First Year Without You!

41 2 0
                                    

Park Jimin

Lembro-me de quando corríamos pelo lago atrás dos peixes e girinos. Lembro-me de como eu morria de medo das aranhas que apareciam entre as pedras, e de você, Jeon Jungkook, rindo de mim quando eu pulava no seu colo aos prantos, por ter tocado em uma sem querer.

Você tinha aquele belo sorriso de coelho no rosto, suas covinhas discretas e as ruguinhas que apareciam ao lado dos seus olhos e nariz. Era tão lindo, o sorriso mais belo que já vi, o sorriso pelo qual me apaixonei naquela biblioteca no Centro de Busan.

Lembro-me que você deixou o café entornar na sua camisa, e em vez de se irritar consigo mesmo, ou até mesmo comigo, já que tive participação nessa tragédia, você riu. Uma risada bela que aqueceu meu coração, aquela risada que me fazia sentir borboletas no estômago e febre nas bochechas. A mesma risada que você deu em seu último suspiro.

Hoje faz um ano que você se foi. Prometi a mim mesmo e a você que escreveria uma carta a cada ano, até o dia em que chegar minha vez, assim como chegou a sua.

Mudando de assunto, a senhora Kim está cuidando bem de mim. Os garotos estão todos bem, mas com muitas saudades. Namjoon ficou muito triste depois da sua morte; ele se isolou do mundo por alguns meses, mas acho isso compreensível da parte dele, afinal, você era o caçulinha dele.

Sua mãe até que lidou bem com a sua partida. Ela já sabia que esse dia chegaria — pelo menos, é o que ela diz. Mas sei bem que ela chora todas as noites ao entrar no seu quarto. E, sempre que vem me visitar, tenta não chorar. É difícil para ela vir ao hospital depois da sua morte, mas não a culpo.

Minha mãe parou de viajar constantemente. E aquele seu amigo, como é o nome dele mesmo? Ah, Yongguk! Ele saiu da reabilitação, está há dois meses fora do hospital, o que, para ele, é uma glória.

Às vezes, me pego olhando pela janela do nosso quarto e me pergunto o que você faria se fosse o primeiro a partir. Talvez você enlouquecesse, já que era mais sensível do que eu quando o assunto era a morte.

O que mais posso dizer? Ah, sim, sinto sua falta, muito mesmo. Mas tento não demonstrar. Tenho medo de fazer as pessoas sofrerem ainda mais. E, bem, acho que estou bem. Parei com a quimioterapia e meus cabelos já estão crescendo novamente. Ainda estou pálido e magro, mas acho que é por causa dos remédios e da dieta restrita do hospital. Às vezes, os garotos trazem algo escondido. Sei que, no fundo, os médicos sabem disso, mas deixam passar, pois sou obediente.

Estou com saudades. Espero te ver logo.

Te amo para todo o sempre

Cartas ao meu grande amor - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora