07 | muita sorte

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Eu chorei outra vez, dessa vez consolado pela minha mãe, embebedado pela minha própria angústia e a memória que tinha dos momentos com Kim Kibum. Não tinha muito tempo para tomar uma decisão justa. Omma até mesmo falou que poderia ficar numa casa de repouso para que eu pudesse me desafogar, mas eu jamais teria coragem de fazer isso --- estou apenas pagando de volta a vida que me deu e teve de viver por minha causa. Quando adormeceu, a coloquei em seu quarto, o silêncio da casa que consegui construir com a CALIO sustentava as paredes. Peguei o celular e chequei o Instagram de Kibum, tinham uns 300K de seguidores até.

Meu celular toca em tempo e quase o derrubo das mãos.

ㅡ Vem comigo, Jonghyun. ㅡ Ele me pediu, reto e objetivo.

ㅡ Kibum, é repentino demais, eu tenho que comprar passagem, arrumar as malas e deixar as coisas prontas para o cuidador da minha omma. ㅡ Suspirei, mas a ideia era uma grande possibilidade.

Haha, seu bobo, vem comigo no aeroporto. Eu tenho que te dizer adeus adequadamente.

ㅡ Para onde você está indo, Kibum? E-e quando? ㅡ Umedeci meus lábios.

Não muito longe... Apenas Londres. Eu tenho alguns desenhos de roupas e tenho inglês fluente. Talvez eu me dê bem por lá. Eu coloquei meu vôo para amanhã cedo.

ㅡ ... Manda a sua localização, a gente pode passar a noite juntos...

Assim que ele me ouviu dizer isso, ouvi Kibum arrecadar oxigênio, provavelmente satisfeito. Meu coração estava euforico, batendo adoidado. Fui com o carro até o seu apartamento, me contou que havia um para casos de rebeldia. Kibum só era dois anos mais novo do que eu e era muito mais esperto e determinado, ele tinha força de vontade e tem vivido muito do que se deve ter vivido, ao contrário de mim que desde a adolescência me estagno no mesmo lugar.

Ele aceitou minha companhia, tomamos vinho e sorrimos, ainda o ajudei a fazer as malas com uma angústia no coração. Os burburinhos nunca cessaram, as vendas nunca mais voltaram a ser realmente significativas, enfim, a CALIO estava indo pro buraco, e mesmo assim, transei com Kibum outra vez. Ele era terrívelmente bom de cama e eu era tão fraco pelos seus toques e carícias quanto a masculinidade do pai dele.

ㅡ Se a gente não for junto... ㅡ Ele falou com a voz sonolenta e encarando o teto. Eu estava de costas apoiando a cabeça no travesseiro. ㅡ Pelo menos, você viveu uma coisa diferente. ㅡ Sorri ladino. ㅡ Quantas vezes você ouviu falar de alguém se pegando na CALIO? Nenhuma, você fez história, Kim Jonghyun!

ㅡ E foi tão engraçado, Kibum, foi tão bom... Você acredita, eu não me arrependo. ㅡ Encarei o teto de novo. ㅡ Obrigado por entrar na mimha vida e abrir meus olhos dessa maneira. Cumpri com as expectativas de todo mundo por tanto tempo... Eu queria, muito, muito, fazer aquilo. ㅡ Kibum sorriu soprado e abraçou minha cintura, com um beijo morno em meu pescoço.

ㅡ E o que você está querendo fazer agora, hmn? ㅡ Mordiscou meu maxilar me causando um tremilique. Passei meu braço ao redor do seu ombro e sorri.

ㅡ Com certeza... Eu sei que não vou mais para a CALIO. Eu também me demiti. Liguei pedindo minha resignação no caminho para cá. ㅡ Os olhos de Kibum triplicaram de tamanho, ele avançou na minha cintura outra vez e me beijou de forma doce. Ficamos nos encarando, eu o presenteei com um sorriso verdadeiro.

ㅡ Agora estamos longe daquelas pessoas nojentas e você é um homem livre, Jonghyun! ㅡ Ele era fofo, parecia contente.

ㅡ Talvez eu encontre um sonho de ofício que eu nunca tive. Eu te desejo muita sorte, Kim Kibum.

Aquela fora a última noite que tivemos juntos, na verdade a última vez que nos vimos pessoalmente. Deixei Kibum no aeroporto, com um abraço morno. Decidimos continuar na amizade sem ultrapassar esse status. Ele fez muito sucesso fora da Coréia, torniu-se um modelo com muitos trabalhos publicitários e reconhecido mundialmente. Na última vez que chequei, o Insta tinha mais de 5Mi de seguidores, e em cada foto, Kibum parecia estar feliz. Nos falamos por vídeo-chamada algumas vezes, estava mais que comprovado que, quando é algo que a gente realmente gosta, o trabalho sai bem feito.

Já eu... Depois que saí da Cake Like Oxygen, tratei de curtir um pouco. Rodei o globo, não trabalhando ou em busca do sonho de ofício, mas apenas viajando e conhecendo pessoas novas. Entrando em contato com novas pessoas e vivendo loucas aventuras que o Jonghyun do passado nunca teria coragem de viver. E quando eu tive de me apegar a outro emprego, eu sabia muito bem onde me enfiar.

Eu começei a dar aula de canto para jovens em uma instituição local. Como diria Kim Kibum uma hora dessas, era a minha terna vocação. Eu amo cantar e estou sempre fazendo isso, mesmo que ninguém saiba. Música é minha verdadeira paixão e finalmente eu estava vivendo por ela e com ela, mesmo sendo trabalhoso era prazeroso e satisfatório. O sorriso e a calmaria voltou a instalar-se em meu rosto com ainda mais frequência.

A CALIO, apesar de suas dificuldades financeiras --- causadas por mim e Kibum ---, não fechou as portas totalmente, soube que estenderam a linha para além do ramo alimentício vendendo também cosméticos e produtos de perfurmaria. Apesar de tudo eu só podia desejar sucesso, pois meus amigos continuavam trabalhando lá, Taemin, Min Ho e Jinki. Talvez seja da vontade deles trabalharem lá. Minha mãe também parece se sentir melhor vivendo na casa de repouso. Também nunca havia reparado que, a usava como um pretexto para viver de forma medíocre, mas toda a dedicação que eu entregava para a empresa me deixava cada vez menos tempo em casa com ela. Ela está bem já que disfruta da companhia dos cuidadores e dos seus amigos com a mesma faixa etária. A visito sempre, ela é a pessoa a quem mais tenho apreço e amor do mundo.

E foi assim que, um funcionário preguiçoso que quase comeu todos os meus neurônios acabou por mudar toda a minha história de vida, mas que com certeza, para melhor. Talvez a gente se esbarre em algum outro momento, talvez a gente cause outra confusão, mas o bom é que nem eu nem ele nos arrependemos de ter uma índole selvagem. Kibum e eu sempre estaremos nos mexendo daqui em diante.






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FIM

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