Como você pode?- Peter Pettigrew

219 24 6
                                    


  O rato corria pelas ruas, correndo tanto e sem se preocupar em desviar dos humanos que gritavam ao percebê-lo. Pouco importava o que se passava na cabeça de alguém ao ver um rato correndo desesperado pelas ruas, ele só precisava chegar a sua casa.

  Ele havia feito. Ele havia traído seus amigos, aqueles que lhe estenderam a mão, que lhe proporcionaram os melhores momentos de sua vida, ele os traiu. Ele não podia mostrar arrependimento, foi escolha dele fazer aquilo. Foi escolha dele seguir esse caminho, ele não tinha o menor direito de sentir remorso.

O alívio bateu em seu peito ao chegar na sala de casa e vê-la vazia. Ele seguiu até a cozinha e pegou um copo de água, tentando recuperar o fôlego. O sol já estava raiando, ele teria de ser rápido, não podiam suspeitar de que ele estava vivo de jeito nenhum. Depois de tomar sua água, secou o copo e o colocou de volta no lugar, pronto para se transformar novamente em rato, até que ele sente um braço o enforcar por trás.

O desespero tomou conta de Peter enquanto ele tentava se desvencilhar do ataque. Seria Lupin? Não, ele não estava em Londres quando o ataque aos Potter aconteceu. Seria Sirius? Não tinha como, Sirius foi preso por sua culpa minutos atrás, não tinha como ele ter vindo para cá sem os aurores em sua cola. Aurores... Ao se lembrar dessa palavra, o desespero tomou conta de seu ser, tentando se desvencilhar ao máximo. Ele se lembrou da única pessoa a qual ele esqueceu que existia.

S/N Black.

S/N era uma auror, havia entrado para o treinamento assim que se formou e logo se tornou espiã da Ordem da Fênix. Além de tudo, ela era a caçula de Sirius e Régulos Black. Eles haviam começado a namorar no quinto ano, não sabiam ao certo como os sentimentos começaram a nascer, mas acabou que ambos se apaixonaram. Sirius ficou feliz pelos dois, apesar de preferir que ela ficasse com Remus Lupin, que tinha uma quedinha pela caçula Black.

— Vai a algum lugar?— A voz ríspida ecoou pelos ouvidos de Peter, o medo se instalou completamente em seu organismo. No fim, Peter conseguiu se soltar, mas S/N colocou sua varinha em seu pescoço, o uniforme de auror da mulher confirmava que ela nem tinha ido para casa.

— E-Eu... por favor S/N, e-eu posso ex-explicar.

— Então ao invés de ficar gaguejando, explique-se.

  Os (C/S/O) brilhavam em fúria enquanto apontava a varinha para aquele que a minutos atrás, deixou de ser seu namorado. Ela não conseguia mais amá-lo depois do que ele fez. Não conseguia mais amá-lo quando a cena de Sirius à olhando e implorando por ajuda passava em sua mente sem parar. Não conseguia mais amá-lo a partir do momento em que viu os escombros da casa dos Potter, da casa de seus irmãos de coração, aqueles por quem ela daria a vida para proteger. Não conseguia mais amá-lo ao pensar que Harry, seu afilhado, havia perdido seus pais por culpa de seu ex-namorado.

  — Você não tinha como se explicar? Por que está calado até agora?

— Amor, eu...

Não me chame assim.— Ela retruca, a varinha encostando ainda mais no pescoço de Pettigrew.— Vá direto ao ponto ou eu mesma irei fazer o serviço que Sirius tanto quer fazer.

— S/N, e-ele tentou me matar... V-Você estava lá, viu toda a cena, a explosão e...

— DIGA A VERDADE!— Ela grita, fazendo Peter engolir em seco pela agressividade com a qual foi dirigido.— Você sabe que não se deve mentir para uma autoridade.

Peter fica em silêncio, pensando em como convencê-la de que ele era inocente, mesmo não sendo. Mas ele já foi considerado morto, como ele conseguiria virar o jogo? S/N já estava ficando sem paciência, então apenas lançou um incarcerous e o olhava enquanto se ajoelhava perante o feitiço.

— Você está com Voldermot, não está?

— Eu não tive escolha, S/N...

— Não teve escolha?— S/N riu, a varinha girando em seus dedos com tamanha habilidade enquanto alguns fios de seu cabelo (C/S/C) saltavam para fora, deixando o rabo de cavalo alto um pouco bagunçado.— NÃO TEVE ESCOLHA?!

— V-Você não sabe os truques dele, S/N, se estivesse... se estivesse em meu lugar, me entenderia.

— Você teve escolha, Peter, você sabe que teve escolha.— Seu tom de voz era ríspido, baixo, magoado, uma mistura de todos esses sentimentos.— A partir do momento em que você pensou em procurar Voldermot, você teve escolha. Quando você soube que Lily estava grávida, você teve escolha. Quando você foi escolhido para ser o fiel, você teve escolha.— Ela suspira, contendo as lágrimas que insistiam em querer cair.— E mesmo assim, você fez as escolhas erradas.

  — S/N, por favor, me deixe explicar...— Ele tenta falar, as lágrimas derramando ao ver que não tinha escapatória, mas foi interrompido por um tapa na cara vindo de S/N.

— Explicar? Explicar o que? Todas as vezes que eu te dei a chance de explicar, você ficou calado, derramando essas lágrimas de crocodilo para tentar me convencer de algo que não tem como ser explicado.— Ela o rodeia.— Agora me diga, você fez tudo isso a troco de que? Você achou que ganharia o que no lado dele? Proteção? Poder?

— S/N...— Mais um tapa foi dado em seu rosto, as lágrimas ardiam ainda mais ao descer pelo rosto dolorido.

— DÁ PRA VOCÊ PARAR DE TENTAR SE JUSTIFICAR? VOCÊ SABE QUE NÃO VAI SE SAFAR!— Ela grita, as lágrimas sendo derramadas junto da fúria.— Como você pode? Você nos traiu, matou James e Lily, você por acaso parou pra pensar em como o Harry vai sofrer sem os pais?— Ela ri de novo, as lágrimas caindo em seu uniforme e distintivo.— Como você pode pensar apenas em si? Não se importou em como eu ficaria, fez meu irmão ser preso, não se importou com nada exceto em você.

— Por favor S/N, eu não queria...— Ele sussurra, a voz embargada enquanto olhava para a auror, suplicando por misericórdia.

— SIM PETER, VOCÊ QUERIA, VOCÊ QUIS!— Ela grita de novo, apontando a varinha para ele.— VOCÊ É UM COVARDE, É ISSO QUE VOCÊ SEMPRE FOI!— Ela não se preocupa com o volume de seus gritos, era bom que ouvissem.— EU AGORA VEJO QUE VOCÊ SÓ SE ESGUEIRA NOS PODEROSOS PORQUE SABE QUE VOCÊ NÃO TEM ONDE CAIR MORTO!

Aquelas palavras doeram em Peter, não por causa do tom ofensivo que elas possuíam, mas porque eram verdade. Se não fosse os marotos, ele provavelmente não seria um dos valentões, e sim provavelmente um dos alvos. Se não fosse S/N, provavelmente ele nunca conseguiria namorar com alguém ou conhecer o amor, isso se é que ele o conhecia. Ele foi para o lado de Voldermot apenas porque era isso o que ele sempre fazia, era um parasita que sempre visava qual lhe seria mais vantajoso, era como uma criança que sempre se escondia atrás dos pais quando algo lhe ameaçava, era isso que ele era.

— Queime no inferno, Pettigrew.— S/N se afasta e conjura um patrono, o que chama todos os aurores, para o desespero de Peter.

Não demorou muito e os aurores chegaram, completamente confusos e chocados em ver Pettigrew ali, amarrado e vivo. S/N dá a ordem para eles lhe segurarem, o olhar desesperado de Peter para a auror. Em contra partida, S/N estava com um rosto impassível, um olhar frio e enojado lhe era dirigido, as lágrimas sendo controladas por ela. Como se fossem facadas, S/N profere as palavras que fazem Pettigrew gritar, chorar e se espernear.

— Peter Pettigrew, você está preso em nome do Ministério da Magia.

Imagines Harry PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora