[02] A confusão do recém-chegado

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Tudo parecia distante; seu corpo parecia levitar; sua alma queria sair e deixar esse peso para trás.

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Jimin recobrava os sentidos à medida que ouvia murmúrios. A sua cabeça projetava um zumbido irritante e a garganta pedia socorro de tão seca. Ele manteve-se de olhos fechados por puro receio, não sabia onde estava, mas percebia a movimentação em sua volta e tinha certeza de que pelo cheiro de terra molhada, ali não era o hospital.

― Quando ela acordará? ― alguém perguntou em um tom que Jimin julgou aflito.

― Não fique muito em cima. Ela acordará quando for a hora de acordar ― o outro respondeu com a voz uns bons tons mais baixos.

― E vai demorar muito?

― Pare de agir como um cachorro ansioso!

― Eu ainda vou te matar! ― praguejou e o outro estranho riu, zombeteiro.

― Isso é definitivamente impossível. Eu sou mais forte, esqueceu? ― Jimin ouviu um bufar, próximo de onde estava. ― Agora fique de olho nessa garota. Já troquei os curativos, mas ainda está muito recente. Se tiver alguma hemorragia ou febre, me chame. Estarei em meus aposentos.

― "Aposentos" quer dizer aquela sua sala horrível de suja? Poderia dar uma espanada naquelas bugigangas estranhas. Se quiseres, eu dou um jeito.

― Encoste um dedo nas minhas coisas e sou eu quem vai te matar.

― Tão amigável...

Ainda imóvel, Jimin manteve-se atento até o fim do diálogo daqueles dois homens. Ele tentou ressonar o mais natural possível, pois queria pistas sobre o que estava acontecendo. Essas pessoas poderiam ser sequestradores, mas por que o sequestrariam? Lembra muito bem de estar atravessando a rua quando... Espera! Ele havia sofrido um acidente, não? Onde estava a sua tia Irene?

Precisava de respostas, queria entender que lugar era aquele, o que estava acontecendo e quem eram essas pessoas, mas primeiro torcia para que ambos saíssem logo dali.

Entretanto, o que Jimin tem de bonito, tem de azarado; ele se comparava a um pinto que nasce sem o bico e tão pouco consegue quebrar o ovo. Alguém se aproximou e um rosto se sobrepôs ao seu, tapando as luzes. Jimin pode sentir a respiração morna rente a sua bochecha.

O respirar profundo do outro e o medo que Jimin sentia, levou seu corpo a tensionar e suas pálpebras fechadas tremeram. Ele engoliu a seco ao ouvir uma risada baixa. Sabia que tinha sido pego.

― Eu sei que está acordada.

Ótimo, vou morrer de vez! Pensou.

Ainda enrolou por uns segundos, de maneira tola, torceu para que o estranho saísse de perto de si. Porém cedeu ao cansaço e curiosidade, abrindo os olhos para logo fechá-los novamente. Pouco acostumado com a claridade.

Tentou novamente, aos poucos sentiu a visão voltar e a primeira coisa que viu fora o rosto do desconhecido, tão próximo, o analisando minuciosamente.

Jimin prendeu a respiração, encarando aquelas orbes douradas e incisivas, em poucos segundos pensou em como era possível alguém ter lumes dessa coloração, parecia uma lente de tão brilhante. Ele permaneceu imóvel, quase hipnotizado.

O estranho sorriu e foi o primeiro a desviar o olhar, Jimin não soube captar as intenções deste, mas podia jurar que carregavam um pingo de diversão. Nem havia percebido que segurava o ar dentro do peito.

O Escolhido do Dragão 🐉 jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora