Capítulo 4: Uma aliança nasce.

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Espero o momento em que Bruce começará a rir e dizer que é tudo uma brincadeira mas seu semblante é sério, como de um verdadeiro líder.
_ Eu aceito sua oferta- ele sorri aliviado-mas...- seu sorriso murcha- se eu achar por um segundo que tudo isso é um plano ou que vai me trair, eu acabo com você- apertamos as mãos- não ouse me enganar, raposa- aperto sua mão com força e a solto.
_ Eu não vou- ele balança a mão dolorida- Vejo que mesmo eu tendo te ajudado ontem e cumprido com o combinado nesse almoço,  você não confia em mim- reviro os olhos- o que eu posso fazer para ser merecedor de sua confiança? – ele sorri todo galã,  e admito, ele se parece com um galã adolescente.
_ É bem fácil- tento ignorar ao máximo seu sorriso bonito- Não seja uma raposa!- sua carranca é impagável, não consigo impedir o riso que sobe a garganta e acabo rindo de sua cara- se isso era tudo o que queria- volto ao meu semblante duro- eu vou indo, tenho certeza que vai me procurar quando precisar de algo, então adeus.- pego minha mochila e vou até a porta, me viro para ele antes de sair- como prova de nossa aliança, leve a minha bandeja para o refeitório, por favor- ele ri balançando a cabeça e eu vou para a aula.
Minha última aula do dia era história, o professor explicava a lenda dos kardamas e como se iniciou os clãs,  eu já tinha escutado aquela lenda várias vezes, mas um nome me fez concentrar minha atenção no professor.
_ Katsune Kaguia, nossa grande Deusa, nos presenteou com nossas marcas e nos libertou da maldição de Édipo- me lembro do sonho de mais cedo e da batalha entre a tal Katsune e Adora e me pergunto, será a Katsune do sonho a Deusa da lenda?
_ Professor- levanto a mão e ele me da permissão para falar- existe alguma Deusa chamada Adora? – ele leva as mãos a cintura e pensa- Ou ela poderia ser alguma rival da Katsune?
_ Bem Mia- ele diz pondo a mão no queixo-  provavelmente  existiu uma Adora na nossa história,  mas ela não era nenhuma Deusa- ele cruza os braços e se senta em sua mesa- segundo as histórias ela foi a esposa de um dos líderes de seu clã,  mas não se tem certeza sobre isso, tudo o que temos sobre ela são referências em alguns textos e contos populares, se estiver interessada nesse assunto você pode pesquisar nos livros da biblioteca,  talvez encontre algo por lá,  agora voltando ao assunto- ele continua sua explicação, o sonho repassava em minha mente, tudo parecia mais como uma memória do que realmente um sonho. As aulas acabaram e eu decidi ir para a biblioteca como o professor sugeriu, alguma coisa me dizia que esse sonho não era sem propósito.
Os corredores estavam bem vazios, só alguns poucos alunos e outros funcionários passavam por mim, pelo horário todos já devem estar em seus prédios esperando pelo jantar, chego a biblioteca imensa com prateleiras recheadas de livros de todo tipo, se perder lá dentro não seria tão difícil. Pergunto a bibliotecária onde ficava a sessão de história dos clãs e ela me diz o caminho, procuro por alguns livros de meu clã e vou até as mesas de leitura, fico tão concentrada no que estou fazendo que nem percebo a senhora se aproximar,  ela diz que já está quase na hora do toque de recolher e que a biblioteca iria fechar, pego emprestado o livro que ainda não tinha lido e tomo meu caminho para meu prédio.  Está começando a anoitecer e o trajeto que normalmente faço é bem longo, decido cortar caminho passando pela arena de esportes, quando estou a uma distância da arena, sinto uma presença na escuridão, olho ao redor mais não vejo ninguém,  apresso meus passos mas não vou muito longe, uma criatura surge  me acertando, sou jogada ao chão mas me levanto rápido,  a criatura solta um urro horrendo e parte para cima de mim, tomo minha pose de combate e me desvencilho de seus golpes, ela tem o triplo de meu tamanho e eu não consigo liberar nenhum elemento, lutar contra ela é como pedir para morrer, tento desviar o máximo que consigo, mas estou ficando cansada e meus reflexos ficando mais lentos. O monstro parece cada vez mais impaciente com aquele acerta-não-acerta, ele urra zangado e lança um golpe violento acertando minhas costa e me jogando ao chão, ele prepara o segundo golpe mais entes que possa me atingir uma bola de fogo azul o acerta.
_ Ei bicho feio, não é assim que se trata uma mulher bonita- Bruce grita e atira mais bolas de fogo no monstro que apenas fica mais furioso, ele vem para cima de Bruce que saca uma espada e desfere um golpe na perna esquerda do monstro, ele cai e Bruce lança uma rajada de fogo que parece ficar cada vez mais quente, a criatura grita e se debate derretendo até restar um boneco estranho, Bruce pisa sobre o objeto e o quebra- Você está bem Mia? Se machucou? – ele corre até mim e começa a me analisar procurando por alguma ferida.
_ Eu estou bem- ele me ajuda a levantar- devo ficar só com alguns hematomas- olho para o local onde agora está os resto do monstro-  o que era essa coisa, ela surgiu do nada.
_ Era um golen de argila, mas o que ele fazia dentro dos muros?- Bruce me entrega minha mochila que eu nem sabia onde tinha ido parar- vamos sair daqui, não deve ter outro mas é melhor não arriscar.- Bruce pega suas próprias coisas e vamos para os prédios.
_ Obrigada por me salvar Bruce, eu estaria perdida se você não tivesse aparecido- ele sorri meio sem graça e passa a mão pelos cabelos.
_ Foi apenas sorte, eu estava treinando um pouco na arena e te vi passando, e quando ouvi o sons de luta deduzi que você estava em encrenca, nada mal para uma maldita raposa, não acha, lobinha?- ele pisca e eu reviro os olhos- Mas deixando a brincadeira de lado, porque não uso seu elemento, sei que você é do primeiro nível, mas tenho certeza que seu clã te ensinou luta elementar básica.
_ É que eu não tenho um elemento- desvio o olhar envergonhada, geralmente desenvolvemos algum elemento antes de entrar na academia, podendo ser o de maior afinidade ou não- não consegui nem um elemento de afinidade na concha, eu não sei a razão disso- Bruce me ouve em silêncio, ele me olha mas não com pena, como as pessoas costumam fazer, é diferente.
_ Você é bem corajosa- ele sorri e fixa a atenção a nossa frente- mesmo não tendo elemento e nem uma arma para se defender, você não fugiu, enfrentou o monstro e resistiu sem muitos ferimentos- mesmo suas palavras de raposa não serem relevantes para mim, fico feliz em ouvi-las – mas não faça isso outra vez Mia, eu não vou estar sempre perto para te salvar- ele sorri zombeteiro e eu dou um soco em seu braço- Ai!
_ Eu não vou precisar ser salva- ele sorri debochado passando a mão onde o atingi- eu fui pega desprevenida, afinal Strondbook é o local mais seguro de todos os sete domínios , eu não deveria ser atacada por um golen enquanto estou dentro do campus- Bruce tem aquele ar sério de mais cedo- tem algo muito estranho nesse ataque.
_ Eu também acho, mas afinal o que fazia por aqui depois da aula?- Bruce tinha a expressão de um gato curioso- por acaso estava me espionando treinar? Já que nós dois temos um histórico com isso, não é? – ele se aproxima e levanta as sobrancelhas várias vezes.
_ Sai dessa, raposa- empurro sua cara para longe- Eu não perderia meu tempo com você duas vezes no mesmo dia- ele faz uma careta ofendido- eu estava na biblioteca,  fazendo uma pesquisa, acabei ficando tempo demais lá e decidi cortar caminho pela arena, só isso.
_ Uma pesquisa- ele passa a mão nos cabelos- interessante, sobre o que era?- ele abre um riso safado- alguma coisa sobre a reprodução humana? Você tem cara de quem lê fanfic erótica a noite- dou outro soco em seu braço- nossa, você é tão agressiva.
_ Cala a boca, idiota- que raposa mais irritante- eu não leio esse tipo de coisa- na verdade, eu leio sim, mas não sempre- eu estava pesquisando sobre a  história do meu clã, se havia alguma Adora na minha linhagem, mas eu não encontrei nada sobre ela.
_ É óbvio que não vai, esses livros foram escritos muito depois dela- ele diz com uma naturalidade como se aquilo fosse claro para qualquer um- o que fazia na sua vila que não conhece sua própria antepassada?- paro abruptamente surpresa , como ELE pode saber algo sobre Adora e o meu clã,  só pode ser uma brincadeira dele.
_ Deixa de mentira- ele me olha confuso- Você não sabe de nenhuma Adora Maximoff,  isso seria ridículo, você é uma raposa, como saberia algo mais do que os lobos?- ele revira os olhos e depois me encara como seu eu fosse uma mongolóide,  que era como eu estava me sentindo no momento.
_ Não é por que eu sou uma raposa que não tenho curiosidade- ele parece meio irritado, talvez pelo modo como eu disse que eles eram meio tapados com relação aos lobos?- eu gosto de história e das lendas de todos os clãs,  por isso sempre estudei bastante sobre o assunto e claramente sei mais sobre o seu clã do que você mesma- essa última parte foi dita com um leve tom de desafio e deboche, mas pelo visto ele estava certo- Você teve uma sei-lá-o-que-avó chamada Adora Maximoff, ela ajudo o alfa a liderar seus exércitos contra um inimigo extremamente poderoso lá nos primeiros anos da era dos clãs- Bruce me contava tudo com um brilho de animação no olhar- dizem as lendas que ela guiou seus soldados contra batalhões seis vezes maiores que eles, mas ela pereceu em batalha depois de derrotar o líder inimigo, é estranho e uma vergonha não contarem essas histórias no seu clã. – Ele tinha razão, era muito estranho que uma guerreira tão poderosa tenha vivido em nosso clã mas ninguém fale sobre ela.
_ Já que é tão conhecedor da história do meu clã- digo irônica e ele ri- sabe de alguma Katsune Kaguia além da Deusa? E se ela batalhou contra essa Adora?- ele me olha curioso, tenho certeza que deve estar se questionando porque da minha curiosidade no assunto.
_ Não até a onde tenho conhecimento,  apenas a Deusa é citada com esse nome, e eu acho muito difícil que Adora tenha enfrentado a Deusa Katsune, afinal é uma Deusa- ele me olha fixamente e diz sério- porque quer saber sobre elas? O que está escondendo?
_ Não estou escondendo nada- encaro ele de volta, se ele acha que me intimida, esta bem equivocado- eu não devo explicações a você, Bruce- ele da um sorriso de canto.
_ Somos aliados, não é? Devíamos compartilhar as coisas- sua pose convencida me faz querer esmurrar aquela cara bonita- como quer que confiemos um no outro se mantém segredos, lobinha?
_ Isso não tem nada haver com nossa aliança,  é pessoal- volto a andar e o deixo para trás- obrigada por me salvar e pelas informações, Boa noite raposa.- ele continua lá parado apenas me observando e isso me irrita, olho para trás e mostro meu dedo do meio para ele- para de me encarar, seu maldito! – ele ri e começa a andar também.
Chego no dormitório e encontro Khatrine andando de um lado para o outro da sala, quando ela me vê corre ao meu encontro e me esmaga em um abraço, gemo de dor por conta das pancadas que levei.
_ Mia onde você estava?!- ela segura meus ombros e me balança- eu estava preocupada,  você não pode sumir assim! E por que parece que foi atropelada por uma manada de elefantes?
_ Não eram elefantes,  era um golen- jogo minha mochila de lado e me sento no sofá- eu estava vindo para cá quando um surgiu do nada e me atacou, Bruce Darion estava treinando na arena e acabo com a criatura- ser salva por aquela raposa é algo que vai voltar para me assombrar.
_ Como isso pode ser possível? – Khat leva a mão ao rosto- Esse lugar devia ser seguro contra esse tipo de coisa- ela para por um instante como se processasse alguma informação- Pera você disse que foi salva pelo Bruce Darion, o filho do líder do CLÃ DAS RAPOSAS?!- há, era isso que ela havia percebido, apoio os cotovelos nos joelhos e enfio os dedos entres os cabelos, tinha me esquecido que ninguém sabia da nossa aliança e que ninguém aceitaria ela- COMO ASSIM? DESDE QUANDO VOCÊ FALA COM AQUELE LÁ?  MIA O QUE CARAMBAS VOCÊ ESTÁ FAZENDO? O SEU PAI VAI SURTAR COM ISSO,ELE VAI TER UM TRECO,  CERTEZA QUE VAI...- ela gritava andando pela sala, levantei minha cabeça e olhei para ela tendo um chilique, peguei minha mochila e subi pro meu quarto deixando ela e seus surtos para trás, não,  eu não vou lidar com isso hoje, disse para mim mesma e tranquei a porta do meu quarto, naquele momento eu só queria dormir.
_ Boa noite, lobinha- eu pude ouvir baixo antes de pegar no sono.

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