A morte é egoísta?

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Sempre tivemos uma rixa – ao menos ela pensava que sim.

Enquanto ela era egoísta para consumir as almas que eu cultivei, eu apenas aceito que elas não vão durar para sempre ao meu lado. Muitas me odeiam, e desejam essa que taxam de minha inimiga.

Eu a via como um mal necessário. Eu dou vida às flores, e ela as desabrocha quando os homens não cumprem seu papel de regá-las. Assim, eu sei que, sem ela, as sete bilhões de vidas não fazem sentido. Eu não faço sentido. Mesmo que ela pareça me odiar, eu aprecio seu trabalho.

A morte, que nem mesmo sexo tem, pode ser vista como parente. Para mim, não é uma relação familiar. Viemos de diferentes direções, programadas para diferentes funções. Como vida, não semeio somente a existência, e a morte experimenta dos sentimentos que eu também criei. Um ser maior quis que eu fosse a primeira criação para que ela, mesmo que tão mórbida, encontrasse um amor.

E por décadas, a verdadeira egoísta tem sido eu.

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