3 • Caelum

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#pessegodoce

Se Jimin não tivesse total consciência da sua boa saúde, pensaria fácil que seu coração fosse ter um treco e sair pela a sua boca. Batia como uma bateria de uma banda de rock, deixando seus ouvidos tontos pela sensação. Estava paralisado no meio do corredor, segurava a sua barrinha de proteína em mãos e se perguntava o que diabos tinha acontecido com Min Yoongi, paciente do quarto 4.

Alguns enfermeiros já entravam e saiam de dentro do quarto, com aparelhos conhecidos pelo ruivo. E não era nada bom quando eles eram usados, como desfibrilador e uma seringa de adrenalina. Uma colega de trabalho comentou que era uma parada cardíaca, o que fez Jimin soltar um gemido sôfrego ao imaginar a situação dentro daquele quarto.

Não podia ser, não tinha como ser. Yoongi estava bem antes dele sair do quarto, uma tosse que não identificou como emergência, já que fazia parte de seu diagnóstico.

Jogou a barrinha no lixo, se sentindo enjoado. Quando abordou o mesmo enfermeiro que tinha visto na entrada no hospital, ele explicou para o ruivo que o quadro era irreversível. Era questão de tempo até a família decidir desligar os aparelhos. Jimin passou as mãos no rosto. Geralmente lidava bem com as perdas dentro do hospital, mas quando era pego desprevenido dessa maneira, era meio difícil desligar seu lado emotivo.

— Esse vestiu o paletó de madeira mais cedo, mal deu tempo de eu trocar os meus quadros. — Yoongi deu de ombros em pé, ao lado de Jimin. Tinha seu oxigênio no chão, estacionado.

— Senhor, me deixe sozinho por um... Yoongi?! — Jimin gritou, se levantando em um pulo. — A seu filho de uma boa mãe!

O ruivo gargalhou, dando um tapa no ombro de Yoongi. Esse tossiu pesarosamente, se afastando com uma carranca.

— Ganhei cinco anos de vida a menos com seu tapa.

— Espera, se não é você quem bateu as botas, quem foi? — Jimin indagou, curioso.

— Achou que eu tinha puxado a cordinha? — o ruivo assentiu. — Você me infernizou a semana toda pra mudar de quarto, fui ver o outro e me pareceu melhor. Quando você chegou, eu já tava arrumando as coisas.

— Graças a Deus, não morrerei com a consciência pesada. — Jimin suspirou, jogando seus cabelos para trás.

— Olha aqui, você tava quase chorando que eu vi! — Yoongi acusou.

— Coitadinho, já tá delirando. — o ruivo colocou a mão no peito, sorrindo sapeca. — Sem provas, sem acontecimentos verídicos. É lei.

— Coitado do seu marido. — Yoongi se sentou na cadeira onde Jimin estava, se sentia um pouco cansado da mudança.

— Nascemos um para o outro. — Jimin deu de ombros. — Bom, já que você não está vagando como uma alma penada por aí, já posso ir embora.

— Espera, posso fingir que to morrendo pra você ter o que fazer. — Yoongi sugeriu, arrumando sua cânula nasal no rosto.

— Sim, depois vamos fazer trancinhas um no outro e comparar qual pinto é maior. — o enfermeiro riu. — Preciso ir, sou homem de família, sabe.

— Vai trabalhar amanhã? — Yoongi perguntou.

— Como eu disse, homem de família. Meu filho precisa de comida. — Jimin repetiu, lembrando-se do Aquiles.

— Você tem filho? — Yoongi perguntou desconfiado, rindo.

— Sim, Aquiles.

— Nome de cachorro. — Jimin fez careta. — Rá, te peguei!

— Meu filho. Alguma coisa contra? Não me importo de arrancar seu oxigênio. — o ruivo ameaçou.

Com amor, Utopia  • jikook • Onde histórias criam vida. Descubra agora