AUDIÊNCIA

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Eles atiravam em mim, na frente de todo mundo. Tiros de metralhadora não paravam de invadir minha matéria. Cada bala, feita de chumbo, cortava a minha carne e se alojava dentro do meu corpo. Já fazia 15 segundos que estavam me alvejando, meus braços cheios de ferro começavam a pesar e queimar tanto, que mal conseguia suportar o peso deles. Eu permanecia de pé, tombando minha postura aos poucos até não aguentar mais.

Infelizmente, não parecia que eu estava morrendo, de alguma forma só estava cheia de bala e viva, nenhuma me atravessava e saía. Conseguia sentir cada centímetro do meu corpo queimar quando finalmente cedi ao peso.

Já no chão, eles chegaram perto, observaram meus braços deformados (que mais se pareciam duas sacolas cheias de munição) e se sentaram ao meu redor. Eu estava caída de bruços, com o rosto de lado, não conseguia me mexer sem sentir uma dor pulsante. De repente meu sangue começou a sair pela boca e junto dele, bala por bala. Também saía pelo meu nariz e ouvidos. Eu gritava cada vez mais alto, me contorcendo, sentido aquele material se mexendo dentro da carne em direção a qualquer saída. Munição saía pelo meu ânus e pela vagina. 49 minutos depois, aquele processo lancinante terminou. Eles pegaram as balas, sujas de todo tipo de secreção e foram embora.

Não sei quem eles são, apenas permaneci deitada, todos continuavam olhando sem se mover até que se acostumaram com a visão e voltaram a programação normal.

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⏰ Última atualização: Sep 10, 2021 ⏰

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