Faster - No Limite

FAST SOUL

Abby

Eu estaria mentindo descaradamente se dissesse que quando desci as escadas imensas na manhã seguinte não tinha nenhuma esperança de encontrar o garoto da piscina, mas ao mesmo tempo todo meu corpo implorava internamente que ele não estivesse lá depois de me ver secá-lo pela minha janela.

Não que eu fosse uma daquelas garotas, sabe? Aquelas que não podem ver uma carteira cheia e olhos bonitos que não conseguem mais agir por conta própria. Não, eu definitivamente não era assim.

– Bom dia, Abby – Mike me cumprimenta assim que entro na cozinha com um sorriso. Ele não parece sorrir falsamente, mas ainda assim me trata com um certo receio – infelizmente essa semana eu dei folga para alguns funcionários, então acho que a única coisa pronta para o café é cereal. Se serve de consolo, temos vários tipos de cereais.

Sorrio para Mike e caminhei em direção ao armário que armazena diversas caixas de cereais, entre elas uma que promete emagrecimento rápido. Encho a minha tigela com os grãos mais coloridos que encontro, que possuem o maior nível de açúcar possível, implorando que Mike não perceba, e caso perceba, não fale nada.

– Por que não come uma fruta? Sabe que essas coisas cheias de carboidratos e açucares fazem mal – a voz de minha mãe ecoa e quase tenho um ataque quando a encaro, e não sou a única, ouço Mike se engasgar com o próprio cereal colorido.

Ela usa um biquini branco que não cobre nem metade dos silicones de cima, e a parte de baixo se resume a um mínimo triangulo amarrado por finos fios brancos tanto aos lados, quando atrás. Não há absolutamente nada que cubra sua bunda e muito menos suas curvas sinuosas e muito bem operadas.

Ignoro completamente seu comentário sobre minha alimentação como venho feito há muitos anos, pego meus cereais e saio daquela cozinha enquanto Mike a devora com os olhos, antes que deseje devorá-la de outra forma e eu me torne um grande inconveniente. Se é que isso a faria parar, e se me lembro bem, não faria.

Hesito ao me aproximar da piscina, com medo de encontrar quem de fato andei procurando, mas se bem entendo de piscinas, não faz sentido limpá-las menos de vinte e quatro horas depois.

Claramente eu não o encontraria hoje, e só depois de esclarecer esse fato comigo mesma, meu estomago permite que eu coma todos os grãos coloridos em minha tigela, sentindo falta do leite que sequer me dei o trabalho de colocar quando vi Loren entrar na cozinha, enquanto encaro a piscina e penso nos olhos azuis da tarde anterior.

Os garotos de Los Angeles não costumam ser muita coisa, se você estiver disposta a olhar além dos rostos e corpos perfeitos e contas bancárias extremamente recheadas. Mesmo que eu não tenha morado aqui durante toda minha vida, por conta da carreira de minha mãe que me fez por vezes abandonar os anos letivos para seguir seus sonhos, havia conhecido alguns garotos Californianos.

Dan foi o primeiro a partir meu coração, eu tinha treze anos, e ele dezesseis. Eu jurava que ele seria o verdadeiro amor da minha vida, e que havia tirado uma sorte grande de ele ser rico e bonito. Três meses se passaram e eu percebi que ele não era nada, além de bonito, rico e um grandíssimo cafajeste que beijou uma das minhas amigas na minha frente. Sofri por Dan por semanas, antes de decidir que merecia mais.

Mais um garoto ou outro atraíram minha atenção, a maioria em suas férias de verão. Talvez por não serem de Los Angeles e não terem a mesma cabeça minúscula e quadrada de todos por aqui, atraiam minha atenção por mais do que alguns dias. Mas logo eles partiam, e tudo que vivíamos ia com eles. Não que eu realmente me importasse com isso.