Saindo do banheiro, limpa e com uma toalha nos cabelos, encontro Ali organizando a bancada da cozinha com pratos e copos. Me aproximo para lhe ajudar e adiciono os talheres e guardanapos, enquanto ela põe, no centro da bancada, uma travessa com um cheiro maravilhoso de lasanha.
Suspiro longamente antes de começar.- Ali, você sabe...
- Não devemos comer essas coisas, eu sei. - termina revirando os olhos - Deixe de ser tão certinha Maddie, comer besteira uma vez na vida não vai fazer de você menos saudável!
Minha vez de revirar os olhos.
- Você, como sempre, sendo minha pior influência. - acuso, ao passo em que minha amiga leva a mão ao peito em falsa indignação. Ergo uma sobrancelha, insistindo, e caímos ambas em uma gargalhada.
- Certo, certo, você venceu. Mas é só uma vez! - implora, com as mãos unidas e cara de abandono.
- Tudo bem, tanto faz. - cedo.
- Até parece que pra você tanto faz. - Ela murmura, e eu apenas lhe dou a língua, antes de servir meu prato e me sentar para comer.
O jantar passa tranquilamente, em meio a brincadeiras e conversas aleatórias.
O restante da noite corre da mesma forma, até que Alina vai embora, quase onze horas da noite, apenas porque teria um treino amanhã cedo e precisava dormir. Mas ela me fez prometer, antes de ir embora, que eu bateria em sua porta caso tivesse algum problema durante a noite.Mas acho que, no fundo , ela já sabia que eu não iria dormir. Logo que ela entra em seu apartamento, eu aproveito para sair do meu. Caminho até o elevador, que me leva ao segundo andar. Era lá onde se encontravam as salas de treinamento. Também era lá onde eu encontrava meu refúgio.
No fim do último corredor, descendo uma pequena escada para o meio do primeiro e segundo andar, encontrava-se uma porta, pequena e simples, mas que guardava meu mundo.
Havia um cadeado, que eu habilmente abri com minha chave.
Entrei e acendi as luzes, olhando ao redor e me sentindo em casa.A agência é minha casa, e eu me sinto extremamente bem como agente. Mas quando as coisas começam a sair do controle, é esse o meu refúgio.
É aqui onde eu penso no que fazer, é aqui onde treino quando quero estar sozinha; é aqui onde leio os melhores livros; é aqui onde eu danço, para esquecer de tudo ao meu redor.Eu não lembro muitas coisas da minha mãe, mas lembro dela me ensinando seus passos de dança preferidos. Lembro de nós duas dançado em frente ao espelho e dela me levantando no alto para girar e girar até tontear.
Me aproximo do enorme espelho posicionado estrategicamente na parede do fundo, observando meus olhos através do mesmo. Eu os herdei dela.
Caminho até um armário de aspecto antigo ao canto. Abrindo-o, posso ver as dezenas de livros, de todos os tipos, que reuni ao longo dos anos.
Mas não é aos livros que levo minha mão, e sim à uma caixa no topo do armário.De dentro, tiro uma sapatilha vermelha. Foi a sapatilha da minha mãe, e hoje é minha.
As calço, ligo a música e me posiciono no centro da sala, pronta para começar.Então eu danço. Danço conforme a melodia. Dançando eu giro, eu choro, eu sorrio e deixo que tudo em mim se liberte. O balé sempre foi a minha válvula de escape.
Com toda emoção, eu danço até minhas pernas doerem, e quando eu volto para o quarto, deixando para trás todas as minhas incertezas e com uma determinação inabalável, já passam das duas da manhã.
•°•
-MADELYNE!! - tiro os fones do ouvido, parando de golpear o saco de areia e olhando para Emely parada ao meu lado.
- Ah! Oi, Emy! Desculpe. - digo erguendo os fones no ar
- Tudo bem. - Fala - Mas deveria ficar mais atenta.
- Claro. - concordo - Você veio por causa da reunião?
Hoje quando eu saí do quarto, imediatamente passei no sexto andar para falar com a secretária de Alexander e marcar uma reunião para tratarmos da minha nova missão.
- Exatamente. - ela responde - Pode me acompanhar?
- Posso pelo menos passar no vestiário? - peço, analisando minha roupa suada.
- Claro, estarei te esperando em frente ao elevador. - conscente, e sai andando na direção contrária da que eu sigo.
Demoro apenas alguns minutos para tomar um banho rápido e trocar de roupa. Saio do vestiário prendendo os cabelos no alto com um elástico, e acabo encontrando-me com Alina.
- Bom dia, flor do dia!! - Ela cumprimenta, excessivamente animada. Rio dela.
- Pelo visto o treino foi ótimo. - reparo.
- Foi sim! A nova turma é maravilhosa! - sorriu, respondendo enquanto me acompanhava no caminho. Alina trabalhava como treinadora dos novatos quando não estava em missão. - Até que horas você dançou? - ela pergunta, e eu sorrio.
- Você me conhece tão bem! - Ela ergue a sobrancelha, me intimando a responder à pergunta - Até às duas. - confesso.
- Você não muda mesmo! - comenta ela.
- Está me chamando de previsível? - Finjo uma expressão de indignação extremamente exagerada. Alina dá de ombros e responde:
- Talvez. - Ela solta e sai correndo, sem me dar explicações. E eu, como a adulta que sou, saio correndo atrás dela.
Quando chegamos ao elevador, Emely ergue a sobrancelha para nós, enquanto paramos em sua frente.
- Senhora. - Alina cumprimenta respeitosamente, endireitando automaticamente a postura.
- Agente Jones. - Emely devolve o cumprimento - Agente Swann, me acompanhe por favor. - ela completa e entra no elevador, esperando que eu a siga, e é o que eu faço. Ela digita no teclado o número do andar para o qual iremos, logo depois de as portas se fecharem.
- Eu sinto muito pelo que aconteceu, Maddie. - Emely declara, iniciando a conversa que eu já esperava ter. - De verdade.
- Está tudo bem, Emy, de verdade. Eu só preciso começar de novo e um dia eu chego lá. - Respondo.
- Não trate suas dores como se não fossem nada, Madelyne, porque isso não é verdade! - Me repreende, porém com um olhar maternal.
- Eu sei. - Consinto, abaixando levemente a cabeça em vergonha.
Depois que eu entrei para a agência, Emely foi o que tive de mais próximo a uma mãe. Foi ela quem me orientou e quem cuidou de mim, que esteve ao meu lado quando eu mais precisei.
Saímos do elevador e caminhamos juntas em direção àquela mesma sala de reuniões e, quando entramos, Alexander já nos esperava.
- Sentem-se, por favor. - Ele pediu, e assim fizemos, cada uma de nós se encaminhando ao seu devido lugar, para que a reunião tivesse início.
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[Em Breve] A Agente Secreta - Um Mistério Cor De Rubis
Teen FictionDepois de tomar uma decisão impulsiva que poderia pôr em risco o sucesso de uma missão, a agente Madelyne Swann recebe como repreensão uma nova missão de nível muito mais baixo do que ela está acostumada. Porém, nem tudo é o que parece, e o que apar...