Epilogo

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Enquanto terminava a faculdade em Paris tive a oportunidade de estagiar em algumas galerias da cidade, e tive a grande sorte de no meu ultimo semestre um dos meus quadros ser escolhido como um dos principais para a exposição anual, com isso a dona de uma das melhores galerias de arte do país se interessou por mim, ou melhor, pela minha arte.

Tivemos uma conversa interessante e ela me contou dos vários compradores importantes e bem ricos que sempre procuravam algo de novo, e eu poderia ser o que eles procuravam, me senti realmente lisonjeada.

Minha especialidade se tornou paisagens, não só naturais como urbanas, havia me aperfeiçoado ao longo dos anos e agora poderia realmente trabalhar com isso, ao invés de só explicar para os ricos o por que eles deveriam comprar um quadro, como fazia no estágio, eu agora os faria.

Aceitei a oferta, a chefe me fazia conhecer o comprador, no começo somente franceses, conversava com eles sobre o que queriam, as vezes um lugar importante a eles, as vezes o lugar de uma viagem que os marcou, eles me contavam até mesmo sobre o porque de quererem aquela arte especifica, e eu ficava feliz em ajuda-los a tê-la.

O divertido era o fato de que eu tinha que realmente viajar até os lugares, para recriar em uma tela o que eu veria ali, em mistura ao que o comprador havia me dito, durante o primeiro ano que trabalhei ali fiz diversos quadros, viajando pelo país todo.

E então compradores maiores apareceram, querendo paisagens especificas, lugares específicos, e eu crescia no meio artístico, minhas viagens agora iam por toda a Europa, era bom, eu realmente gostava daquilo.

É claro que além dos quadros pedidos eu tinha um compromisso com a galeria, no meu contrato eles teriam cinco quadros meu por ano, em troca de me fazerem contato com os compradores, assim a maior parte do dinheiro com os compradores era meu, enquanto os quadros da galeria ficavam com ela.

Não me importava com o dinheiro, não quando fazia o que amava, começava a ganhar bem mais do que eu jamais imaginaria e ainda viajava a lugares incríveis, desde vilas antigas até paraísos escondidos da natureza.

Me lembro de um quadro em especifico até hoje, até porque ele me rendeu uma picada de uma aranha venenosa já que estava em uma trilha no meio de uma floresta, eu e o guia tivemos que voltar rápido para a cidade para que eu fosse tratada, lembro de ter sido assustador, naquele momento o pagamento teria que valer a pena.

Morava em um apartamento pequeno, tinha um ateliê bem planejado e uma vista para a Torre Eiffel, mas passava pouco tempo ali, alguns amigos que fiz até me perguntaram o por que de não ver fotos dos lugares ao invés de viajar até eles.

E bem, uma foto nunca vai capturar realmente tudo que se tem na paisagem.

Ver ela pessoalmente, buscar e saber de histórias que aconteceram ali, juntar os sentimentos com o lugar que pude ver como realmente é e conseguir transmitir isso na tela, era incrível, simplesmente uma foto me causaria a sensação que só reproduzi algo sem ter experienciado de verdade.

E convenhamos, se as pessoas que queriam as obras tinham dinheiro o suficiente para procurar uma pintura exclusiva, eles podiam me mandar, e preferiam assim, até minhas viagens.

Era feliz, realmente amava o que estava fazendo durante todos esses anos.

Agora já havia visitado inúmeros países, estava no fim do meu segundo passaporte e a caminho de um país no sudoeste da África, o que era consideravelmente perto considerando que já havia ido mais longe.

Me perguntava se algum dia algum trabalho me mandaria de novo para o Japão, não podia negar que sentia saudades de tudo que deixei para trás, mas não voltaria para lá, gostava de como estava agora, me sentia completa.

𝑺𝒕𝒂𝒓𝒈𝒂𝒛𝒊𝒏𝒈 - Miya AtsumuOnde histórias criam vida. Descubra agora