"Este é o meu pecado"
A pronúncia, os lábios de cor púrpura e o sangue que tinge o papel em que escrevia.
As cores gélidas das nuvens escuras invadira os escombros da cidade.
Somente uma estação de inverno.
Um inverno chuvoso de sentimentos que irão percorrer por minhas veias, porque estou sentado à escrivaninha e em minhas mãos há uma velha caixa que Victor deixara sob a cama. Mas, o que me fizera sentir-me inundado por sentimentos complexos fora o nome de Oliver escrito em uma de suas faces.
Fecho os meus olhos, respiro fundo e finalmente retiro as quatro cartas e um pequeno livro que estavam ali dentro. Empoeirados, com as suas cores cativadas a adquirirem o amarelamento.
Em um único passo deito-me sobre a cama. As cartas estão inumeradas por números e se distinguem por cores. Só me resta seguir a ordem que, acredito eu, seja a maneira certa a se ler o mistério que está em minha frente.Carta de Oliver B. para Victor W.
Querido Victor,
é tarde da noite e o bosque se torna o meu lugar de refúgio nesse momento. Não te conheço, mas meu coração palpita para que eu te escreva e, contrariando a minha vontade, lhe jogue todos os meus sentimentos.
Não se preocupe. Não te darei a culpa por tudo o que está acontecendo. Na verdade, peço que cuide de Alberto, porque, acredite em mim, ele não saberá lidar com a dor dos dias futuros.
Sempre mantive a estabilidade emocional em nosso relacionamento, mas eu me corrompia por dentro. Eu amava Alberto e estava disposto a me perder por ele. Mas tudo aquilo em que eu almejava a perdição acabou me jogando em um abismo profundo, onde você não conhece a misericórdia e anseia a menor das dores. E assim estão sendo os meus dias. Jogado nos sentimentos que o meu próprio eu produz e não consegue codificar. E, espero que estes dias não se tornem teus, porque é a última lembrança que me restará de Alberto, então lhe peço que, por favor, não tome a minha única esperança. Mas cuide dele, por mim e por você.
Nos próximos dias nos tornaremos pessoas estranhas. Passarei por vocês pela rua e creio que não irão me reconhecer. Mas estarei tomando os devidos cuidados para que não esbarremos por aí, muito menos que nossos dedos se toquem, porque um único toque pode vir a revelar tudo e não creio que seja a melhor opção encarar este sofrimento enquanto o podemos esconder no fundo deste oceano que chamamos história.
Não quero que sinta pena de minha pessoa. Não, jamais. Quero que se sinta reconfortável ao saber que eu também te amo, assim como Alberto ama a ti. Isso não quer dizer ser de meu desejo deitar-me à cama com você ou ao menos te beijar. Quero dizer que tenho carinho por quem você é e que o complexo de meus sentimentos se desfazem quando lembro de ti. Porque, se Alberto pode amar outra pessoa, por que não poderia eu conseguir fazer o mesmo?Este é o meu adeus.
Com amor, Oliver B.
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Velhas cartas e mágoas é tudo o que deixo para trás.
Romance"E, talvez na próxima tempestade, em uma outra vida, eu possa me arriscar amar você novamente, por mais que a velha história se repita e eu me perca nas desdenhosas profundezas de meu amor. Porque, afinal, um tolo como eu jamais poderia saber o sign...