love is easy

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Para mim, Seamus Finnigan, amar Dean Thomas era fácil. Sempre foi, na verdade.

Foi fácil amá-lo como amigo assim que nos conhecemos, com apenas 7 anos de idade. Ele era não só o amiguinho da casa do lado, era meu vizinho de janela, então era divertido conversar por papéis quando não podíamos sair para brincar. Ou quando estava tarde demais, mas não queríamos dormir. Os Thomas haviam aparecido para mim e para minha mãe no momento mais importante de nossas vidas, quando o homem que achei que me amava incondicionalmente nos abandonou sem olhar para trás.

Foi fácil amá-lo como melhor amigo quando Dean segurou minha mão nos piores momentos e também nos melhores. Quando dividimos segredos e quando compartilhamos piadas e travessuras. Éramos a dupla perfeita e nada nem ninguém era capaz de desfazer aquilo. Éramos Seamus e Dean, Dean e Seamus, juntos ao infinito e além. Ele era meu Stitch, sempre nos metendo em encrenca, e eu era a Lilo dele, sempre nos tirando da encrenca.

Foi fácil amá-lo como irmão nos almoços de domingo, onde Dottie, sua mãe (que também era seu pai), me puxava para arrumar a mesa enquanto Dean e Dona Laura, minha mãe (e também pai), ficavam na cozinha preparando a melhor comida do mundo. Era naqueles momentos que mais tinha certeza que tinha uma família para chamar de minha. A melhor de todas.

Foi fácil amá-lo como crush depois daquela festa, quando tinhamos 12 anos, que tivemos de nos beijar por causa de uma brincadeira idiota, mas que me fez sentir coisas que nunca achei que sentiria. Foi com aquele beijo que percebi que gostava de garotos e, mais especificamente, que gostava do meu melhor amigo. Foi com aquele beijo também que os meus surtos começaram, pois não conseguia esconder meus sentimentos recém descobertos.

Foi fácil amá-lo como idiota e lerdo que ele era. Depois de anos demonstrando de todos os jeitos possíveis e imagináveis, era óbvio que todo mundo ao redor ia perceber os meus sentimentos, mas ele não. Porém se havia uma coisa que sempre soube era que ele não fazia por mal ao dormir abraçado comigo ou quando desatava a falar sobre sua mais nova crush, afinal, para Dean, eu não passava de um amigo.

Foi fácil amá-lo como apenas amigo, mesmo quando eu queria mais que isso. Dean passou de namorado atrás de namorada, nunca sozinho tempo o suficiente para saber o que era isso. E mesmo quando estava solteiro, estava preso a outro alguém que não parecia capaz de dar o amor que ele merecia. Nem mesmo Ginny, a sua ex que era minha favorita e que tinha sido a única realmente decente, o amou como ele sempre sonhou, aquele sentimento avassalador que faz a pessoa suspirar apaixonada.

Foi fácil amá-lo até mesmo quando já estava cansado de receber migalhas, de ser eu o responsável por consertar o coração dele mesmo que nunca houvesse alguém para consertar o meu. Até quando explodi o que sentia na cara dele junto com o bafo de álcool e a dor de cotovelo 9 anos depois do nosso primeiro beijo.

Foi fácil amá-lo até quando achei que nossa amizade tinha acabado. Quando achei que tinha estragado tudo e que fosse levar um doloroso pé na bunda. Quando achei que tinha destruído não só nossa amizade, mas também nossa família.

Foi fácil amá-lo. Sempre foi. Mas foi difícil me afastar quando achei que estava tudo arruinado.

Entretanto foi ainda mais fácil amá-lo quando ele apareceu na porta do meu quarto com nossa primeira filha, Felicia, a Golden Retriever mais linda e fofa de toda a humanidade, pedindo desculpas por ser lerdo e por ter passado tanto tempo me machucando, mesmo que não soubesse.

Foi ainda mais fácil amá-lo quando ele disse que talvez sempre tivesse me amado, não só como amigo. Quando ele disse que queria tentar me fazer tão feliz quando eu já o fazia.

Foi ainda mais fácil amá-lo quando ele me beijou pela primeira vez depois de decidirmos tentar. Quando ele me segurou entre seus braços e tocou seus lábios nos meus, saboreando junto comigo todos os segundos daquele momento.

Foi ainda mais fácil amá-lo quando tivemos nossas primeiras vezes. Primeiro "eu te amo", primeiro apelido, primeiro carinho mais quente, primeira briga...

Foi ainda mais fácil amá-lo quando comemoramos nossas conquistas juntos e cuidamos dos machucados um do outro, quando nos apoiamos e torcemos um pelo outro.

Foi ainda mais fácil amá-lo quando alugamos nosso primeiro apartamento e o decoramos como sempre sonhamos. Tendo momentos incríveis naquele lugar que estará pars sempre na nossa lembrança.

Foi ainda mais fácil amá-lo quando nos formamos. Ele primeiro, me arrancando lágrimas de orgulho enquanto colocavam o distintivo em sua farda. Fui o segundo e, mais uma vez, não consegui segurar as lágrimas ao ver o amor da minha vida e minhas duas mães me encarando receber meu amado e suado diploma.

Foi ainda mais fácil amá-lo quando encontramos nossa casa dos sonhos e quando decidimos que iríamos comprá-la. Quando, juntos, reformamos, pintamos e decoramos cada cômodo, e mesmo que a gente discordasse de um monte de coisa, no fim sempre achávamos um meio termo que ficava bom para os dois. Éramos bons demais nisso.

Foi ainda mais fácil amá-lo quando ele me pediu em casamento, enquanto estávamos no meu antigo quarto, na casa da minha mãe, depois de ter passado um ótimo natal em família. Não teve nada grandioso, mas, pra mim, foi o momento mais perfeito da minha vida. Não precisava de mais provas de que ele me amava, pois tinha certeza disso só de olhá-lo, mas nada se comparava a sensação do anel pesando de modo confortável no meu dedo.

Foi ainda mais fácil amá-lo quando nos casamos, no dia mais especial de todos. Não teve muitos convidados, somente amigos próximos e a família, mas tinha tanto amor entre nós dois que poderia não ter tido uma única pessoa e ainda seria perfeito. Ah, e tinha Felicia levando nossas alianças para deixar tudo ainda melhor.

Foi ainda mais fácil amá-lo quando nossa família aumentou. Primeiro chegou nosso filho humano, Matt, um menininho de cinco anos que foi amado logo de cara. Depois de dois anos decidimos que precisávamos de mais movimento na casa e os gêmeos, Lívia e Alex, chegaram junto ao nosso novo mascote, Fefê. Então tínhamos a família mais perfeita de todas.

Foi ainda mais fácil amá-lo por todos os anos que se seguiram, enquanto nossos sonhos eram realizados e os obstáculos, vencidos. Enquanto nosso amor só crescia mais e mais a cada dia.

E nos amamos quando nossa primeira menina, a nossa companheira de muitos anos e que assistiu toda nossa história começar, ficou velhinha demais e morreu no nosso colo, Dean segurando minha mão enquanto chorávamos juntos, dividindo a mesma dor.

E nos amamos quando as crianças passaram pela terrível fase da adolescência, estávamos unidos para superar as crises e fazer todos eles passarem pelas vergonhas que só pais melosos demais podiam proporcionar.

E nos amamos quando tivemos que dividir mais dores e despedidas. A primeira a dizer adeus foi Dona Laura, minha mãe que falava pelos cotovelos, o câncer a levou embora depois de anos de tratamento. Dottie foi alguns anos mais tarde, uma noite, depois de um dos jantares na nossa casa, minha sogra dormiu e não acordou pronta para ir encontrar a sua melhor amiga.

E nos amamos quando nossos filhos, um a um, foram para a faculdade e se tornaram adultos. Construíram suas próprias famílias, nos dando genros e noras, netos e netas. Mais e mais pessoas para amar e nos amar.

E nos amamos quando voltou a ser apenas nós dois. Como sempre foi desde os nossos 7 anos de idade, Seamus e Dean, Dean e Seamus, juntos ao infinito e além.

E eu ainda o amo, mesmo que agora ele tenha ido. Eu o amo como nunca achei que fosse amar alguém e como desejo que todos amem. Eu o amo como ele sempre quis ser amado: de um jeito avassalador e que faz suspirar apaixonado pelos cantos como se ainda tivesse 12 anos e estivesse descobrindo todos os segredos do mundo.

Eu o amo e sei que ele me ama. E isso é o suficiente para não ter medo de fechar os olhos e ir me encontrar com ele onde quer que esteja, pois é óbvio que nascemos para ficar juntos.

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