A decisão

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Conduzia o carro pensativa. – "Será que isto está certo? Eu não estou a fazer nada de mais, não é? - Conduzia pela estrada com o GPS ligado, - "Não conheço bem o caminho até a casa dele," - até porque era a primeira vez que iria ao seu encontro.

Enquanto me questionava se esta não era uma decisão errada, flashbacks vieram-me à cabeça. Neles, o meu Marido nunca me dava atenção, sempre ocupado, a cabeça atolada no trabalho. Eu clamava pela sua atenção, mas ele nunca olhava para mim. Noites sem fim, deitada na cama vazia e fria, esperando para que (ele) se deitasse, para depois descobrir que (este) teria adormecido no sofá do escritório. 

- "O que estás a fazer é totalmente compreensível! Ele nunca te dá atenção e não sabe valorizar-te, não te casaste com ele para depois ser negligente contigo!". - O Diabinho no meu ombro esquerdo dizia-me.

Parei (o carro) em frente à casa geminada. Enquanto descia do carro e tocava a campainha, o anjinho no meu ombro direito alertava-me:

- "Volta para casa, o que falta no vosso casamento é o diálogo! Ele nunca se apercebeu que sentias a falta dele e tu nunca lho disseste. Lembra-te como tudo era antes dele ficar demasiado focado no trabalho!"

O anjinho continuava a dizer no meu ombro e calou-se no momento em que a porta da casa se abriu.

Afastei os meus pensamentos dos conselhos que o anjinho me dava e concentrei-me no homem à minha frente que já me esperava com um copo de vinho na mão e sem camisa. Conheci-o há um tempo atrás no café. Desde o primeiro momento, encantei-me com os seus belos olhos esverdeados e cabelo preto. Ele sempre me cantava e elogiava. Ao início, repreendia-me por cair nas suas artimanhas, mas, passado um tempo, comecei a convencer-me que talvez não fosse tão errado ceder às suas investidas.

Entrei (dentro de casa), a mesa estava posta. Um flashback veio-me à memória. Era o nosso segundo aniversário de casamento, e o meu Marido tinha- -me preparado uma surpresa, ironicamente, era a mesma comida que estava posta na mesa dele.

Depois de comermos, comecei a duvidar se o que estava prestes a fazer era o certo. Quando ele se aproximou para me beijar, a milímetros dos meus lábios, flashes de momentos iguais com o meu marido vieram-me à cabeça. 

Já tinha a minha resposta! Afastei-me dele, que estava confuso sobre a minha decisão. Pedi-lhe desculpa e disse que não iria conseguir fazer aquilo. Corri (casa afora) até o carro e acelerei em direção a casa.

Tinha de dizer ao meu marido que o amava e que queria a atenção dele. Em meio às lágrimas, sorria, pois antes de fazer um erro irreversível, pensei melhor, e, desta decisão, com certeza, não me arrependeria.

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