólica e ele fingia que nada aconteceu. Sempre assim. Infelizmente eu não posso me separar e ele, bom, ele não pode se prender a mim.

Com tudo comprado ele colocou as coisas no carro e fomos.

Gyuri estava como sempre olhando para nós no banco traseiro, ele tinha esse quê de quando possível, nos empurra um para o outro.

-A senhorita Scarlet ligou-disse ele, do nada. Boris olhou e sorriu nervosamente para mim até eu sei esse olhar, o de mentira, talvez algo que eu não devesse saber.

- Ah, um.. Disse a ela que eu ligava depois?

-Sim.

- Quem é Scarlet?-Falei, como quem não quer nada, sem o encarar, continuei a amassar as balas de ecstasy.

Fingindo o maior desinteresse o encarei uns segundos e voltei a amassar.

-Cliente-Ele disse meio decepcionado porém aliviado.

Dou uma cheirada e passo para ele.

Ao chegar, Gyuri foi para o seu pequeno quarto de hóspedes e colocou seus fones de ouvido com música russa.

Ele não era muito de beber, porém sempre juntava-se a nós em uma roda de maconha.

Com um ou dois vinhos depois, já estava o beijando, ele parecia relutante e me afastava aos poucos. As vezes ele ficava assim, talvez eu o deixe confuso sobre nós.

Mas não posso decepcionar minha segunda mãe, não posso. Respirei fundo e resolvi que não o forçaria a nada. Peguei o restante do vinho e o observei fumar sem camisa, andando pela casa com o copo meio cheio e uma fatia de pizza na outra mão. Se sentou no sofa e voltou a me ver. Os olhos dele pediam ajuda, uma dor na qual ele sentia sempre que faziamos isso, e logo mudou, o brilho no olhar voltou e ele sorriu.

-Peguei uma coisa boa nessa viagem.

Me sentei ao lado dele e me entregou um pequeno pacote.

- Não precisava -Disse.

-Feliz 8 anos do nosso reencontro-ele sempre foi bom com datas, eu nem tanto, recebi o selinho que ele me deu, ele se levantou e guardou a pizza na geladeira, ficou parado em frente à ela com a calça preta por cair, os pés descalços se mexiam conforme a música alta do ambiente.

Voltei a olhar o pacotinho e comecei a abrir. Ele voltou para o meu lado e sorriu com o cigarro na mão.

-Você vai amar.

- Eu já amei.

Abri a caixinha e me surpreendi, era um copinho de shot, dois para ser exato.

Um tinha escrito "um brinde" e no outro "um brinde" e um pouco abaixo meu querido apelido " Potter".

Sorri.

Botei doses em nossos copinhos e brindamos.

-A nós-Disse.

-A nós- Ele pulou em cima de mim me beijando e eu retribui.

Nos beijamos e deitamos no sofá.

-Se-Ele se levantou, pegando novamente a cachaça e colocando nos copinhos.-nos separarmos alguma vez na vida.-Brindamos- vamos nos reencontrar-bebemos e voltamos a beijar.

Por que será que ele falou assim? De nos separarmos ,preferi não botar minha cabeça nisso, fiquei em segurar a mão dele na minha é o puxar pra mais um beijo, eu estou excitado e preciso dele.

O chupei com vontade, dando lambidas lentas das quais ele tanto gosta. Ele logo deixou de ser tão receptivo e se tornou mais agressivo, pegou forte em meus cabelos e fez o movimento de vai e vem como bem queria.

O senti pulsar em meus lábios e retirei minha boca dele, tirei rapidamente minha calça e sentei no seu colo, pondo minha perna em volta de sua cintura e o beijando, ele estava enlouquecido.

-Me perdoa-Pedi sussurrando em seu ouvido e devagar, encaixe o pênis dele na entrada do meu ânus, de leve deixei ele me penetrar e em tom alto-me perdoa-pedi novamente, mas sem respostas, apenas gemidos abafados vindos dele.

Quando as estocadas foram ficando mais fortes, mais ele se soltava, dando tapas na minha bunda e puxando meu cabelo para trás.

Como se não bastasse ele ainda mordiscava minha orelha e meu pescoço, bem de leve.

- Não- Ele disse , a única coisa que ele disse e ainda gozou dentro de mim, seu líquido quente e grosso me preencheu e a sensação de ser dele fez com que eu gozasse e todo meu gozo ficou estampado em sua barriga.

Continuamos deitados, um olhando o outro, peguei a mão dele e brinquei com seus dedos no ar.

Qual é, eu nem bebi cerveja para dizer que misturei tudo, só queria sentir ele mais, mais perto de mim.

O sol já ia nascendo, e como em um jogo de personagens, a gente vai fingir que foi só mais uma noitada, e tudo bem, aparentemente... tudo bem.

Ele me beijou, sabendo como que seria assim que acordamos como se nada tivesse acontecido, e com outra troca de olhares, vou embora.

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