Em um mundo onde os animais descenderam humanos com habilidades animália, duas garotas poderão serem responsáveis por reativarem o pavio de guerra por serem descendentes de presa e caçador.
⇝ s/ɴ: α
⇝ʙɪʟʟɪᴇ: Ω
Essas eram as únicas palavras que pude encontrar para descrever como estava me sentindo quando mergulhei na escura e vasta floresta do bosque de Angel'es. O escuro não era o que me espantava, nem mesmo o frio de uma noite típica de primavera, mas sim o que estava perseguindo-me.
Meus joelhos doíam, mas nem ousei fraquejar mantendo-me atenta enquanto estava sendo guiada pelos raios da grande lua nova que ascendia os céus. Segurava em uma de minhas mãos o que eu nem deveria ter ousado pegar, mas era necessário para fazer o medicamento de nossa líder. Tenho que confessar, entrar na horta do Clã Lupus foi totalmente fácil. Não é uma tarefa realmente difícil para nós do Clã Lepus, afinal das contas, nós descendemos dos coelhos. Nesta missão estava tudo tão perfeito e tão certo que eu realmente esperava que não fosse pêga por algum dos Lupus, mas infelizmente ás vezes eu me esqueço que aqueles aos quais descendem dos lobos tem um faro muito aguçado.
Merda, merda, merda!- resmungava baixinho me concentrando na claridade emitida sob a copas das árvores- Eu não quero morrer... eu não quero morrer...!
Seja lá qual fosse o participante do clã dos Lupus, era mais ágil que eu e meus pulos velozes. Mesmo focando-me com bastante dificuldades, tentava manter o capuz de minha capa negra sob meu rosto para não ser reconhecida. Estava tão perto da clareira que ligava a linha de divisão dos clãs que já começava a imaginar todos me parabenizando e até cogitando me subirem de patente. Já conseguia até mesmo sentir o calor quente da lareira de meu dormitório, porém tropecei sobre os galhos caídos fazendo-me desequilibrar quase que imediatamente.
Levei um tempo até sentir meu rosto debruçado sob as folhas secas do chão da floresta. Olhei rapidamente para minha mão que estava a segurar o que furtei dos Lupus e notei não estar mais a segurar. Meu "pequeno furto da horta dos cachorrinhos" estava distante o suficiente para me fazer forçar a vista sob a escuridão.
Porra...- praguejei tremulando quando senti aquilo que estava me perseguindo parar de correr. Minha nuca ardeu sentindo a presença intimidadora do que me observava- Mais que droga...!
Vire-me devagar ouvindo o som do lupus que me perseguia ofegando pesadamente pelo cansaço. Meus queixos tremularam por um momento vendo a silhueta da 'fera' como se eu fosse uma garotinha de 4 anos. Agora eu sei como meus pais se sentiram em seus momentos finais antes de serem mortos por esse imundo clã de feras. As palavras da última conversa que tive com minha mãe escorriam sob minha mente como um lembrete para eu jamais esquecer:
" Lobos são predadores, coelhos são presas."
Eu sinto muito...- lamentei vendo a figura andar despreocupadamente para perto de mim onde reinava os raios de luz sob as copas.- N-nossa líder está muito doente. Descobri que suas frutas de romãs possuem um líquido dourado como um elixir curativo. Roubei uma romã na esperança que poderá salvar nossa líder. E-eu sinto muito...
Fracos...- ouvi a figura negra murmurar guturalmente enquanto ficava mais perto da claridade- Todos os lepus são fracos e covardes!
Os raios da lua banharam a figura demonstrando em minha frente uma bela mulher de olhos azuis oceânicos penetrantes, lábios definidos, pele de pêssego e vestes de pelagem negra. Uma figura hipnotizante, porém seus cabelos negros com leves toques florescentes de verde neon eram o que mais se destacava no fundo daquele breu...
Senti meu coração acelerar só de olhar aquela moça. Um súbito fogo percorreu entre minhas veias por um segundo quando a mulher inclinou sua cabeça para me olhar melhor. Comecei a tentar me levantar com o inútil intuito de cruzar a linha dos clãs, porém a mulher de olhos oceânicos segurou minha perna enfiando suas unhas extravagantes unhas em minha carne.
Seja breve- roguei em um doloroso tom de súplica- faça o que você e seu clã fizeram com meus pais, mas por favor, seja breve!
Um sorriso sínico surgiu na face daquela Lupus imperdoável quando me ouviu pedir aquilo...
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