Capítulo 6: Depois de cinco anos

1.1K 151 44
                                    

O toque de suas mãos em seus cabelos trazia a sensação de paz tão necessária naquele momento, ela podia ouvir a batida cálida do seu coração contra o seu ouvido, e o cheiro suave de sua pele, uma mistura de mel, e algodão, tão familiar para Eda, era o suficiente para acalmar o próprio coração.

- Bebek. - Ele sussurrou, segurando o queixo dela delicadamente e fazendo-a erguer a cabeça para olha-lo. Serkan continuava a falar, calmamente, mas as palavras se tornaram inaudíveis, por alguma razão Eda sabia que eram palavras gentis.

O rapaz se aproximou, e beijou a maçã de suas bochechas para secar suas lágrimas, antes de voltar a distribuir beijos por toda a sua face, esfregando a barba por fazer em seu pescoço, e finalmente arrancando-lhe uma risada.

Eda despertou, sentindo um estranho aperto no peito, e a velha e familiar dor de cabeça, que sempre tinha quando exigia demais de sua memória. Colocou a mão sobre o peito e respirou fundo tentando se manter calma, antes de levantar-se da cama, e caminhar até a janela, para sentir a brisa fresca da noite de verão.

A memória era de pouco mais de seis anos atrás, talvez, ela só não conseguia se lembrar com riqueza de detalhes, qual a razão de estar chorando, ou o que Serkan havia lhe dito, mas não havia nada como a sensação de ser amada por ele, isso era muito claro para Eda, as memórias que tinha dos beijos, do carinho, afeto, das risadas, preenchia o seu coração de tal maneira, porém, também causava confusão em sua cabeça.

Onde esteve Serkan Bolat quando ela mais precisou?

Eda se apoiou na janela, e espiou o jardim, estranhando ao ver uma movimentação lá em baixo tão tarde da noite, mais estranho ainda era o fato de ser Kiraz, sozinha, do lado de fora. Aquela garotinha era uma criança muito estranha, a maneira que lhe olhava, e principalmente, como ela conseguia despertar tantos sentimentos novos, e desconhecidos na paisagista, sendo um deles a necessidade de descer para ver o que estava incomodando Kiraz naquela madrugada.

- O que está fazendo, Eda? - Sussurrou para si mesma, antes de pegar o roupão de seda e vestir sobre o pijama, e sair do quarto.

Desceu para o hall, e saiu até o jardim, caminhando até onde havia visto Kiraz. A menina continuava sentada no mesmo lugar, em silêncio, perdida em seus próprios pensamentos. O que poderia deixar uma criança de quatro anos tão pensativa?

- Kiraz, o que está fazendo? - Eda perguntou, se aproximando dela.

- Eda Yıldız, você me assustou. - A menina disse, colocando a mãozinha sobre o peito.

- Está tão tarde, Kiraz, você não pode ficar aqui fora. - Disse.

- Não consigo dormir. - Sussurrou. - Estava pensando no que a Güneş me disse.

- O que ela te disse? - Eda perguntou, curiosa, sentando-se ao lado dela.

- Ela disse que eu não tenho mamãe, e nem papai. - Respondeu. - Mas eu tenho mamãe, e tenho papai, eles só não estão comigo agora.

- Então você não deve ficar pensando no que essa Güneş diz, Kiraz. - Eda disse a ela. - A intenção dela é te deixar triste, como ela.

- Mas porque ela seria triste? A mamãe dela está por perto. - Kiraz questionou.

- As vezes ficamos triste, e nem sabemos o porque, talvez esse seja o problema dela. - Eda disse, sem ter muita certeza. - Não dê ouvidos ao que ela te diz, não é importante.

- Taman, acho que posso fazer isso. - Kiraz sorriu. Os seus olhinhos ficaram pequenininhos com o tamanho de seu sorriso, e, para Eda, era como se não houvesse mais nada de errado no mundo. - A minha anne é uma fada, como a mamãe do Peter Pan, por isso não pôde cuidar de mim.

Vila das Cerejas Onde histórias criam vida. Descubra agora