Tenho que te pedir uma coisa

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Seokjin

Naturalmente toda a comida da minha geladeira já teria acabado, mas está tudo incrivelmente intocado. Eu como quando estou bem, não quanto estou triste. O que me faz pensar que vou morrer de fome, porque vou ficar triste pra sempre caso o Taehyung não me perdoe, que é o que eu acho que vai acontecer.

Penso sobre isso enquanto estou parado em frente a geladeira, observando tudo e não querendo comer nada. Provavelmente a conta de luz vai vir cara.

-- Tira uma foto que dura mais -- Disse Yoongi entrando em casa e indo direto pra cozinha.

-- Oi -- Disse fechando a porta da geladeira e indo me jogar no sofá.

-- Eu trouxe lasanha -- Ele falou animado, mas não causou nenhum efeito no meu estômago. -- , e suco de laranja.

-- Thank You, mas eu não tô com fome -- Disse simples com a cara praticamente enfiada na almofada do sofá.

-- Não perguntei -- Delicado como um coice. -- Você vai comer.

-- Qual é, Guinho, você tá parecendo o Jungkook.

-- Ele me disse que você comeu com ele então eu resolvi fazer uma abordagem mais, como direi, ameaçadora com você -- Ele deu um sorrisinho.

-- Como em um filme de suspense, ou algo assim?

-- Pode ser, mas se você não comer eu posso virar um palhaço de filme de terror -- Ele virou os olhos ficando vesgo, e deu um sorriso que era pra ter sido assustador, mas ficou engraçado e eu ri. -- Como você tá? -- Perguntou vindo se sentar do meu lado.

-- Mal. Bem mal. Taehyung não me deixa nem chegar perto, não responde minhas mensagens. Quero saber como ele tá -- Esfreguei meus olhos me sentando no sofá, dando mais espaço pra ele.

-- Ele tá bem.

-- Isso é bom de ouvir. E o Hoseok? Jimin me contou da história ontem.

-- Bom, até ele falar algo, não saberemos. -- Disse com um suspiro.

-- E quando ele vai falar algo? -- Yoongi tá com um olhar cansado. Tadinho. Essa semana não tá sendo fácil pra ninguém, principalmente pro Hobi.

-- Pra não acabar com a bateria, acho que quando ele estiver com o plano pronto.

-- Espero que isso de certo. Preciso do meu solzinho aqui -- Cheguei mais perto dele e deitei minha cabeça no seu ombro. Ele colocou a mão no meu cabelo e começou a me fazer carinho.

-- Eu também Jin.

HOSEOK

Ok. Definitivamente Woojin e Jimin são as pessoas mais desprezíveis e desnecessárias que eu já conheci. Depois da minha mãe, claro.

Não tem um porquê de fazerem essas coisas. Nesse momento estão sendo gordofobicos, porque, se eu entendi bem, o menino (Kevin o nome dele) estava comendo um bolo de chocolate e ele está acima do peso. Chegaram aqui falando "gordo fazendo gordice", e então começaram mais piadinhas.

-- Qual é o problema com essa gente? -- Perguntei a Jacobe que está do meu lado. -- Pelo amor de Deus, não tem uma matéria pra estudar, uma louca pra lavar não?

-- Eles são completamente sem vida própria, Hoseok. Tanto que tem que cuidar da dos outros -- Disse olhando pro mesmo lado que eu. Como sempre, ele encima da mesa e eu no banco.

-- Sim, eles precisam urgentemente de um terapeuta -- Digo balançando negativamente a cabeça com aquela cena. -- E você? -- Pergunto me virando pra ele.

-- Se preciso de um terapeuta? Totally -- Disse me fazendo rir.

-- Não. Como você tá?

-- Eu tô bem. -- Ele pensou um pouco antes de falar, e eu sei que é mentira. Ele não mente nada bem.

-- Mesmo? Você tava meio cabisbaixo quando eu cheguei na escola hoje. O que aconteceu? -- Perguntei, mas ele não olhou pra mim. Continuou olhando pras mãos, com as quais estavam brincando com a cordinha do moletom.

-- Nada de importante -- Disse sem nenhuma convicção.

-- Você sabe que se quiser pode me contar, né? -- Ele continuou brincando com as cordinhas em silêncio.

-- É só que -- Ele olhou pro céu e deu um suspiro longo. -- hoje seria meu aniversário e do Joseph, mas...enfim. Como eu disse, nada de importante.

-- Ei, tudo bem. -- Coloquei minha mão encima da dele fazendo um pequeno carinho ali. -- Vai ficar tudo bem. Você vai encontrar alguém muito melhor do que ele, tenho certeza.

-- O que eu queria era que ele fosse melhor, mas não acho que seja possível nessa vida -- Ele terminou com um sorrisinho sem alegria. -- Anyways. Me diz, como vai em casa?

-- A mesma merda -- Digo simples e ele ri junto comigo.

-- Não tá fácil pra nenhum dos dois, não é? -- Nós rimos da nossa desgraça. -- E o que pretende fazer? Sei que não vai ficar parado obedecendo isso tudo -- Olhou pra mim com um olhar desconfiado e um sorrisinho.

-- Acertou. Eu tô com um plano em mente, mas não posso te falar o que é, porque ainda não tá completo. Mas preciso que você me faça um favor.

-- O que é? -- Perguntei descendo pro banco ao meu lado, pra mim não ter que falar alto.

-- A bateria do meu celular não vai durar nem até amanhã. Você tem como arranhar um carregador pra mim?

-- Claro. Eu vou lá em casa rapidinho agora, pode ser?

-- Se minha mãe ficar sabendo ela vai te demitir.

-- Eu dou uma desculpa caso isso aconteça. Vou lá rapidinho, pego e volto, ok? -- Pensei um pouco e não tenho muita escolha. Se tudo der certo ele não vai precisar mais trabalhar pra ela mesmo.

-- Tá bem -- Disse por fim.

Jacobe foi em casa e eu fiquei sentado aqui no banco esperando. Mas como eu nunca tenho paz, Jimin veio me irritar.

-- E aí yaG, o namorado te deixou sozinho? -- Ela se sentou do meu lado como se eu tivesse convidado e fossemos melhores amigos.

-- O que você quer? -- Perguntei seco.

-- Nada. Só queria saber o que seu priminho foi fazer. -- Ela apoiou a cabeça no braço que se apoiava na mesa, com um sorriso ridículo que eu tive vontade de arrancar a força do rosto dela.

-- Não é da sua conta? -- Perguntei retoricamente, fazendo ela fazer um "ó" perfeito e irônico com a boca.

-- Os professores não vão gostar de saber que ele foi embora -- Disse sorrindo novamente.

-- O que você ganha com isso em? Irritando as pessoas? Não é só porque sua vida é uma bosta que você tem que piorar a dos outros -- Dessa vez fui eu quem sorriu. Ela chegou mais perto e sorriu de novo.

-- Você é adorável -- Ela aumentou o sorriso sendo uma perfeita imitação do Chucky, e saiu indo encontrar Woojin pra atentar mais alguém.

Jacobe voltou 15 minutos depois sem nada nas mãos.

-- Onde tá? -- Perguntei.

-- Dentro do bolso do moletom. Vai que sua mãe tem mais informantes aqui na escola ou na rua?

-- Aí estaríamos ferrados, porque nem era pra gente ficar conversando -- Disse com uma risada sem humor. Triste nossa situação.

-- Aqui -- Ele passou pra mim por trás das costas e eu coloquei dentro do bolso da minha jaqueta.

-- Vou no banheiro esconder melhor -- Disse me levantando.

-- Tá bem.

Quem eu menos esperava- JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora