Capítulo 11: Angel'es

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  Existem dezenas de pessoas que devem ter ouvido histórias ruins sobre quem foi preso, mas eu só acredito por estar agora. Só faziam três dias, mas já considerava tudo um grande inferno. O aspecto da comida era de fazer qualquer pessoa vomitar, as presas odiavam-me por ser uma Lepus ironicamente Alfa e... as vezes ainda consigo ouvir Billie tentando se comunicar comigo inutilmente.

O sol escaldante batia impiedosamente no pátio da prisão, onde um silêncio pesado e sufocante pairava no ar. Somente permanecia quieta, sentada no chão enquanto via as demais tentando esquecer onde estávamos, e sendo sincera, creio que algumas guardavam cicatrizes visíveis enquanto outras carregavam feridas emocionais que nem mesmo o tempo poderia curar. O chato apito do almoço soou ecoando pelo lugar, e o barulho metálico das algemas e a agitação das presidiárias misturavam-se aos murmúrios de conversas sussurradas na formação da fila. Fui a última do lugar a se juntar.

Se forem boazinhas, ganharão sobremesa— caçoou a carcereira abrindo a porta para entrarmos— se forem más, bem, elas nunca vivem pra contar o que aconteceram com elas

Eu mal comia, então com certeza agora aquela porcaria que chamam de comida poderia valer pra mim agora. A fome tomou mais conta de mim quando invés de um fedor de lixo senti cheiro agridoce da comida do refeitório invadia o ambiente.

Me sentei sem cerimônias, isolada como de costume das demais e pronta para abrir a marmita, mas então uma tensão latente começou a se formar quando ouvimos a porta bater novamente.

Atrasada novamente, rabo-de-cavalo? —ironizou a carcereira enquanto uma mulher abaixo da estatura desfilava pelo lugar— o tempo na solitária te fez ficar surda?

Engoli seco quando a vi se sentar na cadeira à frente da policial. Trocavam olhares carregados de desdém, as palavras inaudíveis das presas atrás de mim se transformando em murmúrios carregados de medo. Sem aviso prévio, a discussão em nossa frente se intensificou, culminando em um confronto físico.

Código 12! —gritou a carcereira jogando a mulher com toda força no chão— Chamem reforços! Vulpes está violenta!

Algo fervilhou em mim. Não sabia quem aquela presa era, mas está óbvio que não foi ela que começou aquele circo.

Corri até onde estavam e com ajuda da minha habilidade, chutei a policial com destreza!

Hey, você tá bem? —perguntei vendo a mulher somente olhar surpresa pra mim

Os guardas apareceram para controlar a situação, mas a confusão se espalhou rapidamente, como um rastilho de pólvora em uma noite escura. Presidiárias se envolviam em brigas, socos e gritos ecoavam por todos os cantos. Eu, instintivamente, procurei um lugar seguro para se abrigar, mas antes que pudesse encontrar uma rota de fuga, me encontrei no epicentro daquela batalha atordoante.

Me defendia dos golpes desordenados, esquivando-se tentando evitar qualquer dano físico. Meus olhos se fixaram naquela pequena mulher novamente, o que perdia em estatura, compensava em atmosfera imponente. Ela parecia... admirada? Sim! Admirada era a palavra que procurei, mas não sabia com o quê, quando novamente me distraí, fui empurrada no chão, saí quase engatinhando para debaixo de uma cadeira vazia

Hey... — chamou alguém

Olhei para cima e vi que era aquela mulher que chamaram de Vulpes.

Quem é você? —indaguei segurando em sua mão que estava estendida e pronta para me tirar do chão.

Ariana, Ariana Vulpes Grande—respondeu ela— se realmente quer viver, é bom vir comigo agora.

[...]

My Beast - (You/Billie) A.B.OOnde histórias criam vida. Descubra agora