XIV

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SAKURA

Eu corria sem conseguir enxergar nada na minha frente. As minhas lágrimas me cegavam e eu não conseguia parar de chorar.

Sempre era assim.

Eu só queria brincar no parquinho, e me divertir. Mas como sempre, as outras crianças implicavam comigo.

Por causa do meu cabelo de cor estranha e a minha testa grande.

Tentei afastar novamente a franja que pinicava meus olhos molhados das lágrimas e grudava na minha testa suada de tanto correr.

Não consegui ver a tempo a pedra que estava no meu caminho e cai de cara no chão, por pouco não ralei o meu rosto, mas senti a palma das minhas duas mãos ardendo. Eu sentei e chorei mais.

Eu odiava, odiava a minha vida.

Por que eu tinha que ser tão esquisita? Por que eu não poderia ser igual as outras meninas com seus cabelos castanhos e testas proporcionais?

Eu abracei as minhas pernas e descansei o queixo nos joelhos. Alguns soluços escapavam e fiquei feliz por ter me afastado do parquinho.

Eles também implicam comigo por ser tão chorona.

- Oi - Ouvi uma voz me chamando porém ignorei. Tentei esconder o rosto para que não me visse. - Eu vi você caindo. Tá tudo bem? Quer que eu chame a professora?.

Olhei para a criança na minha frente e fiquei surpresa por constatar que era um menino. Ele também era estranho. Tinha a pele tão ou mais clara que a minha, o cabelo longo estava solto, e seus olhos eram de uma cor esquisita.

Ele sentou-se na minha frente.

- Você tá bem?. - O menino perguntou de novo e começou a olhar ansioso por cima dos ombros. Fiz que sim com a cabeça e sequei o meu rosto. Não estava mais chorando. - É você a menina de cabelo rosa.

Eu apenas o encarei. Será que ele vai me incomodar também?.

- Dizem que você não vem de nenhuma família ninja. - Ele continuou me olhando desconfiado. Senti as lágrimas enchendo os meus olhos novamente.

O menino olhou para o lado e pegou alguma coisa do chão que eu não consegui ver.

- Por que está chorando? Quer que eu chame a professora?. - Ele voltou a perguntar. Seu rosto já mostrando irritação.

- Não precisa. - Eu respondi baixinho olhando para as minhas mãos que sangravam. - Se a professora souber, vai lá brigar com eles, e amanhã será pior. - Eu digo com mais algumas lágrimas caindo.

- Tem alguém mexendo com você?. - Ele perguntou bravo. Eu apenas concordei. - Tudo bem. Sempre fazem isso comigo também.

- Fazem com você?. - Eu perguntei olhando para ele. O menino abriu um sorrisinho.

- Faziam... Eles me deixaram em paz. Agora eu sei o porquê, é de você que eles falam então.

Eu abaixei novamente a cabeça. Ficamos em silêncio um pouquinho e vi ele esticando a mão para mim.

- Olha... Não liga pra isso não. Tudo bem não ter família ninja, e tudo bem ter o cabelo rosa. É bem legal na verdade. - Ele disse sorrindo. - O seu cabelo parece essa flor, olha. - Ele me mostrou o que estava na mão dele. Era uma flor de cerejeira. Eu sorri.

O menino se levantou e ofereceu a mão para me ajudar. Fiquei olhando por um longo momento e aceitei.

- Eu preciso voltar para a minha aula... Como é o seu nome?. - Ele perguntou sorrindo.

Eu limpei as lágrimas da minha bochecha e tirei os cabelos dos meus olhos.

- Sakura Haruno. - Respondi baixinho.

- Muito prazer, Sakura. Eu sou Neji Hyuuga. - Ele falou com orgulho, me deu um tchauzinho tímido e correu em direção as salas de aula.

*

Foi assim que eu conheci Neji. Com uns oito anos, a primeira vez que alguém na Academia me tratou bem. Logo depois disso, conheci a Ino e nos tornamos amigas.

Quem diria que ambos, de uma maneira ou de outra, fariam parte da minha vida agora?

Depois do incentivo de Ino, eu vim para casa. E agora estou aqui, encarando Neji Hyuuga de frente, igual quando éramos crianças.

Ele não falou nada desde quando eu entrei no apartamento e eu também não disse. Estamos apenas nos encarando com a mesinha de centro no meio de nós dois.

O olhar dele me queimava, e eu sabia que se começássemos algo agora, não iríamos parar.

- Me desculpe pelo que aconteceu, Sakura-chan. Foi muita falta de respeito com você e com o seu trabalho. - Ele começou sem jeito.

- Tudo bem, a culpa também foi minha. - Eu respondi erguendo os ombros.

- Espero que a Ino não tenha pegado pesado com você. - Ele disse colocando as mãos no bolso da frente, chamando a minha atenção para toda aquela região.

"Olha o que você faz comigo, Sakura" me lembro dele ter colocado a minha mão em sua ereção.

Sinto meu corpo pegando fogo.

- Tudo bem. Na verdade, ela me incentivou a vir. - Eu disse direta. Seu rosto demonstrou surpresa com as minhas palavras e ele abriu um sorriso. - Desculpa, esqueci que você se machucou hoje... Como está se sentindo? Está com alguma dor?. - Eu perguntei preocupada. Que tipo de médica eu era afinal?.

- Está tudo bem, doutora. - Neji riu. - Você tem mãos tão leves... Nem parece que consegue abrir o chão quando está irritada.

Dessa vez eu ri alto. O clima pesado já se aliviando. Acabei soltando um ronquinho e coloquei a mão na boca. Droga!.

- Você é adorável! - Neji disse rindo de mim. Senti meu rosto queimar de tanta vergonha.

Ele se aproximou de mim até ficar a um braço de distância. Senti as minhas bochechas corando mas não desviei o olhar do dele. Comecei a me sentir ansiosa.

- Ino me falou que o que estamos fazendo não é errado. - Eu soltei de uma vez.

- Você acha que é errado? Porque eu nunca pensei isso. - Ele disse colocando uma mão em meu rosto e a outra na minha cintura, aproximando ainda mais os nossos corpos. As minhas mãos suavam e eu coloquei uma delas em seu ombro largo.

- Não sei o que pensar, Neji-kun... Eu só sei que no momento eu estou com o Sasuke-kun, mas eu quero ficar com você. - Eu disse sincera, nós dois sentindo o peso das minhas palavras.

- Eu quero você, Sakura... Tanto que chega a doer, mas não quero que você se arrependa de nada. Eu te respeito demais, acima de qualquer outro sentimento. - Ele diz e eu me sinto flutuar. Deito a minha bochecha em sua mão grande e quente, fecho os olhos aproveitando as palavras sempre doces e tão certas que ele fala pra mim.

Ficamos desse jeito por algum tempo, até que sinto o braço de Neji se estreitar ainda mais em minha cintura. Meu corpo queimava. Abro os meus olhos e vejo que o corpo dele parece reagir igual ao meu toque também.

- A-acho que você também é a minha perdição, Neji-kun. - Eu digo e vejo que isso era o que ele precisava.

Os lábios de Neji capturaram os meus daquela forma já conhecida. Parecia ser tão certo que eu me agarrei a ele, o abraçando com as minhas pernas e braços, e coração.

Ele sentou-se no sofá comigo em seu colo. Agora sim, não iríamos mais brincar. Eu iria me entregar e saltar, e torci com toda a minha alma para que Neji não soltasse a minha mão.

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Gostaram da mini Sakura e do mini Neji? Curta e me deixe saber se gostou 🤍✨

NEJISAKU | Laços do Destino (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora