O contrato

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— Pelas barbas do meu avô!Ativei alguma coisa no chão.

— Anão pacóvio. — Avisei: "tome cuidado e olhe onde pisa". 

— Como eu ia adivinhar que tinha uma engenhoca daquelas?

Confesso que o pensamento estava longe, lá no Dragão desdentado, contando feitos de outrora.

— Ah! A estupidez da sua raça, trogloditas acéfalos. 

— Fui contratado para lutar, ser o músculo da missão. Farei valer o meu honorário. 

Um formigamento começa na base das minhas costas, aquela área de alívio, sobe pelo corpo e estende-se para os braços. É o que preciso. Meus machados entram em ação. 

Olho para o lado e minha "chefe", com seus poderes mágicos, mal consegue defender-se. Fez bem em me trazer. Nunca perdi um contratante. Bem, aquela vez que tentaram negociar o contrato no meio da missão não conta, ele teve o que merecia.

— Concentra-te Kandror. 

Quando tomado pelo fervor da batalha entro em fúria. Mas chamar isto de embate? Meia dúzia de trapos ambulantes. Quais as chances de eu, o grande Kandror, guerreiro renomado do anões tombar? 

 Mal termino de pensar e um farrapo me arremessa longe. Preciso parar de brincar. 

— Venha cá escanifre — falo enquanto espeto o machado, Parte crânios um, no tórax da múmia. 

 A clériga está com problemas. Endireito a postura e parto para as duas múmias de pé. Venço sem maiores problemas. 

Nem me vanglorio. Logo, vejo um novo grupo deles se aproximando. Vou ao encontro da minha companheira. Cerro as mãos nos cabos dos machados:

— A coisa está feia. Mas vou tirar você daqui. 

— Muito bem anão, tu és digno, não me abandonastes.

Com um meneio das mãos, ela faz as monstruosidades desaparecer.

— Quem diria, enfim, um anão digno de minha confiança. Tenho uma missão e pago cem vezes o seu peso em ouro. O que tens a dizer?

O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora