Capítulo 2

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O homem corria por entre as árvores, mantendo a respiração ofegante e passos pesados

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O homem corria por entre as árvores, mantendo a respiração ofegante e passos pesados. Não foi difícil para o jovem de armadura vermelha o cercar.

Suas espadas chocaram-se e o estrondo do metal foi ouvido. O homem caído ao chão lutava bem, mas não o suficiente. Após alguns minutos ele tinha a lamina da espada a poucos centímetros do seu pescoço. E a luta estava acabada.

—Eu ganhei – afirmou o príncipe Fonguer em estase.

—Príncipe Aron da dinastia Fonguer é o grande vencedor da batalha vermelha– uma voz anunciou por toda a floresta, gritos de alegria e felicitações foram ouvidos, aldeões e nobres saiam entre as árvores e vinham ao encontro dos finalistas. Todos cumprimentaram o herdeiro do trono Fonguer com palminhas nas costas e abraços desajeitados. A batalha vermelha era um evento Fonguer que ocorria a cada 20 anos onde 10 nobres tinham a chance de participar, a batalha acontecia na Floresta de Sangue, ela poderia durar semanas e só acabava com um vencedor. 

—Você foi bem Frederic! – palavras sinceras vindas do príncipe felicitaram o seu adversário.

—Mas parece que não o bastante pra vencer o futuro Rei do Norte não é – o Duque cuspiu as palavras amargas em um tom de deboche, mas seu primo não pareceu notar, apenas sorriu e continuou com a atenção nas diversas pessoas que vinham o saudar pela vitória.

18 anos tinham se passado desde a morte dos governantes da terra Tief. Seus corpos foram encontrados pela armada vermelha horas depois e serviram como aviso de que as terras do Sul tinham caído. 

O jovem príncipe que antes sonhava em governar e batalhar agora havia crescido e suas conquistas atravessavam os portões dourados do norte.

— Vossa alteza, – o guarda real reverenciou Aron – Precisamos voltar ao castelo.

— Tudo bem. – concordou – Onde está o Rei Euron? – perguntou checando as pessoas as sua volta.

— Ele foi convocado para uma reunião do conselho de guerra, mas logo retornará – o guarda não deu mais informações. 

O príncipe suspirou e acenou silenciosamente em confirmação. Enquanto ele seguia para o castelo seus pensamentos rodavam em sua cabeça. Ele esperava que o pai visse sua vitória na batalha vermelha, mas como tantas outras vezes, o rei se mantinha ocupado com a guerra.

—Aron – uma voz o chamou, uma moça loira o esperava na escadaria do castelo, os olhos verdes da donzela brilharam quando o príncipe se virou para encara-la.

A loira parou na frente do príncipe e o abraçou, sem reação com o ato inesperado o moreno não retribuiu o abraço, ela não pareceu se importar, apenas se sentiu grata por estar perto dele.

Com grande esforço a garota desfez o abraço e muito entusiasmada falou.

—Parabéns pela vitória, sabia que conseguiria ganhar, fiquei tão feliz por você – falava tudo rápido demais sem conseguir esconder o grande sorriso em seu rosto. 

—Obrigada Freya, mas porque estava torcendo pra mim? Seu irmão também estava competindo. 

Com certeza uma das virtudes do príncipe Fonguer não era a inteligência. 

Então quando as bochechas da jovem lady coraram ele não pensou o obvio. Ela gostava dele. 

—Ééé... é claro que eu estava torcendo para Frederic... para vocês dois é claro. Somos primos e você é o meu príncipe eu devo me manter leal a você é claro... – o nervosismo ficou evidente na voz da garota. 

Antes do príncipe ter a chance da palavra o gêmeo de Freya surgiu do mesmo caminho feito por Aron minutos atrás. Frederic assim como Aron mantinha as mesmas vestes que usará na batalha e a sujeira da floresta cobria seu rosto perfeitamente modelado. 

—Freya, vejo que veio dar as felicitações ao príncipe antes de falar comigo – e pela primeira vez naquele dia Aron percebeu o tom amargo das palavras ditas por Frederic. 

—Irmão me desculpe...- o nervosismo ainda se mantinha presente em Freya- eu não te encontrei depois da batalha.

—E veio me procurar no castelo? – seu irmão soltou uma pequena risada sarcástica. 

—Eu só...só pensei que estaria com Aron. 

—Tudo bem – cansou de escutar explicações- precisamos ir, Yari foi atacada.

A boca da garota abriu, mas antes de ter a chance de dizer qualquer coisa, o príncipe foi mais rápido.

—Yari? Na divisa com os Leifs? Como isso ocorreu? – o príncipe perguntava se aproximando de Frederic e deixando Freya para trás. 

Um riso abafado saiu do loiro. 

—Parece que não contam tudo para o herdeiro não é mesmo. 

A paciência de Aron não estava muito grande para ouvir os deboches vindo do seu primo, ele queria saber o que estava acontecendo e o porque ele não foi informado. 

Frederic só notou que tinha enfurecido o príncipe quando seus pés não alcançaram mais o chão e as mãos de Aron o agarravam para cima. 

—Fala. agora. Frederic. – disse pausadamente enquanto mantinha o maxilar travado e suas mãos suspendiam o corpo de Frederic. 

Após engolir em seco desconfortavelmente, o duque começou a falar. 

—Houve um ataque na cidade leste antes da muralha, mas ainda não sabem quem o causou, o rei e alguns soldados da armada vermelha estão indo para lá, é tudo que eu sei.

As mãos de Aron lentamente se soltaram do loiro. 

_Como os construtores conseguiram atacar? – perguntou Freya, que por alguns segundos tinha a presença esquecida pelos nobres a sua frente.

_Os Blishs não conseguiriam atravessar a muralha e atacar a cidade antes que o rei soubesse.- o príncipe afirmou.

_Foi alguém daqui, alguém do Norte. – concluiu Frederic.

_ Ninguém seria suicida o suficiente para isso – Aron afirmou com convicção.

_ O que a vossa alteza real acha que aconteceu então?– o deboche vindo de Frederic fazia parecer que ele havia esquecido que estava suspenso no ar poucos segundos atrás.

_Não tenho ideia do que aconteceu de fato, talvez esse ataque tenha sido apenas uma fofoca mal contada.– Aron disse descrente.

_Bom, só tem um jeito de descobrir.– Freya disse sentindo uma sensação de curiosidade crescer.

Os três se entreolharam por alguns segundos. A decisão estava tomada. 

Nascida sob a EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora