Prólogo

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A chuva era intensa, a grama
estava molhada e seu casaco de couro
marrom ensopado, as gotículas grossas
escorriam pelo seu rosto pálido,
balançava a cabeça de um lado para o
outro tirando todo o excesso de água
de seus cabelos negros. Havia certa
dor constante em seus olhos, negando
forças para ir a diante. Quanto mais
olhava por aquela campina molhada,
mas receio tinha de prosseguir.
Buscava inteiramente acreditar, que,
tudo que estava acontecendo em sua
vida não passava de um simples
desentendimento. Porém, no fundo,
mesmo negando, sabia que era real.
Olhou para seu braço esquerdo que
sangrava e doía. Uma dor
constantemente insuportável, mas que
provava mais uma vez, que o amor,
era injusto. Albert se sentia
inteiramente feliz por ter lutado até o
fim pelo seu amor verdadeiro, porém
que o que ela carregava na barriga era
ruim era mal. Duas crianças, gêmeos,
extremamente frutos proibidos era o
que sua amada, Isabeli carregava.
Sua respiração estava falha, deixou
que seu corpo caísse sobre a grama e
que assim pudesse respirar melhor. O
tempo estava chuvoso, mas não frio.
Porém uma onda de friagem tomou
conta do seu corpo fazendo com que
Albert se encolhesse.
Voltou a olhar para seu braço
machucado e sangrento. Suspirou e se
sentou na grama rasgando a barra da
sua calça preta e amarrou-o em seu
braço que sangrava. A mancha
transpassou o pano, mas não deixando
parecer sangue pelo pano cor preto.
Sentir medo não combinava com
sua personalidade. Albert sempre fora
destemido, determinado em suas
decisões. Aquele fora o único
momento em que ele, sentiu
verdadeiramente o medo subir as
espinhas.
– Albert! – gritou a loira de olhos
extremamente claros de longe. Albert
se levantou com muita dificuldade,
ficando frente a frente com a loira,
Isabeli para ser mais especifica.
Isabeli, sua amada. O vestido preto
intenso todo rasgado, e as marcas com
cortes fortes e intensos pelo rosto e
braço mostravam que ela lutou por
algo bravamente. Os olhos caídos e as
olheiras profundas mostravam
perfeitamente como andava cansada.
– Você precisa tira-los, Isabeli! –
Albert disse com muita dificuldade,
mas sabia que era preciso.
– São meus bebês, não posso fazer
isso Albert! – ela passou a mão
levemente sobre a barriga
acariciando-a com grande tristeza.
– Isabeli... – Albert retirou a mecha
de cabelo que caía sobre seus olhos
azuis e os ajeitou atrás da orelha. –
Você está correndo grande perigo! –
ele segurou a face da mulher com
cautela e a puxou para perto de si lhe
dando um beijo profundo no centro da
testa.
– Eu não me importo! – berrou – eu
quero meus bebês e nem você e nem
ninguém poderá me impedir! – ela
retirou as mãos grossas de Albert de
seu rosto brutalmente. – Albert
suspirou demonstrando o cansaço.
– Tudo bem Isabeli, se é o que você
quer. Mas você sabe que pagará por
isso e pagará caro!
– Eu sei... – as lágrimas grossas
escorreram face abaixo se misturando
as gotículas grandes da chuva. – Mas
não me importo.
Os dois se entreolharam, e olharam
para a barriga de Isabeli e seus lábios
se levantaram em um sorriso satisfeito,
apesar de tudo. O céu se escureceu
ainda mais, fazendo que ambos
percebessem que alguém lá em cima
não estava feliz.
– É hora de irmos! Temos que sair
daqui! – Albert segurou a mão de
Isabeli fortemente a puxando para que
corressem o mais rápido que
pudessem. Ele segurava fortemente
sua mão, como se quisesse protegê-la.
Apesar de ambos estarem errados,
tinham uma certeza: Eles lutariam por
eles e pelos filhos que viriam no
futuro. Isabeli sabia qual seria seu
fim, Albert também. Mas ela tomou
essa decisão e Albert a apoiou.

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