O homem corria por entre as árvores, mantendo a respiração ofegante e passos pesados. Não foi difícil para o jovem de armadura vermelha o cercar.
Suas espadas chocaram-se e o estrondo do metal foi ouvido. O homem caído ao chão lutava bem, mas não o suficiente. Após alguns minutos ele tinha a lamina da espada a poucos centímetros do seu pescoço. E a luta estava acabada.
—Eu ganhei – afirmou o príncipe Fonguer em estase.
—Príncipe Aron da dinastia Fonguer é o grande vencedor da batalha vermelha– uma voz anunciou por toda a floresta, gritos de alegria e felicitações foram ouvidos, aldeões e nobres saiam entre as árvores e vinham ao encontro dos finalistas. Todos cumprimentaram o herdeiro do trono Fonguer com palminhas nas costas e abraços desajeitados. A batalha vermelha era um evento Fonguer que ocorria a cada 20 anos onde 10 nobres tinham a chance de participar, a batalha acontecia na Floresta de Sangue, ela poderia durar semanas e só acabava com um vencedor.
—Você foi bem Frederic! – palavras sinceras vindas do príncipe felicitaram o seu adversário.
—Mas parece que não o bastante pra vencer o futuro Rei do Norte não é – o Duque cuspiu as palavras amargas em um tom de deboche, mas seu primo não pareceu notar, apenas sorriu e continuou com a atenção nas diversas pessoas que vinham o saudar pela vitória.
18 anos tinham se passado desde a morte dos governantes da terra Tief. Seus corpos foram encontrados pela armada vermelha horas depois e serviram como aviso de que as terras do Sul tinham caído.
O jovem príncipe que antes sonhava em governar e batalhar agora havia crescido e suas conquistas atravessavam os portões dourados do norte.
— Vossa alteza, – o guarda real reverenciou Aron – Precisamos voltar ao castelo.
— Tudo bem. – concordou – Onde está o Rei Euron? – perguntou checando as pessoas as sua volta.
— Ele foi convocado para uma reunião do conselho de guerra, mas logo retornará – o guarda não deu mais informações.
O príncipe suspirou e acenou silenciosamente em confirmação. Enquanto ele seguia para o castelo seus pensamentos rodavam em sua cabeça. Ele esperava que o pai visse sua vitória na batalha vermelha, mas como tantas outras vezes, o rei se mantinha ocupado com a guerra.
—Aron – uma voz o chamou, uma moça loira o esperava na escadaria do castelo, os olhos verdes da donzela brilharam quando o príncipe se virou para encara-la.
A loira parou na frente do príncipe e o abraçou, sem reação com o ato inesperado o moreno não retribuiu o abraço, ela não pareceu se importar, apenas se sentiu grata por estar perto dele.
Com grande esforço a garota desfez o abraço e muito entusiasmada falou.
—Parabéns pela vitória, sabia que conseguiria ganhar, fiquei tão feliz por você – falava tudo rápido demais sem conseguir esconder o grande sorriso em seu rosto.
—Obrigada Freya, mas porque estava torcendo pra mim? Seu irmão também estava competindo.
Com certeza uma das virtudes do príncipe Fonguer não era a inteligência.
Então quando as bochechas da jovem lady coraram ele não pensou o obvio. Ela gostava dele.
—Ééé... é claro que eu estava torcendo para Frederic... para vocês dois é claro. Somos primos e você é o meu príncipe eu devo me manter leal a você é claro... – o nervosismo ficou evidente na voz da garota.
Antes do príncipe ter a chance da palavra o gêmeo de Freya surgiu do mesmo caminho feito por Aron minutos atrás. Frederic assim como Aron mantinha as mesmas vestes que usará na batalha e a sujeira da floresta cobria seu rosto perfeitamente modelado.
—Freya, vejo que veio dar as felicitações ao príncipe antes de falar comigo – e pela primeira vez naquele dia Aron percebeu o tom amargo das palavras ditas por Frederic.
—Irmão me desculpe...- o nervosismo ainda se mantinha presente em Freya- eu não te encontrei depois da batalha.
—E veio me procurar no castelo? – seu irmão soltou uma pequena risada sarcástica.
—Eu só...só pensei que estaria com Aron.
—Tudo bem – cansou de escutar explicações- precisamos ir, Yari foi atacada.
A boca da garota abriu, mas antes de ter a chance de dizer qualquer coisa, o príncipe foi mais rápido.
—Yari? Na divisa com os Leifs? Como isso ocorreu? – o príncipe perguntava se aproximando de Frederic e deixando Freya para trás.
Um riso abafado saiu do loiro.
—Parece que não contam tudo para o herdeiro não é mesmo.
A paciência de Aron não estava muito grande para ouvir os deboches vindo do seu primo, ele queria saber o que estava acontecendo e o porque ele não foi informado.
Frederic só notou que tinha enfurecido o príncipe quando seus pés não alcançaram mais o chão e as mãos de Aron o agarravam para cima.
—Fala. agora. Frederic. – disse pausadamente enquanto mantinha o maxilar travado e suas mãos suspendiam o corpo de Frederic.
Após engolir em seco desconfortavelmente, o duque começou a falar.
—Houve um ataque na cidade leste antes da muralha, mas ainda não sabem quem o causou, o rei e alguns soldados da armada vermelha estão indo para lá, é tudo que eu sei.
As mãos de Aron lentamente se soltaram do loiro.
_Como os construtores conseguiram atacar? – perguntou Freya, que por alguns segundos tinha a presença esquecida pelos nobres a sua frente.
_Os Blishs não conseguiriam atravessar a muralha e atacar a cidade antes que o rei soubesse.- o príncipe afirmou.
_Foi alguém daqui, alguém do Norte. – concluiu Frederic.
_ Ninguém seria suicida o suficiente para isso – Aron afirmou com convicção.
_ O que a vossa alteza real acha que aconteceu então?– o deboche vindo de Frederic fazia parecer que ele havia esquecido que estava suspenso no ar poucos segundos atrás.
_Não tenho ideia do que aconteceu de fato, talvez esse ataque tenha sido apenas uma fofoca mal contada.– Aron disse descrente.
_Bom, só tem um jeito de descobrir.– Freya disse sentindo uma sensação de curiosidade crescer.
Os três se entreolharam por alguns segundos. A decisão estava tomada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nascida sob a Escuridão
FantasíaEm um mundo dividido por 4 raças supremas, evoluídas dos humanos e agraciadas com novas habilidades. Força, magia, habilidade psíquica e a construção. Aria é a descendente da raça Tief e a última esperança de acabar com a guerra que dura mil anos...