Capítulo III - Carlos

1 0 0
                                    

Músicas alegres: Nova demais pra mim, Vitroles; Me lambe, os Raimundos
Música para fossa: A noite, Tiê
*ALERTA DE GATILHO*: violência sexual

Lembram quando falei que tinha achado um refúgio na minha fossa do João? Bom, confesso que me interessei por certos assuntos, em um canal de um movimento no YouTube, era quase como um noticiário que os membros de lá passavam as notícias, eu passava o meu tempo lavando louça assistindo e lá estava ele, Carlos, apresentando... Ele já tinha certa influência, era um dos líderes, eu o achava muito inteligente e esse intelecto, de certa forma, me atraiu. Tomei coragem e o cantei no Instagram, sim, eu fiz isso... Os amigos dele acharam que meu perfil era fake, e começaram a me seguir, até que o próprio me seguiu... Eu também entrei no movimento, me interessei demais, afinal, já tinha passado na prova e queria sair do tédio.
Esse tal Carlos lançou um livro (só para situar, ele tinha uns 21/22 anos na época) e eu, já meio gamada no moço, resolvi ir no lançamento e conhecê-lo pessoalmente. Era em setembro mais ou menos e lá estava eu na fila da Fnac, conheci os amigos de movimento dele, chegando a minha vez, tirei foto e perguntei "lembra de mim?", falei meu usuário do Instagram e ele se ligou na hora, até brincou falando que achou que era fake, autografou meu livro com "para minha fã nº 1", ganhei meu dia além de conhecer muita gente "legal".
Talvez tenha ficado cada vez mais conhecida por conta das minhas cantadas, cheguei até ganhar ingressos para o congresso deles, ganhei apelido de futura primeira dama e por aí vai....
Chegou o tal dia do congresso, fui com uma das amigas dele, ela sempre me tratou com carinho, até me adotou, mas confesso que chegando lá, a visão que o pessoal tinha de mim era uma visão de irônica, era chacota, ouvia alguns comentários desagradáveis, além do próprio Carlos rir discretamente de mim. Por sorte, acabei conhecendo alguém lá, que eu não fazia ideia que eu me apaixonaria depois: Ivan (deixemos para o próximo capítulo).
Esse congresso acabou, voltei pra minha rotina normal, de vez em quando conversava com o Carlos, mas nada muito profundo, ele era meio rude, me tratava como se fosse burra, não vou mentir, ficava triste pois estava apaixonada... Até que chegou um dia que ele resolveu me chamar para sair.
Bom, eu tinha ganho meu dia, certo? Finalmente o Carlos me notou de verdade, coloquei meu vestido que tinha ganhado de aniversário (tinha acabado de fazer 15) e marcamos um cinema perto do shopping de casa, comemos um McDonald's, um moço chegou parar ele e eu fui apresentada como namorada (???), depois fomos ao cinema.
Mal as luzes apagando ele já partiu para o beijo, eu fiquei beeeem assustada... Pô, era o terceiro cara que eu beijava, ele já indo direto para os amassos, mas enfim, eu queria e o beijei de volta.
Acontece que esses amassos vieram com uma surpresa não muito boa: Mãos bobas, de fato, eu sabia que isso acontecia, mas não no primeiro date, muito menos com alguém que você mal tem intimidade, descendo a minha mão contra minha vontade, até que o próprio desceu a mão. Eu confesso que eu tirei forças do além para impedir que ele encostasse em mim. Eu fiquei tão em choque na hora que só sentia as lágrimas escorrendo enquanto eu empurrava as mãos dele. Ele tentou mais umas vezes e depois desistiu, mal me beijou. Foi embora antes de mim, me deixou sozinha na calçada.
Eu falei para os meus pais que tinha ido tudo bem, contei para as minhas amigas, mas contei de um jeito bom, não falei como me senti, coloquei o fato dele ser um homem maduro na minha mente como desculpa para o que aconteceu, que homens maduros fazem isso.
Eu ainda gostava dele, mesmo depois de tudo, a conversa continuou "normal", ele do jeito seco e eu correndo atrás, ele me chamava pra ir na casa dele, mas minha mãe impediu (obrigada mãe), com o tempo eu fui percebendo o que aconteceu, até me rebelei.
Encontrei ele no tinder há muitos meses, no impulso dei like, veio o match, passou um filme em minha mente, nem sei se ele se lembrava de mim, mas ele é alguém que eu nunca vou esquecer, mesmo as feridas estando quase que 100% cicatrizadas.

Amores e não amores Onde histórias criam vida. Descubra agora