Armadilhas da mente

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Jasmine Sanders, é uma mulher que todos dizem ser comum, até mesmo normal. Com 1.65 metros de altura, seus cabelos castanhos e olhos no mesmo tom. Ela consegue passar despercebida por onde passa.

A jovem olhando a criança brincar no penhasco, emanando uma paz com sua calma e sorriso doce em seus lábios, conseguiria convencer qualquer um de que não possui uma tristeza profunda, um trauma que nunca será apagado em seu coração e em sua memória. 

— Olha mamãe, um pássaro — O garotinho de olhos castanhos e pele morena aponta para o céu azul onde voa uma gaivota, ele olha para trás sorrindo para a sua mãe que está sentada em uma pedra e volta prestar a atenção no que ele mostra. 

— É uma gaivota — A mãe afirma enquanto mantém os olhos nos céus. 

— Quero voar igual a "gavota" — Sua fala ainda prejudicada pela idade faz sua mãe sorrir. 

— Gaivota! E você não pode voar, você é humano! 

— Por que você nunca me deixa voar? — A voz chateada do pequeno menino faz a atenção de sua mãe retornar para ele, que está próximo demais do penhasco. 

— Noah se afasta da borda — Em alerta a mãe se levanta de modo a se aproximar e tirar ele dali antes que acate a sua ordem. Mas a criança se afasta sorrindo zombeteiro, achando a frustração de sua mãe muito engraçada.

— Você não me pega — Ele grita enquanto corre para longe. Sua mãe, já irritada com aquilo tudo, resolve mudar a abordagem. 

— Que tal, nós descermos daqui e ir nadar? — Jasmine a mãe do garoto não sabe nadar, mas o mar está calmo e ela faria qualquer coisa para que seu filho saísse daquele penhasco.

Ela está com uma sensação ruim desde que acordou, e achou uma boa ideia caminhar com o seu filho, mas desde que chegaram ali, a sensação estranha em seu peito que hora ou outra causava um aceleramento cardíaco, e reviravoltas em seu estômago se intensificou.

O pequeno Noah de apenas quatro anos e meio aceitou a ideia e segurando a mão de sua mãe, saíram daquele penhasco em direção a praia que fica a poucos metros. 

Eles não levaram roupas de banho, mas Jasmine não pensou que faria mal em tirar as suas roupas e ficar com suas peças íntimas, afinal a praia estava deserta. E somente com as gaivotas como testemunhas de suas travessuras eles entraram na água gelada e salgada, sorrindo e brincando. 

Por um segundo de distração de Jasmine, ela não notou que o nível do mar estava aumentando por conta da chuva que estava se aproximando, e uma onda que cobriu suas cabeças a levou para o fundo. Suas mãos deslizaram das mãos de Noah que se debatia para voltar para cima. Jasmin subiu a margem procurando por ar, e gritou o nome do seu filho que não estava mais perto dela. Ela foi submersa por outra onda, a água salgada entrou em sua via respiratória e ela se desesperou ao não encontrar o chão aos seus pés. 

Ao retornar, ela não viu o seu pequeno Noah e havia se afastado muito da areia branca, mas isso não lhe interessava mais. O seu filho não estava mais ali, o seu pequeno Noah sumiu na imensidão azul. 

Ela gritou o seu nome, chorou desesperada, tentou nadar para o fundo à procura do seu filho tão amado. Mas nada adiantou. 

***

— Confessa — Jasmine pula na cadeira ao som da voz raivosa do homem sentado no lado oposto da mesa. 

— Não fiz nada, eu juro! Eu não fiz nada! — Assim como das outras vezes que abriu a boca para falar, a torneira sentimental dos seus olhos se abriram, jorrando lágrimas que pingam em seus braços pálidos apoiados nas suas pernas. — Ele é meu filho, nunca faria mal a ele. — Ela tenta mais uma vez convencer aquele que lhe olha com desdém.

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