O que eu faço?

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Notas iniciais:

Ô meu deus... isso aqui era pra ser uma outra one engraçadinha, mas a ideia acabou se estendendo além do meu controle e agora vai ter que ser assim kk

É a minha primeira história com foco colegial, então estou explorando águas desconhecidas, mas essa eu juro que vai ser pequena mesmo, entre 3 a 5 capítulos no máximo. Muito diálogo, muitas palavras, muitas cenas, melhor dividir isso aí.

Tomara que vocês gostem e me acompanhem em mais essa aventura <3

(E se gostarem não esqueçam de clicar na estrelinha e deixar um comentário)

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Sabe aquelas coisas em que já existe uma grande chance de dar errado desde o começo e por isso você evita, mais do que tudo? Como apresentar um trabalho que você não estudou o suficiente, pedir a palavra no meio de uma aula chata ou falar com a garota mais popular da escola?

Eu realmente evitava mais do que tudo. E, sinceramente, não tem nada demais. Mais do que autopreservação, eu acredito que é um comportamento de manada.

Quando a gente é criança a escola é o lugar mais legal do mundo, mas um belo dia a gente cresce, e aquele lugar bacana e colorido onde você ia para encontrar seus melhores amigos se transforma no inferno.

Até aí nada ótimo, mas esperado. Qualquer um que passe a vida assistindo seriados colegiais de procedência duvidosa e atores velhos demais para o papel sabe que não se pode adiar o inevitável.

A infância é divertida. A adolescência, complicada.

O que ninguém te conta é que você não cresce de um dia para o outro e entre os dois existe um limbo, onde você já não é tão facilmente enganável para acreditar em céu e nem tão confiante assim para sobreviver ao inferno.

Era onde eu me encontrava nesse exato momento.

São poucas as semanas de férias que separam o ensino fundamental do ensino médio e do jeito que saí eu voltei porque, que ridículo, quem muda tanto em poucos dias? A escola inteira, pelo visto.

Garotos ficaram super altos. Garotas começaram a pedir para sair da sala com mais frequência e demorar um tempo longo no banheiro. Uns caras mais velhos já tem barba falhada. Outros tem a cara coberta de espinhas e os lábios rachados de Roacutan.

Você olha ao redor e uns parecem q caíram no moedor de carne e foram cuspidos de volta, outros tomaram uma pílula de beleza digna de filtro de Instagram, e o resto sou eu, que continuo com a mesma cara redonda e corpo magricela de ensino fundamental. Se a competição já começou eu não consegui nem passar da largada ainda.

Desde o começo do ano eu tenho a impressão de que a ladeira está começando a chegar ao fim e acho que é aqui que a coisa começa a bifurcar, as mãos começam a se soltar e os grupos começam a surgir.

Os populares são como as lanchas, os delinquentes como jetskis e todo o resto dos alunos os banhistas. Você mergulha e nada, mergulha e se afoga, ou fica boiando no meio do oceano torcendo para não ser atingido por nenhum veículo desgovernado. Pelo menos, não com tanta força assim.

No meu caso essa era a opção mais segura. Também, graças a isso, eu estava prestes a terminar um ano escolar completamente a salvo de grandes expectativas.

Isso mesmo, mais um ano sem grupinhos rindo da minha cara, sem empurrões nos armários do corredor ou desenhos de pênis na minha carteira. Mas isso porque era fácil.

Era fácil rir quando amarravam as alças da minha mochila nas pernas da cadeira trinta e duas vezes, não era tão difícil escalar o armário para resgatar meu estojo da aba do ventilador e, uma hora ou outra, decidi que nem era tão ruim os chutes na minha mochila enquanto eu passava pelo corredor do ônibus em direção a porta.

O Crush do Papai [GaaLee]Onde histórias criam vida. Descubra agora