1. wild geese (and repenting)

4.4K 390 864
                                    





UA: oitavo ano em Hogwarts depois da guerra. AVISO: descrições de depressão e o Draco não estando com uma saúde mental muito boa nos primeiros momentos, por causa da guerra. essa é uma fic sobre conforto e recuperação, mas o começo é mais pesado.




Vincent Crabbe uma vez disse para Draco que o mundo não iria parar só para acomodar as lágrimas dele.

Draco sempre teve uma cabeça quente, uma língua afiada, um coração cruel: uma capacidade de ser naturalmente malvado que por muito ganhava da pouca capacidade dele de ser genuinamente bom, algo que ele herdou dos pais dele em seu nascimento e então poliu e cuidou e deixou crescer cada vez mais por dezessete anos. Afinal, o animal favorito dele sempre foi cobras e Draco sempre se orgulhou de cuspir veneno tão bem quanto elas.

No sétimo ano dele, muitas coisas terríveis foram faladas para Draco e muitas coisas terríveis deixaram a boca dele, até quando se tratava do próprio lado em que Draco estava. A tensão era alta. Todo mundo sentia ao menos um pouquinho de amargura direcionada a todo mundo e, presos naquele dormitório de repente pequeno demais, com pessoas sendo torturadas em cima das cabeças deles, sempre havia ao menos uma discussão acontecendo a cada segundo do dia. Draco disse coisas que iriam o assombrar pelo resto da vida dele e ouviu frases tão ruins quanto.

Entre todos os berros e Crucius e Avadas que foram viciosamente e constantemente jogados de um lado para o outro, nada o atingiu tanto quanto as brigas que Draco teve com Greg e Vincent, e nenhuma dessas brigas o mudou tanto quanto quando Vincent o olhou, mãos fechadas em punhos, olhos cerrados, rosto retorcido, e o disse, mais frio do que gelo, do que Lucius e Narcisa e o próprio Lord das Trevas:

"Essa guerra é bem maior do que você, Draco. Os seus pais mentiram. Você é um Malfoy, mas isso não importa, não no meio disso tudo, e o mundo não vai parar só para acomodar as suas lágrimas."

Três meses depois, Vincent morreu.

A guerra acabou e Draco sobreviveu, mas o melhor amigo dele tinha morrido bem em frente aos olhos dele, de uma das formas mais dolorosas e devagares de se morrer, e Draco sentia como se estivesse sufocando, como se estivesse morrendo também, e ele tinha que arranhar a garganta dele, tinha que a arranhar até estar sangrando e com carne nas unhas e ter arrancado toda a pele dele, ter aberto todo o pescoço dele, para conseguir levar ar até o cérebro, para conseguir só respirar e– e–

E o mundo não parou por nada disso.

Vincent não teve um funeral, porque não havia um corpo, e porque os únicos que receberam funerais foram os heróis, e no fim não importava para o Ministério que Vincent só tivesse 17 anos, apesar de tudo que ele tinha feito. Draco foi jogado de julgamento para julgamento para ainda mais um, sem um segundo de calma, e as varinhas dos Aurores pesaram contra o pescoço dele quase que 24 por dia, uma ameaça constante, depois que Lucius tentou fugir. Ele foi mantido em algemas.

Foi mantido longe dos pais dele.

A garganta de Draco estava entalada e rasgada e aberta para o mundo todo ver, e as unhas dele estavam sujas e quebradas, sangue estava pingando delas, se acumulando ao redor dos pés dele, manchando o chão de pedras com uma cor escura e quase preta. Era podre, mas ninguém conseguia ver nada disso a não ser Draco, e ele estava parado em frente a um juiz com olhos muito sem emoção que o anunciou livre mesmo enquanto os pés de Draco pesavam como âncoras e algo no coração dele, pequeno e pulsante e de uma cor vermelha dolorosa, implorava por um Beijo, porque era isso que ele sentia que merecia.

potions mess,   DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora