E o meu fez casa em ti

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seoyoon__: Olá pessoas maravilhosas, aqui estou eu com minha primeira fanfic para este projeto lindo.

Para quem não me conhece, sou Gabi e sou a ADM dos ficwriters, prazer em conhecer vocês.

Sou apenas uma autora eventual, então não esperem ver muitas histórias minhas por aqui, mas espero que eventualmente quando eu trouxer alguma, seja algo de qualidade e que agrade a todes.

Sem mais delongas, boa leitura.

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Era 1963 quando Seokjin e sua mãe se tornaram imigrantes no Brasil. Aprender uma nova língua foi difícil, mas por já saber espanhol e pela necessidade, além da ajuda de alguns moradores, acabou aprendendo rápido, mesmo que ainda carregasse um sotaque um tanto acentuado, o qual eu adorava.

Estudar línguas era sua paixão e por isso no início de 1967, em seus quase trinta anos, já falava cinco delas. Também era muito bom escrevendo uma vez que, antes de sair de seu país, era estudante de jornalismo e ainda que não conseguisse pronunciar corretamente algumas palavras em português mesmo após cinco anos, ele era muito bom escrevendo cada uma delas.

Foi assim, escrevendo, que conseguiu vender seu primeiro artigo em julho daquele ano, pouco antes de nos conhecermos. Era apenas um pequeno texto anônimo de pouco mais de trezentas palavras no qual questionava o governo brasileiro e criticava a intervenção militar, algo que havia escrito em um momento de rebeldia, mas acabou que no fim dessa história ele tinha tantos desses que era impossível contar. Na mesma época o tropicalismo começou a ganhar força dando início a inúmeras manifestações pelas principais capitais brasileiras.

E foi em uma dessas em que conheci Kim Seokjin.

Eu estava no meio do curso de medicina, o qual havia começado por pressão dos meus pais. Eu vinha de uma linhagem de médicos: meu bisavô era médico, meu avô idem, meu pai e minha mãe também e eles haviam sido claros em não me dar nenhuma escolha.

Assim como meus primos eu daria orgulho ao sobrenome Kim e me tornaria um cirurgião de respeito.

Meus avós haviam se mudado para o Brasil a pedido de um importante amigo, que depois viria a ocupar um cargo muito respeitado na política do país, meu avô atuava como seu médico particular, e não precisou de muito tempo para que sua clínica estivesse lotada de pacientes da alta sociedade, como havia sido prometido.

Quando meu pai se formou na faculdade foi enviado imediatamente à Coreia para fazer especialização, já que meus avós tinham medo dele acabar se envolvendo com uma mulher que não fosse coreana, e assim como esperado, quando ele voltou ao Brasil três anos depois, minha mãe estava ao seu lado, uma médica bonita e de boa família.

E aquele tipo de vida era exatamente o que eles esperavam de mim. Eu deveria terminar a faculdade, fazer uma especialização na Coreia e voltar com um compromisso firmado com uma mulher coreana de alguma família que eles considerassem relevante.

Pelo menos era o que esperavam de mim, até aquele fatídico dia em que eu cansei.

Era quarta-feira à noite quando eu decidi que conversaria com eles sobre o futuro que queria para mim, e mesmo que eu não esperasse compreensão, também não esperava os gritos de minha mãe, a agressão do meu pai e ter que pela primeira vez dormir na rua. 

As coisas só não ficaram tão ruins porque no dia seguinte, enquanto ambos trabalhavam, eu entrei em casa e peguei tudo o que eu precisava, desde roupas e objetos de uso pessoal até o dinheiro que havia guardado por tanto tempo.

Lar é onde mora o coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora