Alice.

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Amor. Eu queria sentir, viver e desfrutar disso. Eu gostava tanto dessa palavra. Achava tão bonita. Mas infelizmente, nunca vivi isso. Não como gostaria. Sou uma menina sentimental demais.
Nos filmes que costumava assistir sempre observava famílias felizes, se amando. Como eu gostaria de ter.

Meus pais me abandonaram. Isso mesmo. Me abandonaram quando eu era apenas um bebê. Foi numa noite chuvosa, eles me colocaram numa caixinha rosa em frente à um orfanato grande, cheio de árvores em volta. Eu gostaria de ter. gostaria de conhecer eles.
Eu não sei nada sobre eles, não sei o motivo. era apenas um bebê.

Foi assim que a tia Dolores me contou.

Eu gostaria de ter pais. muitos casais aparecem aqui para adotar, mas, só querem bebês, de olhos claros, azuis. O típico padrão. eles sempre procuram por bebês. Nem sequer olhavam pra mim, desde que era um bebê.

Tia Dolores trabalhava aqui, ela era a única que gostava de mim de verdade, e que me dava atenção e carinho, me ensinou algumas coisas. desde pequena. Sempre via como uma mãe, ou até uma vó pra mim. Ela era compreensível, cuidadosa.

E meu amigo Harry.
Aqui tinha adolescentes também, mas a preferência era sempre bebês de olhos claros.

Mas vamos falar sobre Harry.

Harry era um menino doce, muito protetor e cuidadoso comigo. Eramos inseparáveis. Eu adorava Harry. Ele fugiu de casa quando tinha apenas 14 anos. Seus pais o maltratavam. E nem sequer procuraram por Harry. Ele nunca gostava muito de falar sobre. E eu entendia sua dor.
Tia Dolores sempre nos acolheu.

Era a noite. Estava um clima chuvoso. Dentro do orfanato havia uma sala, e algumas portas, dividia o pequeno quarto com Harry. Eram cores pastéis.

Havia alguns brinquedos espalhados por a sala, cortinas na janela e abajur sobre uma mesinha.

- Alice? - disse meu amigo Harry sentando do meu lado.

- Oi, estava pensando. - Harry olhava pra mim preocupado.
Seus olhos brilhavam em sinônimo de preocupação.

- Pensando em quê? Alice? - Ele apertou minha mão um pouco mais forte. - hey, Alice. Eu estou aqui. Pode confiar em mim.

- Pensando. - eu estava angustiada hoje, não sei bem o motivo. eu estava mais quieta com Harry.

- Só estava pensando. será que algum dia, eu vou ter uma família, Harry? alguém que me ame de verdade?

Vi ele se levantando do pequeno sofá, e se sentando no chão. Perto de mim.

- Ei, Lice.
- Eu tô aqui, você tem a tia Dolores, tem eu. Você é amada sim, eu tenho certeza que algum casal ou alguém vai se encantar quando olhar seus olhinhos cativantes. Você é especial Alice.

Isso me fez corar. Meus olhos encheram de lágrimas. Eu amava Harry. Mas queria saber como é ter uma família, ter amor de pais. Tia Dolores era como uma mãe pra mim. Mas eu queria me sentir mais completa. Era óbvio que sentiria falta dela e de Harry. Iria sempre visitar pra ver Harry e tia Dolores. Mas eu queria tanto.
Sem dizer nada, abracei o Harry e desabei nos seus braços. Não sabia o que falar. Só tremia.

Puxei Harry pela mão e levei pro quarto que dividimos. Tentando disfarçar minha angústia. Ou pelo menos fingia.

- Ei, o que está fazendo? - Disse ele com um sorriso besta no rosto.

- O que acha de fazer uma coisa legal? diz que sim, diz que sim. - Pedi com a cara mais fofa possível.

- O que sugere, Lice?

Sem dizer nada, peguei a almofada e bati de leve no rosto de Harry.

- GUERRA DE TRAVESSEIROS!

- ei, isso não valeu Alice! eu estava distra...

Dei outra travesseirada no meu amigo Harry com um sorriso travesso no rosto, senti Harry me jogar na cama e começar várias cócegas na minha barriga.

- Pare, seu chato. - Ai! Pare.

- Agora aguente, Lice.

Consegui subir em cima de Harry, fazendo várias cócegas na sua barriga.

- E agora? Hum? - perguntei com os risos altos.

Harry segurou meus pulsos e conseguiu me tirar.

- Sou mais forte, espertinha.

Harry estava chegando perto demais, e senti minhas bochechas queimarem. Desviando o olhar do garoto em mim.

- Lice... sabe, você é tão linda.

Olho confusa para meu amigo, sem graça.

- Tão linda, Lice. Seus olhos são tão...

Ele segurava meus pulsos, fazendo um carinho. Era bom, mas ainda me deixava um pouco incomodada. Isso é errado. Harry é só...só meu amigo. Suas mãos foram pro meu pescoço, e acariavam minhas bochechas.
- Eu gosto de você Alice.

- Também gosto Harry. Mas...

Harry segurou meu rosto e depositou um beijo na minha bochecha, perto da boca. E depois, depositou um selinho.

- Harry? As coisas vão ficar estranhas entre a gente? Você é meu único amigo aqui.

- Relaxa Alice, não vão. - Saiu do quarto, me deixando sem saber o que falar e fazer.

my sweet Alice Onde histórias criam vida. Descubra agora