Casa

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• CASA
substantivo feminino

1. Não é algo físico; é onde o coração insiste em estar, no caso, nas mãos de Sam.


Gritos. Tudo se resume a gritos e sangue. Sinto meu coração acelerar as batidas contra meu peito, é como se fosse explodir em questão de segundos. Meus pulmões estão implorando por oxigênio. Agora, eu me esqueço até de como se respira. A vítima está chorando, implorando por sua vida, pedindo por misericórdia. Mas misericórdia é a última coisa que corre por minhas veias. Observo o braço de metal apontar a arma na cabeça da mulher que está tremendo e consigo ver o horror estampado em seus olhos. Seguro o cano da arma com força e aperto o gatilho sem hesitação. O som estridente da bala caminhando em direção ao crânio humano invade meus ouvidos. Vejo minhas mãos cobertas de sangue.

Eu havia riscado mais um nome da lista.

Sento-me rapidamente na cama buscando por oxigênio, buscando voltar para a realidade. Não estou em uma missão para Hydra, não estou mais sendo controlado como uma marionete, e não preciso matar mais ninguém. Vasculho o local e percebo que estou em meu apartamento, e minhas mãos estão limpas, sem sangue.

"Estou bem, vai ficar tudo bem", repito esse mantra toda maldita hora.

- babe?

Ouço a voz sonolenta me chamar e o lado direito da cama mover. Levo os olhos para encontrar os castanhos de Sam repletos de preocupação.

Sinto meu coração apertar.

- Amor, está tudo bem?

Eu tento responder sua pergunta, mas a língua parece pesada, presa na boca, e o nó na garganta ainda está lá, me impossibilitando de falar. Sam empurra os lençóis e encosta as costas na cabeceira da cama puxando meu corpo tenso e suado contra seu peito. Ele sabe que nada está bem. Meu estômago está embrulhado, sinto que posso vomitar a qualquer momento. O ar entra rápido pelas minhas narinas, me fazendo inspirar oxigênio mais do que é necessário. Sam fecha um braço ao meu redor enquanto esfrega minhas costas com a outra mão, ele está murmurando palavras de amor. Fecho os olhos sentindo o perfume amadeirado de Sam, eu amo esse perfume. Meus batimentos gradualmente estão voltando ao normal e minhas mãos estão parando de tremer. Enrolo meus braços pela cintura de Sam, buscando seu calor enquanto tento testar as palavras na mente antes de pronunciá-las em voz alta. Não me sinto mais o monstro de minutos atrás, eu sei que não foi minha culpa, mas é impossível impedir os pesadelos de vir. Eu estou melhorando, eu sei. É raro tê-los e quando acontece, eles conseguem me derrubar por minutos ou talvez horas.

- Estou aqui com você.

Sam murmura deixando um doce beijo na minha testa. Respiro calmo, alegrando meus pulmões, em seguida, beijo o pescoço de Sam com amor.

- Obrigado por não desistir de mim. Eu amo você.

Pronuncio com os olhos transbordando de água. Sam nega com a cabeça, passando a mão delicadamente por meu cabelo.

- eu não vou a lugar algum, Bucky. Eu também amo você.

Ele beija meus lábios com carinho. Escondo o rosto no seu pescoço mais uma vez, sentindo aquele perfume tão característico dele.

- Seu cheiro me lembra casa. - digo.

Um pequeno sorriso brota em seus lábios, ele aperta meu corpo contra o dele em um abraço protetor.

Eu estou em casa.


Ele é a porra do meu sol e eu sou a sua lua.

Multiverse of  SambuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora