Sabe, hoje eu me lembrei de você. Choveu a tarde inteira lá fora. A noite, combinei de encontrar a galera pra uns drinks. Desci as escadas com cuidado, segurando o corrimão e lembrei de como você sempre me dava as mãos pra me amparar e que eu não caísse. Hoje sua mão faltou. Hoje senti sua falta. Mas hoje eu segui sem você.
Eu sei que isso vai parecer mínimo pra qualquer outra pessoa, mas não pra mim. E sei que nós dois sabemos disso depois de tudo. Choveu a tarde inteira, mas aqui dentro está alagado há meses. Tudo submerso nesse mar que você abandonou. Não há mãos para me amparar agora. Não há corrimão para me ajudar. E eu preciso insistir sem você. Não se trata de mantra motivacional, e sim de uma noção de sobrevivência. Eu preciso seguir. Eu preciso aguentar.
Mas eu sinto falta disso, amor, de todos esses pequenos detalhes que fazem parte de nós dois. Esses pequenos pedaços de pão que marcaram nosso caminho até aqui, mas não nos levarão de volta um ao outro. É triste, mas poético. Se olharmos bem, até mesmo na dor, há beleza. Há detalhes, há corrimãos, há outras mãos aparecem. Mas não há você.