Conforto (Shikaneji)

único

Os personagens tem 16 anos e estão em uma AU escolar. Não são ninjas, apenas adolescentes normais.

★Boa leitura★

∞∞∞

Shikamaru entra no quarto e vê Neji deitado em sua cama com a barriga para baixo, os cotovelos encostados no colchão e a cabeça apoiada nas mãos, com uma expressão calma e um pequeno sorriso ladino, provavelmente feito pelo livro que estava lendo. Vestia uma calça moletom cinza claro e uma blusa branca consideravelmente larga julgando pela manga esquerda que caia suavemente deixando o ombro exposto, pondo em Shikamaru um desejo de beijar a pele pálida. Suas pernas se moviam em um ritmo lento, para frente e para trás, demonstrando certo entusiasmo pelo livro.

Neji havia ido em sua casa de tarde, Shikamaru abriu a porta e o coração quebrou quando viu o Hyūga chorando, o mesmo precisava de apoio no momento, e Shikamaru não poderia dizer não ao ver lágrimas descendo pela pele pálida do garoto que tanto amava, por isso, não hesitou em pedir para o outro entrar, não havia dito o motivo de estar chorando, mas no momento não importava. Agora Neji já se encontrava mais calmo, Shikamaru queria perguntar o motivo dele estar daquele jeito quando chegou, mas tinha receio de que pudesse magoa-lo de alguma maneira ao perguntar, queria deixar o Hyūga o mais confortável possível.

Shikamaru odiava ver Neji triste. Prezava pela felicidade e calmaria do outro como se fosse a sua, toda vez que o via mal o Nara ficava nervoso, e acabava ficando triste também, sempre ajudou o Hyūga e era só ver um mínimo sorriso sincero na face do outro que a alma de Shikamaru se acalmava, os músculos relaxavam e o mal-humor ia embora com um suspiro aliviado. Fazia de tudo por ele, e estaria sempre com ele.
Poderia se chamar de cadelinha se não fosse extremamente vergonhoso.

Neji estava tão concentrado no livro que nem havia notado a presença de Shikamaru até sentir o colchão afundar de leve e virar a cabeça para o lado vendo que o motivo era o moreno que havia se sentado na ponta da cama.
O Hyūga fecha o livro certificando de marcar a página em que parou e se senta ao lado de Shikamaru.

-Se sente confortável para falar o que aconteceu? -Shikamaru pergunta meio receoso. Neji abaixa a cabeça com uma expressão derrotada. Não houve resposta. -Tudo bem, não precisa falar se não se sentir confortável.

-Eu me assumi pro meu tio. -Disse de uma vez, sentindo as lágrimas querendo voltar. -Eu só tenho mais dois dias em casa. -Os olhos já estavam marejados novamente. O Hyūga fecha o olhos e solta um longo suspiro na tentativa de se recompor, o que deu errado após lembrar dos gritos e xingamentos que levou do tio apenas por ser gay. Já estava chorando novamente, se sentia frágil.

-Neji... -Shikamaru o abraça tentando transmitir o máximo de conforto possível. -Ei, eu tô aqui. Eu vou te ajudar com tudo. -Neji retribui o abraço pondo a cabeça apoiada no ombro alheio, as mãos de Shikamaru percorrem o corpo do outro até chegarem em sua cintura, fortificando o abraço.

-Eu... Eu não quero voltar. Não quero olhar na cara dele. E-ele... Ele me expulsou de casa, me xingou, tudo por eu dizer a ele quem eu sou. Ele me chamou de aberração, disse que seria melhor se eu tivesse morrido junto de meu pai naquele acidente, disse que eu jamais teria uma família, que eu nunca iria me dar bem na vida... *Soluço* T-tudo por eu ser gay...

Shikamaru realmente não sabia como era a sensação, se assumiu para seus pais aos 13 anos e eles o apoiaram ao máximo, e até hoje mantém uma boa relação com os mais velhos, mas só de ver Neji daquele jeito imaginava que era uma sensação horrível, de abandono.
O Nara aperta mais o abraço dando um fim a mínima distância que ainda havia entre os garotos. Agora Neji estava praticamente sentado em seu colo, uma perna de cada lado do corpo, com a cabeça apoiada em seu ombro e os braços abraçando seu pescoço com força. Shikamaru tira uma das mãos da cintura do outro para lhe fazer carinho nos longos cabelos castanhos, não sabia o que dizer, mas no momento apenas gestos de carinho já eram o suficiente.