O Nascimento- Acosf Para Feysand

Te vejo do outro lado

Feyre

O único conforto que tive foi o fato de estar cercada por todos que amava em meus momentos finais.

Mor, meu raio de sol em um mundo de sombras.

Amren, que me ensinou a ser corajosa e a superar meus medos.

Cassian, que atuou como meu pilar e me ajudou a encontrar meu riso.

Azriel, que me ensinou que existe beleza no silêncio.

Elain, que tinha mais a oferecer do que o mundo a via.

Nesta, que esqueceu que as chamas também eram a fonte de calor e luz e que lutou para ver a beleza que eu vi.

E, claro, Rhys.

Rhysand que havia esperado por mim, disposto a me ver casar com um homem que massacrou sua família apenas para que eu fosse feliz. Meu parceiro que se considerava indigno de qualquer amor. O Lorde Supremo que sempre me deu uma escolha e me colocou em um pedestal. Ele desempenhou o papel de meu espelho e me mostrou as coisas de que eu era capaz. Um homem que trouxe alegria e amor para uma vida que não tinha nenhum.

"Entre em sua mente para aliviar a dor", disse Majda ao Lorde Supremo.

O arrependimento brilhou em seu rosto quando percebeu que poderia ter feito isso muito antes.

"Eu também esqueci", assegurei-o sem fôlego.

Ele abaixou a cabeça, respirando fundo. Ele estava tentando encontrar palavras, eu percebi.

"Feyre, querida ..."

Não.

Doeu ouvi-lo usar meu apelido dessa maneira. Eu o parei antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa.

"Sem despedidas. Sem despedidas, Rhys."

Ele mordeu o lábio e acenou com a cabeça, concedendo-me meu desejo final.

Eu senti os poderes do meu companheiro entrarem em minha mente. De repente, meu corpo ficou dormente. Assim que a dor diminuiu, um suspiro de alívio me escapou. Se Majda estava me cortando, não me lembrava disso. Um peso foi tirado do meu peito, mas não foi o suficiente. Foi apenas uma ilusão.

É isso. Este é o fim.

Juntei o pouco de magia que me restava.

Pela última vez, entrei na mente do meu companheiro.

Te vejo do outro lado.

Minhas pálpebras ficaram mais pesadas até que não consegui mais mantê-las abertas. A única coisa de que me lembro antes de perder a consciência foi o grito de quebrar a Terra que veio do meu companheiro.

Rhysand

Pelo canto do olho, vi figuras se movendo apressadamente. Mor estendeu a mão para meu filho, que não fez um único som. Nenhum grito saiu de sua boquinha e nenhuma lágrima escorregou de seus olhos fechados. Foi o suficiente para mim saber que ele provavelmente não sobreviveria ao dia.

No entanto, era difícil me concentrar nisso quando não conseguia desviar o olhar de Feyre.

Eu mal ouvi Majda xingar quando minha parceira entrou em minha mente.

Te vejo do outro lado.

Mesmo através do vínculo, sua voz era baixa e fraca. Sua mão tatuada macia, que usava o anel da minha mãe, caiu mole na minha. Naquele momento, percebi que nunca mais sentiria seu toque suave novamente. Seus dedos nunca iriam deslizar em meu cabelo. Suas palmas não mais segurariam e acariciariam minhas bochechas para me acalmar dos pesadelos que me mantinham acordado à noite.

Os lábios pálidos da minha parceira se separaram e ela deu um último suspiro. Seu peito caiu e eu sabia que ela não estava mais respirando. O mundo parou de girar.

E quando a realização atingiu ---

Eu gritei.

Um grito que fez minha garganta rasgar. Minha família estremeceu com o som horrível que veio de mim. Mor segurou o bebê contra o peito de forma protetora, com a mão atrás da cabeça. Ela queria impedi-lo de ver seus pais morrerem.

"Feyre!"

Caindo da cadeira, caí diretamente de joelhos. Eu desmoronei contra a cama, ainda segurando a mão da minha parceira. Meu grito encheu a sala mais uma vez e implorei a quem quisesse ouvir. Orei para qualquer força superior que estivesse disposta a me conceder um milagre.

Então, me vi amaldiçoando as estrelas que não ouviam e meus sonhos sem resposta.

"Por favor por favor!" Eu implorei em meio às minhas lágrimas. "Acorde! Você não pode fazer isso comigo, Feyre. Você não pode!"

Uma segunda onda de pânico tomou conta de mim. A raiva se entrelaçou com a minha dor. Meus instintos primários assumiram. Majda a estava tocando, tentando salvá-la. Mas eu havia perdido todo o senso de razão.

"Afaste-se dela!" Eu gritei e me lancei em direção a minha parceira, envolvendo meu corpo protetoramente em torno do dela. "Não toque nela!"

Meus irmãos correram para me puxar de volta.

"Rhys!" Cassian gritou, praticamente me jogando no chão.

"Saia de perto de mim!" Eu gritei desesperadamente. "Deixe-me ir até ela! Ela precisa de mim!"

"Majda está apenas tentando salvá-la", Azriel me avisou com uma expressão severa. Os sifões de Cassian e Azriel estavam brilhando enquanto minha escuridão lutava contra eles. Seus dedos cravaram em meus braços, seu aperto mal me contendo. Meu coração parecia que tinha sido esfaqueado e sangrado.

Do outro lado da cama, Elain se levantou, apertando a mão de Feyre e implorando em meio às lágrimas para que ela segurasse. Amren olhou incrédula, murmurando o que eu só poderia presumir que fossem orações enquanto ela nervosamente brincava com o colar em seu pescoço.

"Fique conosco. Lute contra isso!", A voz de Majda se misturou aos gritos de todos.

De repente, meu foco mudou para Nesta, que não estava mais no canto da sala. Ela usava os três instrumentos ao mesmo tempo e caminhava em direção a Feyre.Ninguém jamais cedeu os três de uma vez. A possibilidade de que isso pudesse causar ainda mais danos a minha parceira me enviou ao limite.

Eu finalmente me livrei das garras de Cassian e Azriel. Os únicos pensamentos em minha mente eram os de Nesta machucando Feyre ainda mais. Seja propositalmente ou por acidente. Meus motivos eram claros enquanto me preparava para impedi-la. Exceto que, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ela levantou a mão, pedindo que eu confiasse nela. Eu congelei no lugar e observei, respirando pesadamente.

Ela começou a tocar cada corda da harpa.

Com a última corda puxada, o tempo congelou.