pior escolha...

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⚠️CONTÉM VIOLÊNCIA⚠️

Por favor, respeitem o aviso caso tenham sensibilidade, não quero ser a causa do mal-estar de ninguém.

Boa leitura 🥀
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Amelie's pov:
Eu nunca soube o quão bom era ver uma amiga feliz até ver Eva se resolvendo com os pais. Ver seu sorriso e ela verdadeiramente bem era muito melhor do que me aproveitar dela para conseguir o que queria.

Não que o que eu fazia fosse certo...

Acho que por uma grande parte da minha vida eu me privei das coisas mais simples e foquei apenas em tentar me tornar alguém que eu não era. A pressão que meus pais colocavam em mim sempre foi absurdamente grande, tudo isso para alcançar o inatingível.

Então ajudar a minha amiga a ser ela mesma e conseguir compartilhar sua felicidade com aqueles que lhe dão apoio me fez sentir que estava fazendo algo diferente com a minha vida. 

Algo bom.

Entretanto, eu não queria ficar incomodando os Cudmore's e resolvi ir para casa no final da tarde.

Pior escolha impossível.

A casa estava silenciosa, algo que me chamou atenção, já que sempre tinha barulho em algum lugar, porém, tentei ignorar e ir diretamente para o meu quarto. Pelo menos passaria despercebida pelos meus pais. Subi as escadas em passos lentos e caminhei até o final do corredor, ainda sem ouvir nenhum som sequer.

Pude sentir a cor sumir do meu rosto ao ver que as duas pessoas que mais me davam medo estavam me esperando na minha porta. Eu tentei recuar, mas logo me vi sendo puxada para dentro do quarto com a maior força do mundo.

-Você não cansa de estragar a vida de todo mundo não, garota? - questionou minha mãe, enquanto meu pai me forçava a sentar na cama. - O que você pensou que estava falando? Que absurdo era aquele?!

A voz dela foi aumentando gradativamente, ao mesmo tempo em que eu me encolhia em pavor. Eu não queria apanhar.

Não de novo.

Ainda assim, eu sabia que não poderia controlar nada daquilo. Qualquer coisa que eu tentasse falar os deixaria mais enfurecidos e seria cada vez pior para mim. 

-Suas palavras tem peso na vida das outras pessoas, pirralha! Não fale mais nada daquela baboseira, me ouviu? - demandou meu pai.

Eu desviei o olhar e concordei com a cabeça, com muito medo de falar algo errado ou inapropriado. Contudo, de nada adiantou. Meu rosto ardia como nunca antes e as lágrimas que caíram foram quase involuntárias.

-Não aja como se isso não tivesse acontecido antes! Você é uma grande bebê chorona e uma decepção para a família. - olhei para os mais velhos com os olhos já vermelhos, pedindo para que aquilo acabasse logo. - Vamos, diga que não vai dizer mais besteira alguma!

-E-eu não posso… - meu pai me bateu novamente e eu já resmungava de dor.

-Sim, você pode, E VOCÊ VAI! - gritou minha mãe. - VOCÊ NÃO É NADA NESSE MUNDO, AMELIE! OBEDEÇA SEU PAI COMO UMA FILHA DE RESPEITO.

-E-eu… eu… - eu estava entrando em pânico, aquilo era outro nível de pressão psicológica, o qual eu não conseguia lidar. 

Senti outro acerto em minha bochecha e, pelo canto do olho, percebi minha mãe tirando o cinto da cintura.

Não, não, não…

-VAMOS, AMELIE! FAÇA ALGO CERTO NA SUA VIDA, IDIOTA! - meu pai foi ficando mais e mais agressivo, ao ponto em que eu me debatia e tentava largar suas mãos de meus pulsos. - AMELIE ZILBER, ISSO NÃO É TÃO DIFÍCIL, SUA IMPRESTÁVEL! - senti o couro do cinto bater com força contra a pele da minha coxa e soltei um berro estrangulado por tamanha dor. - AMELIE! AGORA! - meu corpo já estava exausto, ouvi aquele mesmo estalo e senti aquela mesma dor de novo e de novo até conseguir passar pelo choque e poder me pronunciar.

-P-PARA! PARA! E-eu prometo! Prometo nunca mais falar nada. 

Não adiantou absolutamente nada. 

Eu passei a me debater cada vez mais enquanto minha mãe me segurava e ele me espancava. Minha garganta doía pelos gritos, meu corpo estava cansado e a minha mente destruída por todo o inferno que estava passando. 

-PAREM! POR FAVOR… M-ME DESCULPEM! - foi aí que tudo parou. 

Os dois me largaram como se não fosse nada e me deixaram chorando compulsivamente, encolhida no canto da cama.

-Aos poucos você aprende a se comportar… mas não nos faça fazer isso de novo, dói tanto em você quanto em nós, porém é tudo para o seu bem. - disse minha mãe, achando que tinha razão, como sempre. - Se recomponha, você fica péssima chorando.

Eles deixaram o quarto e eu precisei de mais de uma hora para conseguir me acalmar. 

"Por que comigo?"

Era, e sempre será, uma das frases mais mesquinhas que alguém podia pensar, mas a que mais passava na minha cabeça naquele momento. Não era como se eu quisesse que fosse outra pessoa no meu lugar, longe disso, eu só não queria estar naquela situação. Todo meu corpo pulsava e ardia em dor, já minha mente queria me fazer acreditar que eles estavam certos, mas não deixaria isso acontecer de novo.

Isso precisava acabar.
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Eu nem sei o que falar aqui...
Não esqueça de deixar a estrelinha 🙃

exchange student || dixison Onde histórias criam vida. Descubra agora